Corte de Sombras e esperanças -Nessian

Capítulo 40

Uma estrutura de mármore escuro que parece reluzir com um brilho etéreo, como se tivesse capturado fragmentos do próprio céu noturno. As torres se elevam, e cada uma parece se dissolver nas sombras da noite, iluminadas apenas pelas estrelas que refletem nas janelas de vidro esfumado. Pequenas esferas de luz flutuam em intervalos ao longo dos corredores, uma luz suave e misteriosa que nunca chega a ser plena, mantendo um véu de penumbra em toda parte.

A entrada é majestosa. Portas enormes e intrinsecamente esculpidas, em um tom profundo de ônix, abrem-se devagar, revelando um tapete vermelho que se estende do portal até o trono, atravessando o vasto salão principal. Ao redor, colunas de obsidiana polida capturam e distorcem o brilho tênue da sala, criando reflexos que parecem dançar nas paredes como se fossem pedaços do céu. Tapeçarias com cenas antigas da história da Corte adornam as paredes, em tons de prata, violeta e preto, tecidas com fios metálicos que cintilam quando os candelabros oscilam.

Feyre e Rhysand ficam lado a lado, Feyre com um vestido negro que parece fluir como água em volta dela, enfeitado com pequenos cristais que brilham como estrelas. Rhysand, em uma túnica elegante, veste o mesmo ar imponente e etéreo, sua presença quase sobre-humana. Ao pisarem no tapete, o salão cai em completo silêncio; súditos e convidados da Corte Noturna se alinham ao longo do caminho, baixando a cabeça em respeito e saudação.

"Você não perde a chance de luxar" -Feyre sussurra na mente do marido que ri em sua mente.

"Feyre, querida... se não for para fazer isso, não terá graça" 

Ambos sentam em seus tronos, aqueles que não possuíam uma diferença de tamanho, provando que ambos eram do primeiro comando e exerciam funções iguais.

Após a entrada majestosa do casal real, um silêncio de reverência toma conta do salão. Todos os olhares se voltam para a figura que surge logo em seguida: Amren , a enigmática e temida conselheira de Rhysand e sua segunda no comando.

Com sua figura pequena e esguia, Amren caminha pelo tapete vermelho com passos silenciosos, quase etéreos, sua presença emanando uma aura de poder sombrio e ancestral. Sua pele bronzeada contrasta com o brilho das tochas, e seus olhos prateados, sempre em constante redemoinho como fumaça sob o vidro, fitam a multidão com uma intensidade que parece atravessar qualquer mortal ou imortal ali presente. Há algo quase sobrenatural no jeito que ela observa ao redor, como se enxergasse a essência de cada um, e os súditos desviam os olhos, sentindo o peso de seu poder incontrolável e desconhecido.

Amren se posiciona ao lado do trono de Rhysand com uma moda imperturbável, sua postura reta e os olhos prateados, sempre em movimento, fixos futuros. Como segunda no comando, a presença do seu lado do Grão-Senhor não é apenas uma demonstração de poder, mas também de lealdade inabalável e confiança mútua, construída ao longo dos anos. Ela é a política conselheira e a mão direita de Rhysand, e sua proximidade do trono representa não só sua posição elevada, mas também o respeito que ele nutre por ela.

"Olhe... eu não ficarei até o final da farra, quero garantir que tudo ocorra dentro dos conformes" -Amren resmunga na mente do Grão Senhor que já deduzia as reclamações. 

Ao tomar seu lugar, Amren não precisa de palavras ou gestos grandiosos para afirmar sua autoridade; sua simples presença transmite um aviso silencioso, uma energia ancestral e quase predatória que faz os súditos hesitarem em se aproximarem demais. Rhysand, por sua vez, sabe que ela é tanto seu escudo quanto sua espada invisível, um poder escondido em uma forma delicada e fraudulentamente frágil.

Amren permanece em seu posto, as mãos cruzadas à frente, analisando cada um dos presentes com um olhar que transparece tanto astúcia quanto mistério. Sua posição ao lado do trono é mais do que uma escolha estratégica: é a afirmação de que, para a Corte Noturna, o poder não se mede em tamanho, mas em sabedoria, experiência e força interior.