Capítulo 8

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Dulce Maria

Pousei a mão na barriga, um hábito que eu tinha adquirido desde que percebi um minúsculo volume no ventre.

Eu estava ansiosa enquanto esperava ao lado de Alexandra, que fez questão de mandar minha mãe ao mercado com o motorista, só para sair comigo sem que ela quisesse vir conosco. Agora eu estava ali, no consultório da Doutora Virginia apenas com a avó do bebê a tiracolo.

— Vê se não vai se apegar ao meu neto — Olhei para ela de repente com a testa franzida, sem entender o que ela falava, e quando desviou os olhos para a minha mão, notei que eu fazia movimentos circulares na barriga de forma inconsciente.

Os movimentos me acalmavam, mas aparentemente perto daquela mulher, eu teria que prestar atenção em tudo que fazia.

— O que a senhora quer que eu faça? Que não sinta?

Alexandra estalou a língua.

— Se fosse esperta, faria exatamente isso! Irá sofrer menos se admitir desde agora que essa criança nunca será sua!

Um arrepio correu pela minha espinha.

— Eu posso decidir essa parte sozinha, mas agradeço pela preocupação! — ela entortou a boca.

— Você só é boazinha perto da sua mãe, não é? A típica sonsa.

Bufei. Essa mulher estava começando a me irritar.

— Eu defendo o meu ponto estando perto ou longe da minha mãe. Se não é tão esperta para notar, eu sinto muito!

— Ora, sua atrevida, me chamou de bu...

— Dulce Maria Espinosa! — Meu nome foi chamado, me livrando de uma bronca da topetuda e eu levantei rápido, já tomando uma distância considerável dela.

Entrei no consultório da doutora, que sorriu para mim. Virgínia tinha uma versão deturpada da situação que me encontrava, uma que me incomodava profundamente.

Alexandra contou a mentira de que seu filho queria um bebê de uma pessoa pura, mas que não queria contato e por isso ela estava tomando conta de mim, só uma barriga de aluguel virgem e insignificante, que valia só o tempo de gerar o bebê.

— Olá, Dulce, nada de barriga ainda, pelo que vejo! — Dei um sorrisinho e neguei, sem graça. — Vamos ver se conseguimos ver o sexo do bebê? — concordei, torcendo para não descobrir nada. Não queria dar aquele gostinho para a bruaca da Alexandra. — Já tem algum nome em mente?

— Ah, eu tenho! — Alexandra já foi tomando a frente e a doutora ficou sem graça, provavelmente lembrando que eu era só a barriga de aluguel.

— E qual é? — Me deitei na cama e Virgínia subiu meu vestido e lambuzou minha barriga com o gel gelado.

— Se for menina, será Maria do Rosário. — Arregalei os olhos, ah, pobre criança. — E se for menino, terá o mesmo nome do meu filho. Ele será Christopher Junior. Eu sempre amei o significado dele!

— Deve ser muito bonito! — A doutora falou e Alexandra sorriu.

— E, é mesmo, significa Cristo, Ungido.  — Franzi o nariz, tudo naquele nome era soberbo. O filho dela devia ser um nojo igual a ela. — Meu Christopher é um homem exemplar, e tudo isso começa pelo nome!

— É um nome poderoso mesmo!

Enquanto elas falavam sobre nomes e o filho esnobe de Alexandra. Voei para outra realidade, uma em que eu teria o poder de escolher o nome do meu bebê e que ainda não tinha pensado em nada especial para chamá-lo, mas que logo decidiria, e seria o mais perfeito!

A VERDADE OCULTA DO MILIONÁRIOOnde histórias criam vida. Descubra agora