Capítulo 14

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Dulce Maria

Marchei para a cozinha como se fosse um soldado pronto para guerra, o que minha mãe estava fazendo?

— Mãe — Olhei para o recinto e não a vi. Então fui até seu quarto, bati e entrei, ela estava despreocupada mexendo no celular, desviou os olhos tranquila e sorriu

— Filha, parece um pouco alterada! — Bufei e cruzei os braços.

— O que a senhora está aprontando? — ela encenou levando a mão ao peito.

— Eu, aprontando? O que está insinuando? — até a voz dela era falsa, fiquei irritada e bati o pé no chão.

— Independente do Espedito não estar, poderia ter pedido a qualquer um para me levar... então me diga, o que está aprontando?

— Ah, não é óbvio? — Não, não era! — Já viu a forma que você olha para ele?

— Eu?

— Sim, você mesma, seus olhinhos brilham, filha, e pelo que pude reparar, os dele também! — Ia protestar, mas ela continuou — Ele pode ser o que precisa para ficar com sua filha, se vocês se conhecerem melhor, se ele ver o quanto é linda por dentro e por fora, vocês podem juntos cuidar desse bebê...

Comecei a negar e ri rouca. Mamãe tinha enlouquecido.

— Mãe, ele vai me odiar quando descobrir sobre os termos pelos quais carrego essa criança!

Ela negou e sorriu.

— Eu discordo...

— O contrato nos prejudica...

— O que Alexandra vai fazer? Me desoperar?  Não seja tão inocente, minha filha! Você acredita muito facilmente naquela víbora. Mas a verdade é que ela não queria que se aproximasse de Christopher por um motivo... Ele pode desfazer tudo...

— E se estiver errada?

— Fugimos, de todos eles — Olhei cética pra minha mãe, ela tinha batido a cabeça, só podia ser isso!

— Mãe!

— Dulce minha filha, você pode ao menos tentar ser gentil com ele? Não custa e é possível que vocês realmente construam uma amizade linda. Talvez, não sejam mais que amigos, mas eu duvido que serão inimigos, até porque ele já parece bem disposto a ajudar sem saber que carrega sangue do sangue dele, imagine se soubesse?

Fiz um bico de desgosto.

— Só pensa nisso e vá dormir, estou indo fazer o mesmo! — gemi, eu não tinha aceitado nada daquilo.

Mas ela simplesmente levantou e me empurrou para fora do quarto, expulsando-me sem escolha de continuar reclamando.

Quando eu comecei a andar para o meu, ela disse:

— Aproveite o passeio em família! — virei para ela e rosnei, mamãe fechou a porta rindo.

Eu, no entanto, não estava achando nada daquilo engraçado.

[...]

No dia seguinte, quando Christopher apareceu na cozinha para tomar café eu já estava uma pilha de nervos. Sério, por que minha mãe tinha feito aquilo?

Tomamos café quietos, principalmente depois do que eu disse, Christopher não parecia muito afim de falar comigo e por mim, tudo bem...

Mas ao mesmo tempo não. Passei boas horas da noite revirando na cama pensando no que dona Blanca disse. E foi quando percebi que eu sentia falta das frases doidas da Anahí.

Respirei fundo e mexi na salada de frutas. A fome tinha ido embora.

— Você deveria comer tudo antes de sair... — ouvir a voz do Christopher de repente foi um pequeno choque e eu dei um leve pulinho no banco.

— Estou satisfeita, mas vou levar um pedaço de bolo e fruta, caso dê fome no caminho. — Sorri sem mostrar os dentes e ele deu um sorrisinho de lado, arregalei os olhos involuntariamente para o pulo que meu coração deu ao vê-lo dar aquele sorriso.

Meu Deus, tinha algo errado comigo.

— Certo, eu também estou satisfeito, o que acha de fazer uma marmita maior para caso eu também sinta fome? — Pisquei para tentar voltar a pensar com clareza.

— Claro, o que gosta de comer? — a forma maliciosa que a boca carnuda dele deu uma leve levantada, me fez morder os meus próprios lábios.

Engoli em seco, desviando os olhos daquela boca e encarei a salada de frutas.

— Tenho um gosto meio estranho, as vezes gosto de certas frutas e tem hora que não suporto nem o cheiro... — Ele ganhou novamente minha atenção com aquela informação, me fazendo perceber que eu queria saber mais dele. — Hoje, eu amo maçã, bolo de chocolate e suco de laranja. 

Fiz uma careta.

— Separado ou pretende comer essas coisas ao mesmo tempo?

Ele levou a mão ao queixo pensativo.

— Separado me parece menos enjoativo! — Abaixei a cabeça num sorriso.

— Preciso concordar que... Você tem mesmo um gosto estranho. — Ele deu de ombros e levantou do banquinho se afastando da ilha. Ele pegou seu prato e o levou para pia lavando. Fiz um bico, em todos os lugares em que minha mãe trabalhou a vida toda, nunca teve patrões tão estranhos.

Todos eles sem exceção eram gentis conosco, que somos as empregadas. Eles limpavam o que sujavam e ainda se ofereciam para favores. Devia ter algo muito errado com eles.

Christopher veio até mim e pegou meu copo de frutas, colocou um prato em cima e levou a geladeira.

— Não precisava...

— Você está parecendo meio preguiçosa e eu quero ir e voltar antes do temporal que a previsão do tempo está prometendo. — falou sério, ele parecia realmente preocupado com aquele fato. — Então levante sua bunda daí e vamos! — Ordenou e eu me senti um pouco contrariada.

— Não gosto muito que mandem em mim assim! — falei antes de pensar quem estava à minha frente e entortei a boca. Christopher riu alto e estendeu a mão.

— Certo, vou fazer diferente. — Olhei a mão estendida um pouco desconfiada, mas percebendo que ele estava esperando que eu colocasse a minha ali, achei indelicado deixá-lo no vácuo. — A senhorita poderia levar seu lindo bumbum até o carro por gentileza?

Ri com a forma gentil que falou e pulei do banco alto. Sentindo aquela mão quente aquecer a minha.

Quando não apresentei mais nenhuma resistência, Christopher me guiou, sem soltar minha mão.

Sem que eu me desse conta do que aquilo significava, senti meu coração se aquecer de uma forma que nunca tinha acontecido antes. Mas naquele momento, eu sequer desconfiei do motivo.

Eu apenas o deixei me levar daquele jeito, desejando que ele nunca mais soltasse minha mão.

A VERDADE OCULTA DO MILIONÁRIOOnde histórias criam vida. Descubra agora