Capítulo 22 - Paz

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"— Repita comigo, querida: Eu não vou aceitar uma vida que eu não mereço."

Eleanor

01:45 AM

Play:  War Of Hearts - Ruelle 

A vista em frente ao vulcão é linda, consigo o ver por completo daqui. O silêncio é tão palpável que tudo o que eu escuto é o vento e minha própria respiração. Esperando Umbra no terraço da mansão, me abraço, pois, a madrugada aqui é fria e úmida.

A demora da mulher é torturante para mim que apenas quer explicações claras do que é tudo isso. Menti para Zoe, e espero que, ao menos, tenha um motivo para isso.

— Esperou muito tempo? – a voz madura me faz sobressaltar do lugar, me assustando completamente. Coloco a mão no peito, apertando a minha blusa em angústia. — Desculpe se te assustei. – ela sorri e eu assenti levemente com a cabeça.

Me sinto tensa, engessada. Nunca tive um contato tão íntimo com Umbra, sequer sei da sua história. Bom... até agora. Assisto a mulher tomar um assento à minha frente e eu repito seu ato.

— Quando você veio até mim aquele dia... Eu sabia que devia te acolher. Olhei em teus olhos e tudo que vi foram os olhos mais opacos e sem vida do mundo. Assim como eu. – ela pontua calmamente enquanto eu desvio meu olhar.

O que essa maluca quer dizer com tudo isso?

Aperto os olhos, com raiva de estar tão afetada e confusa. Não estar no controle não é uma opção para pessoas como eu.

Respirando fundo, a encaro mais uma vez, desta vez com um pouco mais de coragem.

— O que é isso tudo? – questiono.

Ela desviou seu olhar do meu, por segundos. Pensando em como deveria responder a essa pergunta, provavelmente.

— Conforme eu te conheci, vi um potencial gigante em você. Os anos foram passando, e seus olhos já não eram mais tão sem vida... Estavam regados de ódio e desejavam vingança, assim como eu. – franzo as sobrancelhas, não entendendo o seu ponto. — "Isso", minha querida, é a minha vingança. Mas também pode ser a sua. – ela conclui, me entregando um sorriso brilhante.

Engulo seco, me escondendo dos seus olhos. Encolho os ombros, fingindo não entender o propósito desta conversa.

— Do que está falando? – questiono em um pigarro.

De olhos fechados, sinto seu olhar em mim. Só me viro para encarar a mulher quando ouço sua risada escabrosa.

A mulher é completamente louca...

Ao cessar da gargalhada, a polinésia me encara com o cotovelo apoiado nas suas pernas cruzadas.

— Eleanor, me diz... – ela ronrona – não em um sussurro, mas audivelmente. Tão audivelmente que estremeci. — O que você sentiu quando viu aquele homem?

Eu sabia que ela queria isso e eu não estarei dando a ela!

— Por que me chamou aqui, Umbra? – pergunto, entre dentes.

Zoe é minha filha. – Umbra tem pausas na fala. A mulher é invejável de tão elegante. Sua eloquência me atingiu, mas não tanto quanto o peso que suas palavras trouxeram consigo.

— O que? – repito, fraca.

Assisto a mulher sorrir. Talvez, por estar genuinamente feliz em finalmente dizer isso em voz alta.

— Zoe... é minha filha. – ela repete, desta vez, sua voz embarga e seu tom amolece completamente.

Encaro os olhos emocionados e nego. Nego fortemente.

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⏰ Última atualização: Nov 04 ⏰

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