Louis e os Bruxos olhavam os restos despedaçados dos sequestradores.
Sandman conjurara uma bola de fogo e brincava com ela, jogando-a de uma mão para outra, mas apesar disso, seu rosto rejuvenescido carregava uma expressão raivosa e vingativa. Sabri pegou um pedaço de fígado com a ponta dos dedos, enrugou o nariz e o deixou cair; inútil para ser usado na magia. Jabez chutou um coração para longe de seus pés, tão inútil quanto.
— O pior é que não dá pra aproveitar nada... — Sabri falou num muxoxo. Louis abriu e fechou as mãos diversas vezes.
— Eu falei que estávamos demorando muito para pegá-la. — balançou a cabeça, irritado. — Eles deviam tê-la levado para nós imediatamente. Enrolar tanto... — parou de falar quando Sabri parou diante de si. Podia ter sido escolhido por Savino para liderar a Guerra com sua morte e vencido a prova imposta para tal, mas Sabri ainda era o primeiro Bruxo.
O fato do garoto ser mais baixo que Louis não diminuía a autoridade do Bruxo.
— Ainda não tínhamos transporte para fora do país por negligência sua, Louis. Você sabe que portais para a Catedral demoram muito para abrir nas Américas. Tínhamos de sair com ela para outro país com mais portais e que demoram menos para abrir assim que a pegássemos, para ter tempo de corrompe-la enquanto esperávamos um portal. Pegá-la antes disso, corríamos o risco de ele encontrá-la ainda ontem, já que ele sabe onde você mora. Mesmo sendo no terreno de uma família; ele só não entrou ainda por não querer uma guerra no meio da cidade. Mas sem dúvida enviou alguém para falar com seus empregados para saber sobre alguma garota levada desacordada pra lá. Se você não tivesse demorado para preparar o transporte, já estaríamos longe daqui com ela. — a voz do garoto estava preenchida com raiva, e seu tom deixava claro que, se Louis não tomasse cuidado com o que falasse, Sabri ia mostrar sua face de Bruxo.
Jabez colocou-se entre os dois, estranhamente sério.
— Brigar entre nós não vai ajudar. Além disso, Sabri, você mesmo cuidou para que os sequestradores tivessem total cobertura de seus rastros. — olhou para o irmão e então para Louis. — Desconfio que quem contou o local para eles foi o mesmo Anjo que te impediu de hipnotizar Arely.
— Só pode ter sido ele... — ouviram Sandman se pronunciar pela primeira vez. Quando olharam, viram o Bruxo brincando de colocar fogo nas tripas dos homens mortos enquanto pegava um coração parcialmente inteiro. — Por causa desse fracasso, vai demorar até outra chance de capturá-la aparecer. Eles vão ficar mais atentos... Tenho certeza de que Adrien irá providenciar proteções espirituais, para nos impedir de descobrir onde ela está através do plano espiritual. Só nos resta assistir e esperar a ocasião certa. — esmagou o coração que estava em sua mão, até que ele entrasse em chamas que escapavam por entre seus dedos.
O cheiro de acre de carne queimada fez Louis torcer o nariz e sair antes dos Bruxos, deixando para eles a tarefa de se desfazerem dos restos humanos.
— Como aquelas coisas aconteceram com ela? — quem fez a pergunta foi Allan, sentado na mesa da cozinha de frente para Adrien, que bebia café quente. O herdeiro dos Carvalho ignorava a xícara diante dele, o cheiro o deixando enjoado por causa de como tinham encontrado Arely: seu estômago ainda se remexia só de lembrar, a ânsia de vômito subindo e só piorando com cheiros fortes. Ele não era o único que queria saber.
Antes de responder, o mais velho deixou a xícara em cima da mesa, cruzando os braços e se inclinando contra o encosto da cadeira, apoiando-a em apenas dois pés.
— Louis. Ele provavelmente entrou na mente dela e fez sabe-se lá o que. — fez uma pausa, começando a gesticular enquanto falava — Vejam bem, ferir alguém em sonhos "fere" o espírito, que é a nossa parte presente no mundo espiritual, que nos permite ter pressentimentos, sonhar e todo o mais. Só que Arely estava isolada, o espírito estava confinado ao plano material, ao corpo dela. Por causa disso, não apenas o espírito, mas a carne também foi ferida. Por isso os ferimentos... — fechou os olhos, jurando talvez pela centésima vez que Louis ia pagar por aquilo. Não havia dúvidas de que o Vampiro socara a garota: uma marca entre roxo e amarelo ganhara destaque em sua bochecha esquerda, o formato dos dedos finos do Vampiro contra a pele branca. A única coisa que ela poderia fazer para evitar perguntas – especialmente dos pais – era maquiagem. Muita maquiagem. Mesmo a capacidade de cura acelerada dos Mensageiros não adiantaria de muito, julgando que o corpo dela estava no limite devido ao coquetel de drogas e tortura mental.
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Arely A Mensageira - The War I
Werewolf"Você enfrentaria seus piores medos, se esse fosse o preço de sua sanidade?" Há milênios, a Guerra é travada. Uma Guerra que visa impedir que outro Inferno surja, devastando a vida e toda a criação. Por vezes, peças fundamentais à Guerra nascem entr...