"Canto alla vita
Alla sua bellezza
Ad ogni sua ferita
Ogni sua carezza"
"Canto à vida
À sua beleza
A toda as suas feridas
Toda as sua carícias."
(Canto Alla Vita – Giuseppe Dettori)
A porta se abriu, devagar. A moça de olhos verdes e cansados a encarou, aguardando Hayato entrar. Sabia que era o Observador Drachen. As vozes tinham lhe contado no instante em que ele chegara ao corredor.
- Você me enviou uma mensagem urgente, Elizabeth. – o Drachen sussurrou, fechando a porta atrás de si antes de mancar com a ajuda da bengala até a poltrona diante da Mensageira. – O que aconteceu?
Elizabeth lambeu os lábios secos e cruzou os braços com firmeza em torno de si mesma antes de falar, o olhar um pouco perdido.
- Tive uma visão, Hayato. Em cerca de quinhentos anos, nascerá uma Mensageira. A última. – virou o rosto para o Drachen, focalizando o olhar em seu rosto. – E nenhum Observador a encontrará. Estarão em ruínas. Estará prestes a enlouquecer quando chegar aos dezesseis anos, e Louis, o irmão gêmeo de Adrien, um Vampiro, a encontrará e a transformará numa Bruxa. E eles... Se amarão, de uma forma estranha, e trarão o Inferno sobre a Terra.
O Observador baixou o olhar de bronze derretido, algumas mechas do cabelo branco-puro se soltando da trança e caindo sobre o rosto exótico. Pensativo e sem dúvida alguma sentindo o peso de seus milhares de anos.
- Existe uma forma de impedir isso? De garantir que ela seja encontrada por um Observador? – a voz soou, parecendo vir de todo canto da sala de estudos. Ele devia estar abalado com a visão que ela tivera, para deixar que a própria magia influenciasse tanto o ambiente ao redor.
- Adrien. Ele precisa chegar até lá. E precisa ser eu a amaldiçoa-lo à eternidade. Meu espírito de Bruxo não fará a passagem enquanto a maldição não se completar. Garantirá que as coisas aconteçam. – deu uma pausa, sentindo os olhos marejarem. Quando voltou a falar, a voz tremia. – Mas preciso colocar outras coisas na maldição, ou Adrien provocará uma guerra entre Observadores e Clãs Lycans.
Hayato franziu as sobrancelhas, intrigado.
- Como ele seria capaz disso?
- Ele... Se apaixonará pela Mensageira. Mas, sem encontrar Louis num momento tão intenso, ela amará o herdeiro Alfa de um clã. E Adrien o matará, porque Lycans não foram feitos para a eternidade e esta o afetará muito, a ponto de ignorar o que deve ser feito. – Elizabeth murmurou, e cobriu a boca com a ponta dos dedos. Hayato viu os ombros sacudirem com um soluço mal contido.
- Você vai encontrar algo para contornar isso... – o Drachen murmurou de volta e estendeu uma das mãos para segurar a da Mensageira. Ela deu um pequeno sorriso de lábios, que logo murchou.
- Quer dizer que... Posso seguir com isso?
Foi a vez de Hayato sorrir, e apertou a mão que segurava antes de falar.
- Você é uma Mensageira, Elizabeth. Vocês nos lideram e ditam o melhor caminho a se seguir. Sem Mensageiros, todos ficam perdidos de como realmente agir na guerra. Não posso te proibir de fazer o que deve ser feito, e você não precisa de minha permissão. – respondeu, e soltou a mão fina.
A moça suspirou, apoiando as mãos no colo.
- Ninguém pode saber até que a maldição finde. E todos me odiarão por não saberem o que aconteceria sem minhas ações. – falou tristemente. – E precisa ser antes do casamento. Caso contrário, não terei forças para aceitar ser transformada em uma Bruxa.
- Eu saberei, e não te odiarei. – Hayato falou, a voz séria e cheia de propósito e algo de amargura.
O Drachen abriu e fechou as mãos em punhos diversas vezes. Ele sacrificara os filhos, tantos séculos atrás que já não tinha certeza de quanto tempo se passara. Elizabeth sacrificaria a si mesma. Quantos outros sacrifícios terríveis teriam de fazer em nome do mundo?
----------------------------------------------------------
Abriu os olhos castanho-chocolate, e antes que pudesse se impedir, começou a chorar. Elizabeth sacrificara a própria felicidade e a si mesma para que ela, Arely, tivesse a chance de se tornar uma Mensageira plena.
Mas será que ela seria capaz de fazer esse sacrifício realmente valer à pena?
"Canto alla vita
Canto a voce piena
A questo nostro viaggio
Che ancora ci incatena"
"Canto à vida
Doce e feroz
Para essa nossa viagem
Que ainda nos acorrenta"
(Canto Alla Vita – Giuseppe Dettori)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Arely A Mensageira - The War I
Hombres Lobo"Você enfrentaria seus piores medos, se esse fosse o preço de sua sanidade?" Há milênios, a Guerra é travada. Uma Guerra que visa impedir que outro Inferno surja, devastando a vida e toda a criação. Por vezes, peças fundamentais à Guerra nascem entr...