SER

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Bateram na porta com um ritmo característico, lento e metódico.

Sabri.

Louis ergueu a cabeça do livro — O Príncipe, de Maquiavel — e olhou na direção da entrada do quarto.

— Entre! — a porta se escancarou e o Bruxo andou na direção da poltrona onde Louis se acomodava. — Alguma novidade?

— Os demônios disseram que eles vão realizar o teste com Arely no fim de semana.

Louis fechou o livro e encarou Sabri, os olhos claros demais carregados de ansiedade.

Finalmente. A espera estava deixando-o agoniado, tanto quanto o fato de não conseguir mais se aproximar de Arely.

— Tem certeza?

Sabri girou os olhos com algo que ele julgou enfado.

— Claro que tenho, Louis. Sei controlar os demônios debaixo do meu comando. Agora, você disse que tinha um plano para quando o teste fosse ocorrer. Se importa em compartilhar agora?

O Vampiro sorriu de lado com algo de orgulho, antes de se levantar e jogar o livro em cima da cama. Cruzou as mãos nas costas de modo militar e se encaminhou para a saída do quarto, o Primeiro Bruxo logo atrás dele.

— Lembra que eu tentei dominar o subconsciente dela depois de apagar o Adrien das memórias dela?

Novamente o Bruxo girou os olhos.

— Claro que lembro. Você disse que Adrien te impediu, a salvou de morrer afogada no sonho provocado. — Sabri o encarou com um olhar enviesado. Se Louis tivesse sido mais cuidadoso quanto ao gêmeo, os problemas deles teriam terminado há tempos.

— Não foi por isso que falhou. Mesmo que ela tivesse se afogado... Não teria dado certo. — o Vampiro abriu a porta do escritório do qual tomara conta, depois que o padrasto se mudara definitivamente para uma das fazendas por influência de sua mãe. — Como você sabe, anoto tudo que encontro na mente de alguém que invado. Estava reanalisando o que vi na mente dela, antes do Anjo me expulsar.

Louis sentou-se à escrivaninha, apoiando os pés cruzados na mesa, ignorando a massa de papéis com anotações suas tentando entender o que se passara. Cruzou os dedos das mãos, os indicadores tocando a boca onde um sorriso esperto se mostrava.

— Então qual foi o problema? — Sabri sentou com as pernas cruzadas em posição de lótus na escrivaninha depois de empurrar alguns papeis para o lado, encarando o General com seriedade.

— O medo escolhido. Se afogar não é o maior medo dela.

As sobrancelhas do Bruxo se franziram. Louis ficou preocupado por um instante; Sabri estava com a mesma expressão de quando detestava ser enrolado. Era melhor apressar a explicação.

— Você invadiu a mente dela, todos os recantos. Como se enganou desse jeito?

— O problema é que ela própria acredita que se afogar é o seu maior medo. Mas não. Quando invadi a mente dela de novo, pouco antes do Anjo aparecer, peguei partes das interações dela com Adrien no plano espiritual. — abriu um sorriso cheio de dentes. — O maior medo dela está longe de estar relacionado à própria segurança.

Os olhos de Sabri brilharam com entendimento, endireitando a coluna.

— Se ela mesma não tem ideia do real pavor dela... — o Bruxo começou.

— O teste vai falhar. E conhecendo Adrien, ele vai se afastar por um tempo e dar à ela tempo para descobrir o maior medo, confiando na proteção dos clãs, e vai à Catedral. É quando vamos agir.

Arely A Mensageira - The War IOnde histórias criam vida. Descubra agora