— Você realmente quer sair hoje, Ly? — a voz de Arwen parecia um grunhido de insatisfação, encolhida contra Alexandre para tentar se aquecer mais. O inverno paulistano ainda não chegara ao auge, mas já era suficiente para fazê-la ter vontade de se encolher debaixo de um cobertor. De preferência, com Alexandre junto e uma bacia de pipocas com queijo e tempero sazon recém-saídas do fogo.
— Quero, Arwen! Agora chega de drama, to com saudades da Sílvya! — a garota, arrastando Ruby pelo braço logo à frente, usava botas e blusa forradas de lã e calças de um grosso veludo, mas apesar disso, suas bochechas e nariz geralmente pálidos estavam coloridos de vermelho.
Ruby e Alexandre riram com a pequena discussão que tinha se estendido desde a casa onde haviam se encontrado. Arwen queria se esconder na cama com uma bacia de pipocas em frente à TV e assistir comédias românticas baratas, aproveitando que tinha um mês de férias do trabalho de personal trainer numa academia e da faculdade de Educação Física. Arely queria arrastar o grupo para andar até a casa de Sílvya e depois voltar metade do caminho para ir até o Shopping Campo Limpo. Iam arrastar Natasha, mas a garota enviara uma mensagem de desculpas, avisando que tinha ido ao Shopping Morumbi com o novo namorado.
Arwen bufou enquanto o grupo virava por entre as ruas sinuosas e estreitas da região menos favorecida, casas simples, a maioria bem ajeitada, bares e mercados de bairro pontilhando os quarteirões, xingando a prima e mais uma vez desejando estar onde estavam quinze minutos atrás.
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Pararam, em parte surpresos, em parte descrentes, diante da casa simples de dois andares onde Sílvya vivia com os pais e o irmão autista de 10 anos desde que se conhecia por gente.
O motivo das reações diversas não era as paredes pintadas de azul-céu ou o portão preto e antigo da garagem. Era a Lamborghini Gallardo preta e lustrosa que estava parada na rua estreita, casas simples ao redor, algumas ainda sem reboco, se espremendo umas contras as outras em direção ao céu. Aquele cenário era, no mínimo, inusitado.
— Quem é o louco que trás um carro desses pra esse lugar? — a voz de Arely, pouco mais alta que um sussurro, foi a que teve coragem de falar o que quase todos estavam pensando. Os olhos castanhos pareciam dois pratos acima das bochechas vermelhas. Ruby e Arwen tinham expressões muito parecidas nos rostos.
Alexandre deu de ombros, andando na direção da casa, arrastando Arwen ao seu lado com o braço sobre seus ombros, erguendo uma das sobrancelhas para as jovens.
— Um Drachen que tem uns dez carros iguais, só mudando a cor e, talvez, o ano, que não liga se roubarem um ou dois. — as três garotas se entreolharam brevemente antes de Ruby e Arely forçarem seus pés a seguirem na direção da casa.
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A mãe de Sílvya, Rosa, os atendeu, girando a chave no cadeado do portão e o abrindo. Um cabelo loiro meio castanho em corte chanel e um par de olhos cor-de-mel saudou-os, sorridente, antes de sufocar Arely num abraço de urso. Ninguém diria que a mulher franzina e alguns centímetros mais baixa que Arely era capaz daquilo.
— Arely! Que bom que você veio! — em seguida, a vítima de seu abraço foi Arwen, que teve de se abaixar um pouco, e então Ruby — que ela podia não conhecer, mas, se estava com Arwen e Arely, devia ser uma ótima pessoa — e trocar um aperto de mão firme com Alexandre — mesmo que suas mãos finas que pareciam pertencer à uma pianista e não à uma dona de casa não cobrissem totalmente a enorme mão do Lycan, a força nelas o surpreendeu, ainda mais para uma humana.
A mulher agitada e ágil guiou-os casa adentro e os acomodou na cozinha. Rosa tirou um bolo de cenoura que estava no forno e o colocou junto com uma espátula no meio da mesa quadrada e de superfície de madeira cheia de marcas de copos, arranhões e canetas — Arely e Arwen encontraram num dos cantos a assinatura que elas mais Natasha e Sílvya tinham feito no início de sua amizade, um grande coração alado circulando os quatro nomes. Logo em seguida, ela se concentrou em esquentar leite e água para fazer o café enquanto tagarelava.
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Arely A Mensageira - The War I
Hombres Lobo"Você enfrentaria seus piores medos, se esse fosse o preço de sua sanidade?" Há milênios, a Guerra é travada. Uma Guerra que visa impedir que outro Inferno surja, devastando a vida e toda a criação. Por vezes, peças fundamentais à Guerra nascem entr...