Capítulo 6: Hannibal
Não era sempre que o renomado Dr. Hannibal Lecter se via em meio a compras de móveis, mas, como ele interpretava, o destino parecia conspirar para que cada detalhe fosse meticulosamente preparado. Em suas lojas de luxo preferidas, ele discutia planos com designers de interiores e arquitetos, envolvido em cada nuance. Tudo deveria ser perfeitamente planejado para aquele espaço: o galpão, por exemplo, seria transformado com casas de cachorro climatizadas e monitoradas, garantindo o conforto dos companheiros caninos de Will. Já o quintal também passaria por mudanças; Hannibal pretendia torná-lo um lugar harmonioso, um refúgio de conforto e beleza.
Dentro da casa, ele planejava um quarto decorado em tons suaves e femininos. O espaço ainda precisava dos acessórios certos — almofadas de tecidos finos, luminárias com acabamento delicado — mas, em breve, estaria pronto para receber sua pequena convidada. Contudo, a parte mais meticulosamente calculada do plano era o espaço de Will. Hannibal imaginava o closet perfeitamente organizado com novas roupas elegantes, escolhidas com o cuidado de quem entende a sutileza dos detalhes, e uma área específica para os equipamentos de pesca, dispostos como objetos de valor.
Cada item, cada móvel e cada escolha refletiam algo além de decoração; eram símbolos de controle e devoção velada. Hannibal era um planejador nato, e esse futuro que ele vislumbrava parecia mais próximo do que nunca. Para ele, cada peça já estava no tabuleiro — bastava aguardar o movimento certo para tornar aquele espaço o verdadeiro lar que ele imaginava para ambos.
Após um certo tempo e uma cuidadosa dedicação, Hannibal finalmente conseguiu convencer Will a acompanhá-lo a uma ópera. Seria a primeira vez que seu doce William se juntaria a ele em um evento público, um momento que Hannibal considerava com um prazer silencioso, como uma pequena vitória. Para persuadir Will, não foram suficientes apenas alguns almoços e jantares primorosamente planejados; ele precisou de paciência e de um toque de charme que só Hannibal sabia usar.
Beverly, sempre observadora, concordou em cuidar de Eloise naquela noite. Ela parecia perceber algo mais nas intenções de Hannibal, um interesse que ia além da mera amizade. Ainda assim, aceitou sem questionamentos, talvez pela própria afeição por Will e Eloise.
Agora, com o evento se aproximando, Hannibal traçava mentalmente os detalhes. Ele planejava encontrar a roupa ideal para Will, algo que estivesse à altura da alta sociedade e, ao mesmo tempo, refletisse o caráter único de seu acompanhante. Afinal, para ele, o traje seria mais do que uma formalidade — seria uma moldura elegante para uma noite que Hannibal já imaginava como uma pintura, com ambos em perfeita harmonia.
O alfaiate de confiança de Hannibal era uma senhora italiana, uma mestra das agulhas e do corte, que mantinha uma pequena e requintada butique escondida em um edifício de arquitetura histórica e singular. O prédio, pintado em tons suaves e elegantes, tinha um charme que evocava uma Itália de séculos passados. Nas vitrines e prateleiras de madeira escura, repousavam apenas as peças mais exclusivas, cada uma escolhida a dedo e trabalhada com precisão e elegância.
Hannibal, conhecido por seu apurado senso estético e rigor com a própria vestimenta, não aceitaria nada menos para Will. Ele sabia que, para tal ocasião, Will precisaria de algo mais refinado, que o destacasse e o tornasse parte daquela atmosfera de opulência e tradição. Conseguir as medidas exatas de Will fora um desafio intrigante; contudo, Hannibal, com seu olhar clínico e habilidades de observação afiadas, tinha passado tempo o suficiente estudando seu amigo para reunir uma boa noção de suas proporções.
As roupas encomendadas estavam sendo desenhadas com todo o cuidado e requinte possíveis — algo que refletisse a naturalidade de Will, mas elevasse sua presença. Para Hannibal, ver Will em trajes dignos daquele cenário seria como observar uma obra de arte finalmente concluída, e ele aguardava por esse momento com a expectativa de um artista que preparava sua maior exposição.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A taste for family
FanfictionWill Graham acredita que o destino gosta de brincar com ele, o que acontece quando sua mãe que o abandonou a tantos anos falece e deixa para ele a guarda de um bebê. Como as pessoas vão reagir? Como sua vida vai mudar? E o que o futuro reserva?