A taste for family

Mudanças

Capítulo 15: Mudanças

A cozinha de Will era modesta, simples, o completo oposto da grande e luxuosa cozinha de Hannibal. Não havia utensílios sofisticados ou ingredientes exóticos, mas ali havia algo que Will prezava muito mais: a tranquilidade em saber que não estava deixando a impecável casa de Hannibal uma bagunça. Ele sabia que introduzir a alimentação na vida de um bebê seria um desafio, mas fazer isso em sua casa tornava tudo um pouco mais íntimo, mesmo que significasse lidar com a bagunça inevitável.

Os livros sobre paternidade diziam que a introdução alimentar deveria ser gradual, com diferentes alimentos dispostos em pequenos pratos compartimentados para que o bebê pudesse explorar. Will seguiu as orientações, mas não estava totalmente preparado para o caos que vinha junto com o aprendizado. Eloise, sentada em sua cadeirinha alta, estava coberta de pedaços de legumes. Havia cenoura nos cabelos finos e encaracolados, brócolis caído em seu colo, e o chão à sua volta era uma verdadeira mistura de texturas e cores.

Will observava a cena, dividindo-se entre a vontade de rir da situação e a preocupação silenciosa de estar fazendo tudo certo. Ele estava exausto, mas havia algo no olhar concentrado de Eloise que aquecia seu coração. Cada tentativa desajeitada de levar comida à boca, cada expressão de surpresa ou de nojo, o fazia sentir um misto de orgulho e apreensão. Era incrível ver como, apesar da bagunça, ela estava aprendendo.

Do outro lado da cozinha, Hannibal observava a cena com um sorriso discreto. Para ele, aquilo era fascinante — ver o bebê explorando o mundo de forma tão simples e primal. Eloise, com a face concentrada e um brilho curioso no olhar, já havia progredido muito desde os primeiros dias. Agora, conseguia levar a comida à boca, mesmo que às vezes errasse o alvo. Seus dedinhos sujos de purê tentavam imitar os movimentos de Will com a colher, e Hannibal, sempre o observador atento, parecia apreciar cada pequeno detalhe dessa descoberta sensorial.

Will percebeu o olhar de Hannibal e, por um breve momento, suas preocupações deram lugar a uma leveza que ele não costumava sentir. Hannibal, que sempre fora tão meticuloso e controlado, parecia genuinamente se divertir com a cena. Isso surpreendia Will, mas ao mesmo tempo o reconfortava. Eles compartilhavam uma conexão única naquele instante, onde a simplicidade de um bebê tentando comer se transformava em um espetáculo íntimo, revelador.

Eloise, por sua vez, soltou uma gargalhada inesperada, encantada com a textura pegajosa da comida entre seus dedos. Will, finalmente cedendo ao impulso, riu também, permitindo-se relaxar um pouco, enquanto Hannibal, do outro lado, apenas observava com uma admiração silenciosa, seus olhos brilhando com algo que, para Will, ainda era um mistério.

— Ela parece estar gostando, meu amor — comentou Hannibal com um sorriso suave, os olhos atentos às reações de Eloise.

Will soltou uma risada, olhando para o bebê coberto de pedaços de legumes. — Acho que sim, se você levar em conta a quantidade de comida nela em vez de dentro dela.

Hannibal inclinou a cabeça levemente, seu sorriso se ampliando. — Ela está se saindo bem. Pense pelo lado positivo: é uma benção que isso tudo não seja molho de tomate.

Will arregalou os olhos em uma expressão exagerada de horror cômico. — Oh céus, nem me fale sobre isso. Não quero nem imaginar a bagunça! — Ele riu, balançando a cabeça, já visualizando o caos que seria.

Hannibal, sempre brincando com suas palavras, se aproximou de Will com uma expressão travessa. — Talvez devêssemos tentar molho de tomate na próxima vez. Ou quem sabe suco de frutas vermelhas... amoras? — Ele envolveu os braços ao redor de Will, o abraçando por trás, sua voz baixa e provocativa.

Will suspirou dramaticamente, mas não resistiu ao toque. — Você é um homem cruel, Hannibal. — Ele respondeu, voltando o abraço com um sorriso, sentindo o conforto inesperado daquela leve brincadeira, enquanto observava Eloise ainda explorando a comida, completamente alheia à troca entre os dois.