Crepúsculo dos Deuses: O Último Desafio

Capítulo 114 - Fendas do Desconhecido

Dumont prendeu a respiração ao sentir a mudança no ar. O olhar de Hórus era frio, penetrante, sem nenhum traço da serenidade de Rá. As penas escuras cintilavam em um tom sinistro, refletindo a ameaça que agora pairava sobre a arena. Dumont apertou os punhos, sentindo o poder do "Núcleo Radiante" pulsar em seu peito, e ativou os "Propulsores Luminosos" em suas pernas. Com um impulso rápido, ele se ergueu no ar, ganhando distância do novo adversário

Hórus o observou com um sorriso tênue, e então, em um movimento quase casual, ergueu uma asa. De súbito, o ar ao redor começou a ondular, e uma linha de luz intensa atravessou a arena em um rasgo fulminante - Rasgo na Aurora - A linha avançava em direção a Dumont como uma lâmina celestial, que crescia em intensidade até brilhar como o sol em seu auge

Dumont reagiu rapidamente, ajustando a intensidade dos propulsores nas asas da armadura, as Hélices do Progresso, para se esquivar. Ele se lançou para o lado, girando no ar para escapar do feixe de luz abrasador que quase o alcançou. A linha de destruição passou próxima, desintegrando pedaços do chão da arena

Sem perder tempo, Dumont ativou os Manipuladores da Ciência nos braços, criando um campo de força eletromagnético que o envolveu com uma barreira invisível. Ele voou diretamente em direção a Hórus, tentando se aproximar com uma sequência de socos poderosos, cada um carregado de energia das luvas reforçadas. Hórus bloqueava os golpes com movimentos ágeis e calculados, seus olhos antecipando cada movimento do adversário

A arena começou a se encher de uma nuvem escura que se agitava ao redor de Hórus - Tempestade dos Ciclos Mortos... - Fragmentos de estrelas mortas materializaram-se, girando em redemoinhos sombrios, formando uma tempestade de partículas, que se uniam como tornados de trevas. Eles se lançaram em direção a Dumont com força

Dumont viu a onda sombria se aproximando e elevou sua altitude rapidamente, ajustando as hélices para uma velocidade máxima. Ele se ergueu acima dos tornados, com a armadura emitindo um brilho intenso enquanto o Núcleo Radiante convertia a energia em calor e eletricidade. Ele lançou uma série de ataques de cima, socando o ar com precisão. Cada golpe direcionava uma onda de energia na direção de Hórus, que desviava para os lados e os golpes ricocheteavam no chão

Num momento de oportunidade, Dumont mergulhou direto em direção a Hórus, desferindo um soco energizado que atingiu seu oponente no peito com um impacto devastador. Hórus foi forçado a recuar alguns passos, mas seu sorriso sombrio apenas se intensificou. Ele então ergueu ambas as asas, que pareciam transmitir uma aura sombria

- Agora, experimente o vazio entre as realidades, humano. Dilaceração do Crepúsculo... - Linhas de energia começaram a se abrir ao redor da arena, rasgando o espaço em várias direções. Fendas cortavam o ar como janelas para outras dimensões, e cada uma parecia ter uma gravidade própria, puxando fragmentos do chão e da estrutura da arena. Dumont sentiu seu corpo ser atraído para as fendas, mas ativou todos os propulsores da armadura, resistindo à força enquanto se mantinha em movimento

Com uma manobra calculada, Dumont usou os propulsores das pernas para girar no ar, disparando em direção a Hórus. Ele contornava as fendas que se abriam ao seu redor, desviando por entre os rasgos dimensionais com uma habilidade impressionante. No instante em que se aproximou o suficiente, desferiu um golpe direto no rosto de Hórus com toda a energia restante na luva

O impacto fez Rá cuspir sangue, e o fez recuar novamente, mas, ao invés de desmoronar, o deus apenas riu. Seu corpo agora estava coberto por uma densa camada de energia escura, e as penas em suas asas estavam completamente negras, como se a própria noite tivesse se tornado uma extensão dele

Nos bastidores

Os pesquisadores observavam a luta em estado de absoluto choque. As telas de monitoramento tremeluziam, e cada fenda dimensional que surgia na arena enviava leituras incoerentes para os sistemas. Edison ajustou seus óculos rapidamente, tentando processar os dados que apareciam em uma sucessão frenética de números

- Isso... isso não é possível! - exclamou Tesla, os olhos arregalados - As fendas estão emitindo frequências que não existem em nosso espectro dimensional! Estamos falando de realidades além do nosso universo observável! -

Marie Curie deu um passo para trás, ainda encarando as telas - Essas rupturas... é como se estivessem despedaçando as leis da física que conhecemos - Ela apertou os lábios, assustada - Se Santos Dumont for puxado para dentro de uma dessas... ele pode simplesmente... deixar de existir -

Thomas Edison, geralmente confiante, estava imóvel. As luzes das telas refletiam em seu rosto pálido - Nunca vimos algo assim antes. Nem sequer em nossas simulações mais extremas... Hórus está brincando com forças que ultrapassam qualquer limite que possamos entender! Daqui pra frente... é somente com o Dumont... -

Tesla finalmente murmurou - Essa não é uma luta... é uma aniquilação -

Fim do capítulo