Eu estava realmente surpresa. Todos esses dias, ele sempre me pareceu responsável. Claro que no ensaio ele não apareceu, mas foi porque ele tinha algo importante para fazer.
Mas quem sou eu para julgar. Eu mesma sempre acordo atrasada, sempre.
- Ana ?!
Ele abriu o sorriso, meio surpreso e meio alegre por me ver.
- O que você está fazendo aqui? - perguntou vindo em minha direção.
- Vim ajudar a Dona Edna. - me forçei a falar de um modo indireto, mas não conseguir.
De repente a raiva que eu sentia do tal 'garoto assistente' passou. E quando ele me cumprimentou com um beijo no rosto, aí que eu esqueci de tudo mesmo.
- Pode voltar aqui, espertinho. - a Edna continuou. - Você não vai escapar não.
Nessa hora percebi que todos estavam olhando para a gente. A Jéssica e a Dona Edna de braços cruzados, como uma mãe que iria brigar com um filho que fizera arte. E o Lucas com cara fechada, não parava de balançar a cabeça negativamente.
Jonathan, Adriele e a Michele; da sala do banho - foi como eu chamei aquele lugar - ficaram olhando pela janela o que estava acontecendo.
- Desculpa tia, prometo que isso não vai acontecer novamente. - o Gustavo falou, juntando as duas mãos.
- Ah não, mãe. Você não vai liberar ele de novo, não é ?! - O Lucas se virou para sua mãe, que só fez um sinal com a mão direita para que ele esperasse.
Comecei a perceber, que o caso era mais sério do que eu pensava. O clima na naquele lugar era tenso, todos envolta do Gustavo, querendo uma explicação do atraso dele e pelo que me parecia, não era a primeira vez.
A Dona Edna o chamou até sua sala, que era no final do corredor, fechou a porta e a partir daí não soubemos de mais nada.
O Lucas e a Jéssica ficaram no balcão reclamando do acontecido. Eu por outro lado, estava alheia com tudo aquilo e só ficava lá ouvindo.
- Ela vai perdoar ele, você vai ver. - o Lucas falou com a Jéssica, me revelando um lado dele que eu não conhecia.
- Não duvido nada. - Jéssica concordou.
- Olá! Posso ajudar senhora? -
Fui fazer a única coisa que eu entendia naquele momento, atendi uma senhora que acabara de aparecer.
- Vim pegar meu pug.
- Só um momento. - A Jéssica saiu do balcão para pegar o animal no cercado.
Ficamos só eu e o Lucas no balcão, ele na parte exterior e eu dentro, sem saber o que fazer.
Era muito constrangedor estar alí, em meio uma discussão que eu não sabia de que lado estava.
- Desculpa por isso. - o Lucas começou. - É que meu primo está precisando saber, que nem tudo gira em torno dele, entende?!
Balancei a cabeça positivamente, só por educação. Eu não estava entendendo nada.
- Ele pensa, que pode chegar na hora que ele quiser em tudo e as pessoas ficarão esperando por ele. - ele continuou. - O pior, é que ele sempre sai ileso disso tudo. Todo mundo no final fica do lado dele e ele sabe disso.
Percebi que agora ele não estava somente falando comigo, estava desabafando com ele mesmo e eu estava lá parada sem saber o fazer e dizer.
Graças a Deus que minha mãe apareceu, não tinha momento melhor.
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Sou Crente... E daí?!
Ficção AdolescenteAna é uma garota de 17 anos super temente a Deus e comprometida com a igreja. Quando tudo estava aparentemente perfeito, ela ver sua vida mudar e com isso começa a encarar algumas questões típicas da sua idade.