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Dentro do carro estava meu pai no volante, minha mãe ao lado, minha irmãzinha Clara na cadeirinha e eu atrás! Todos fantasiados e conversando sobre as festas que já havíamos organizado para a igreja. Uma sessão nostalgia só. Risadas atrás de risadas que rapidamente foram interrompidas depois que estacionamos o carro.
- Ué gente! Será que ninguém chegou ainda? - falei. - Mas são oito horas, não são? Será que o nosso relógio está errado?
Todos olharam os celulares e as horas eram as mesmas. Peguei o meu e cliquei em contatos e depois 'Bia'. Enquanto chamava, fomos andando e entrando no salão.
- Eu heim! Estranho mesmo, talvez esqueceram alguma coisa e foram buscar. - meu pai falou.
A Bia não atendia. Como estava tudo escuro, fui no interruptor para ligar a luz, assim ficariamos lá esperando alguém chegar.
TIC. Liguei...
SURPREEESAAAAAAA!!!!!
E lá estavam eles, um monte de gente fantasiada começou a gritar e a jogar confetes. Confesso que tomei o maior susto. Imagina, do nada aparece um monte de gente mascarada. Susto é a mínima coisa que você pode levar.
Olhei para os lados e vi um monte de cartazes misturado com a decoração: "VAMOS SENTIR A FALTA DE VOCÊS, ANA E FAMÍLIA!" ,"BOA VIAGEM" ,"DEUS ABENÇOE VOCÊS" , entre vários outros.
Coloquei as mãos no coração, e dei aquele sorriso amarelo depois de levar um susto enorme. Algumas pessoas tiram fotos e com certeza eu fiquei com uma cara horrível de assustada.
Duas pessoas fantasiadas de egípcia e índia se aproximaram e me abraçaram. Era a Bia e a Diana. Depois meus pais e mais um monte de gente. Virou aquele montinho em cima de mim.
Não conseguir segurar e comecei a chorar.
Só depois que todos se afastaram, limpei as lágrimas e olhei para as duas como se dissesse "como vocês fazem uma coisa dessa comigo?". Elas sincronizadas, sorrindo, apontaram para os meus pais que balançaram os ombros, como se fossem somente vítimas.
De repente alguém lá no fundo começou a gritar:
-Discurso, discurso, discurso!
Que depois foi acompanhado pelo resto do pessoal que estavam na festa. Se tem uma coisa, por incrível que pareça, que eu não gosto de fazer, é discurso. Ou eu choro, ou eu embaralho as palavras... resumindo, não dar certo. Mas lá vamos nós né?! Respirei e falei.
- Primeiramente, que susto que eu levei. Espero que ninguém tenha filmado... - Todos riram e o Douglas balançou sua câmera no alto (nãão) - Agora a loucura que eu passei hoje faz todo sentido...
Olhei para a Bia e para Diana. Obrigada, por tudo de bom, que vocês nos proporcionram aqui, desde quando nasci esta igreja sempre nos abençoou...
Comecei a chorar.
-...Nunca vou esquecer de todos os momentos felizes e tristes que passei nesta cidadezinha. Das festas, dos cultos, das celulas, dos retiros....
Falei sorrindo. Olhei para o lado onde estavam os jovens e parecia que eles estavam recordando das mesmas maluquisses que eu. Começaram a sorrir e a cochichar uns com os outros como se estivessem relembrando de algum momento.
- Prometo que vou guardar todos vocês no meu coração... - Agora o choro foi maior que as palavras e não deu pra continuar.
As meninas me abraçaram mais uma vez. Meus pais também fizeram seus discursos de agradecimento, algumas pessoas falaram, o pastor orou e um monte de gente chorou.
- Agora vamos nos divertir um pouco não é, gente! - falei depois que os discursos acabaram. Apontei para o Dj e ele ligou o som. Sempre quis fazer isso!!!
Depois de cumprimentar várias pessoas que estavam alí, fui para o banheiro retocar a maquiagem, que deve está horrível, por causa do chororô. As meninas foram junto comigo, aproveitei assim para 'tirar satisfação' com elas.
- Vocês são demais! - falei.
As duas fizeram aquele sorriso de crianças que aprontaram.
- Vocês me enrolaram direitinho. - continuei.
- Não foi fácil ligar pra todo mundo hoje não. - a Diana falou.
- Verdade! Quando Seu Carlos falou que já estavam indo buscar os refrigerantes, entramos em desespero aqui, nem tinhamos terminado de colocar os cartazes.- Bia.
Elas fizeram Carlos, um irmão da igreja, rodar por toda a cidade fingindo que tinham que buscar mais alguma coisa.
- Pra quantas pessoas vocês ligaram? - perguntei curiosa.
- Deixa eu ver. - a Bia olhou para o teto para mostrar que estava pensando. - Ligamos para sua mãe de manhã e pedimos para ela te enrolar um pouco...
- Aí, ela desligou o meu celular. Acordei tão assustada que quase caí da escada! - falei enquanto me via no espelho. - Se eu morresse a culpa era de vocês.
Parei o que estava fazendo e dei uma breve encarada nas duas, que não paravam de dar risada.
- Nesta parte não temos nada a ver. Ligamos também para o dono da loja onde vende os refrigerantes. - A Diana completou segurando o riso.
- Foi quando eu aprendi o que é paciência, esperando o ônibus e depois o dono me passar os refrigerantes e ele falar que eles estavam no bairro Itabira. - continuei. (É um bairro super longe!)
- Isso daí foi culpa da Diana.
- Ué! Precisavamos de mais tempo.
-Depois ligamos para o Seu Carlos e só!
- Só!? Quase morri desidratada só pra subi aquele morro. - falei.
Elas riram mais ainda.
- Gente como é dramática! - A Di falou. - Mas valeu a pena não valeu?
- Só um pouquinho. - brinquei, enquanto saíamos do banheiro.
- Ah!!! A surpresa não acabou.... - A Diana falou colocando o braço em volta do meu ombro.
-Uuuh verdade não acabou mesm... - A Bia foi interrompida pelo Douglas e o Lucas que se aproximaram.
- Aêê Aninhaaa!!! - Lucas chegou. -Vai deixar a gente né?
-Claro né cara, te aguentou todos esses anos, tem uma hora que não dar mais. - Douglas.
Lucas e Douglas, os garotos mais engraçados da igreja.
Todos começamos a rir e o Lucas esboçou um agurmento para iniciar uma 'briga amigável' entre eles (Como sempre fazem).
- Vou sentir saudade desses dois patetas. - falei abraçando os dois de uma vez só.
-Eu não iria. - A Di falou.
Os dois se desvenciliaram dos meus braços e foram em direção da Diana. Um a pegou no colo e o outro começou a fazer cócegas nela.
-Aaaahh! Você nos ama Didi.Nós sabemos disso...
Todos rimos. A Bia não perdeu a oportunidade e tirou várias fotos.
A festa estava incrível! As músicas, decorações , comidaaa tudo muito legal. As fantasias foram das mais diversas, tinha de noiva, princesas, egípcio, espanhola...O pastor estava de algum personagem da Bíblia e tinha até um fantasiado de Thalles Roberto com uma peruca e um óculos que o fez ficar igualzinho.
De todas as festas, essa era a que tinha mais pessoas.
Fiz questão de tirar fotos com todo mundo e aproveitei para curtir um pouco mais com todos. E em curti, eu quis dizer dançar, inventar coreografia, imitar outras pessoas junto com o pessoal e com certeza, fazer um monte de maluquisses.
Simplesmente, uma noite pra nunca mais se esquecer.
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Sou Crente... E daí?!
Fiksi RemajaAna é uma garota de 17 anos super temente a Deus e comprometida com a igreja. Quando tudo estava aparentemente perfeito, ela ver sua vida mudar e com isso começa a encarar algumas questões típicas da sua idade.