Capítulo 25

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Conversando comigo mesma sobre o Caso Gustavo, decidi que eu não iria esquentar a cabeça com ele, afinal isso só era um showzinho que, com certeza, iria passar depois de uma semana. Assim, depois que ele me mandou uma mensagem na terça-feira perguntando quando eu iria ver as coisas para o retiro, eu o respondi que seria somente na próxima semana devido as provas que eu teria nessa semana – o que não era mentira. Ele, como sempre muito 'comprometido', me respondeu de volta com um "tá bom" e nunca mais deu notícias, e eu segui com o meu projeto de organizar a minha parte sozinha.

- Hoje a prova de química estava difícil, não estava? – O Lucas falou assim que chegou no Pet Shop.

- Nem me fale. Você viu aquela questão dois? – A minha pergunta foi respondida com um levantar de sobrancelhas– E aquela última questão foi igualzinha aquela que a gente estudou ontem à noite. Ainda bem que você me mostrou como fazia.

- Ah, verdade! E aquela que valia três pontos, não é?! Vai dar uma boa ajudada.

- Se estiver correta...

- Se estiver correta. – Ele repetiu sorrindo.

- E ai meninos! Como foi a prova de hoje? – A Dona Edna havia acabado de aparecer na recepção.

- Foi mais ou menos...- O Lucas respondeu depois de dar um abraço na mãe.

- Mas depois de estudarem tanto ontem, eu tenho certeza que vocês foram bem. – Ela retribuiu o abraço.

- Tomara. – Falei enquanto digitava algumas fichas no computador.

A Dona Edna logo saiu para resolver algumas coisas, o Lucas seguiu para o escritório de sua mãe, e eu fiquei lá terminando o meu trabalho ainda com a cabeça na organização do retiro e nas férias que estavam próximas.

- Oi, Ana!

Uma voz ecoou da frente do balcão. Eu, bastante interessada em terminar as últimas fichas, respondi rapidamente um "oi", mas só depois de um tempo e de salvas algumas coisas levantei a cabeça e pude ver quem realmente quem era.

- GUSTA..?!... Ah... oi Gustavo. – Me recompus do susto e dei um leve sorriso amarelo.

Com certeza ele era a última pessoa que eu pensava em ver ali, já que depois de um tempo ele parara de passar pelo Pet Shop depois do seu cursinho.

- Olá. O Lucas está aí?

Ahh, verdade! Ele e o Lucas são amigos de novo.

- Está, sim. Ele está lá no escritório da Dona Edna.

- Beleza! Vou lá então. – E foi logo saindo.

Ele nem tocou no assunto do retiro. Com certeza aquela animação toda do inicio da semana já estava passando.

Já está quase no final da tarde e consequentemente o final do turno. Todos começaram a se arrumar, e a se preparar para ir embora, inclusive eu. A Dona Edna logo apareceu e em um piscar de olhos já estávamos do lado de fora nos despedindo. Enfim sexta-feira!

- Ah, Ana!!! Eu combinei com a Vivian de nos encontrarmos lá na sorveteria para definirmos as gincanas do retiro. – O Gustavo, para o meu espanto, falou antes de sairmos. – Se para você tudo bem, claro. Afinal é você que está vendo essas coisas.

- Ah... legal! Claro, tudo bem. – Falei, tentando entender o que eu tinha acabado de ouvir e de quem eu estava ouvindo.

- Será que não vai te atrapalhar hoje à noite?

- É... não, porque suspendemos a célula hoje. – Olhei para o Lucas que, todo contente, acenou com a cabeça.

- Okay, então vamos?! – Lucas começou a andar.

- Beleza. Deixa eu só avisar os meu pais.

Despedir da Dona Edna e do Nathan e os segui ainda tentando entender o porquê dessa reunião repentina que só agora eu estava sabendo.

Chegando lá, não só a Vivian havia aparecido como o Jean, a Ju e até a Caroline estavam lá para a reunião.

- Eu queria me envolver também nesse retiro que vocês tanto falam. – A Caroline disse depois de nos cumprimentar e eu mostrar a minha surpresa por encontra-la ali.

Depois de algumas conversas e de cada um pegar o seu sorvete, começamos a listar algumas gincanas que poderiam serem feitas. Todos se mostravam bastante animados, mas o que mais me chamou a atenção foi o Gustavo conversando com todo mundo, dando opinião e se envolvendo, ele não parava quieto na cadeira, sempre levantando , gesticulando os braços, acrescentando em tudo o que as pessoas falavam. Olhando para todos ali, dava para perceber que estavam gostando e estavam bem animados, menos eu...

Tudo o que eu pensava era, qual a estratégia dele agora? Ele fica ai todo animadinho e depois quando todo mundo menos esperar, no primeiro convite para uma balada ele desaparece e deixa todo mundo na mão. Eu não vou cair nessa.

*****

E o final de semana chegou e depois do movimento típico de sábado no Pet Shop fui para casa descansar um pouco e depois organizar as coisas que já tínhamos providenciado para o retiro, que já faltava menos de um mês. O tema da festa foi definido pela Festa do Preto e Branco, e com isso pude ter boas recordações da minha antiga igreja, o que vai ficar bem mais fácil para ajudar na decoração.

A noite, depois do culto dos jovens, foram definidas mais algumas coisas e pelo que as meninas estão falando, vamos ter bastante gente. E como sempre, quem não havia comparecido era o Gustavo, o que não me espantou muito  já que já se faziam uma semana. E para comprovar o que eu já pensava, ele me mandou um e-mail mandando tudo o que ele já tinha visto e organizado e pediu desculpas por não poder ir ao culto, sem falar o motivo. Por enquanto, tudo como previsto.

No domingo a tarde eu não conseguia mais aguentar e contei tudo, com muita raiva, sobre  o que estava acontecendo para minha mãe. Falei que ele havia ido a frente mais uma vez no Aviva Jovem, e ela como todo mundo que o conhecia esboçou uma careta ao ouvir, mas logo depois de eu contar o resto do aconteceu, desde como ele havia reunido todo mundo para falar das gincanas– o que eu deixei evidente que era meu papel – e depois faltar o culto e me passar a bola, como se nada tivesse acontecido; minha mãe entrou para o time da Diana e da Nathalia par começar a defende-lo.

- Filha, pelo o que você está me contando, parece que ele realmente está voltando.

- Mãe, você ouviu a parte dele está tirando o corpo fora depois de uma semana certinho?

- É, mais vai que aconteceu alguma coisa...

- Até parece que você não conhece o Gustavo, mãe. – Me ajeitei na minha cama onde estávamos sentadas.

- Filha. – Ela colocou a mão no meu ombro, e daí eu já sabia que vinha algum conselho. – Eu sei que você está assim porque viu o Gustavo naquele banco com aquela menina...

Eu comecei a dizer que não era nada daquilo, mas ela continuou a falar.

- ... e depois o Lucas abriu os seus olhos para o que ele realmente fazia, mas você não pode guardar essa mágoa para sempre, não. Você vai ter que perdoá-lo. Lembra daquela pregação do pastor sobre o perdão, que você chegou em casa toda radiante dizendo que a mensagem foi maravilhosa? Então, não é só ouvir, é ouvir, guardar e praticar.

Eu fiquei ali a ouvindo falar. Tudo o que ela dizia era verdade, mas eu sabia o que ele iria fazer logo em seguida e não dava para abrir mão.

- Você vai ter que colocar os ensinamentos em prática e vai ter que perdoá-lo de verdade. E se ele errar de novo, ai ele vai ter que prestar conta a Deus e problema não vai ser seu.

- Está bem, mãe. – Forcei um sorriso.

- E cadê aquela garotinha que não desiste de ninguém, hein? Que ora por todo mundo e que quando se trata de ganhar vidas, corre atrás? Não era você que sempre orava por ele, e que pedia para ele voltar para os caminhos do Senhor? Então.. você devia está feliz pelo o que está acontecendo.

- Ela está aqui, mãe, mas com o Gustavo é diferente.

Ela começou a falar que não e que eu tinha que pagar um preço e exercer a minha fé, mas tudo o que eu tinha na cabeça era que o Gustavo era diferente, ele não queria nada daquilo, queria só fingir que era 'crente' e eu não gostava nada disso.

Sou Crente... E daí?!Onde histórias criam vida. Descubra agora