Capítulo 19

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Sasuke

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Sasuke

Ayumi cruzou a porta, ainda com algumas gotas de chuva brilhando na pele, o que só podia significar que alguém a trouxe para casa. Senti uma pontada desconfortável, uma inquietação que não fazia sentido, mas estava lá, fervendo, e sem me dar conta, minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia.

— Onde você estava esse tempo todo, Ayumi?

Ela parou, me encarando com um olhar firme, quase desafiador.

— Saí para dar uma volta. Preciso informar tudo que faço agora?

Meu sangue ferveu, insolente. Ela não costumava falar assim comigo. Aquele tom distante, quase indiferente, era irritante. Cruzei os braços, tentando manter a calma, mas a frieza dela estava me atingindo de um jeito que eu não podia ignorar.

— E não achou que eu gostaria de saber? Passou a tarde fora e nem uma mensagem? — insisti, tentando manter o controle.

Ela deu uma risada curta, sem um pingo de humor.

— Ah, tio Sasuke, eu não sou uma criança. Não preciso do seu "ponto de controle". Não sou obrigada a te informar todos os meus passos.

Eu podia sentir a tensão crescendo entre nós, e aquela resposta cínica, aquele tom de descaso, só fazia minha raiva aumentar. Era como se ela estivesse testando meus limites, me provocando de propósito.

— Quem te trouxe pra casa, Ayumi? — minha voz saiu entre dentes, tentando soar calmo, mas o incômodo era evidente.

Ela soltou um suspiro, cruzando os braços e me lançando um olhar desafiador.

— Como eu disse, isso não é da sua conta.

Algo estalou dentro de mim. Estávamos longe de uma simples troca de provocações; aquilo era diferente, era um desafio. O desdém dela só estava me atiçando mais.

— Claro que é da minha conta. Depois da noite que tivemos, você age como se fosse só mais um dia qualquer, como se eu fosse algum estranho, e desaparece assim? — Minha voz saiu mais intensa do que eu queria, mas o ressentimento e o orgulho ferido estavam crescendo.

Ela desviou o olhar por um segundo, mas logo voltou a me encarar, o cinismo ainda estampado no rosto.

— Você realmente acha que só porque tivemos uma noite juntos, isso muda alguma coisa? Você se acha no direito de me controlar agora?

Minha paciência estava se esgotando. Ela estava distante, fria, como se a conexão que sentimos fosse irrelevante para ela. Algo dentro de mim queimava, uma raiva contida que eu não conseguia esconder.

— Isso não é controle, Ayumi. Não finja que nada aconteceu. Se você quer me afastar, então ao menos me dê uma explicação. O que está acontecendo com você?

Ela sorriu, um sorriso amargo que me atingiu em cheio.

— Acontece que eu finalmente entendi o que somos, tio Sasuke. Você e eu? Não é nada além do meu tio e eu sua sobrinha, mesmo que seja de consideração.

Aquelas palavras me atingiram como um golpe, e antes que eu pudesse reagir, ela se virou, deixando-me parado ali, sozinho com uma mistura de frustração e algo que eu não queria admitir.

Subi de volta ao meu quarto, mas ao passar pelo banheiro, ouvi o som da água. A lembrança dela — de sua teimosia, de seu olhar desafiador, de como sua presença parecia tomar conta de qualquer lugar — me dominava, acendendo algo que eu preferia não admitir. O impulso de entrar, de calar sua boca com um beijo intenso e urgente, punindo-a pela sua rebeldia em me desafiar, quase me fez perder o controle. 

Mas respirei fundo, fechei os olhos e tentei afogar o desejo que pulsava mais forte a cada instante. Eu não podia ceder agora. Precisava de clareza, não de mais complicações.

 Ayumi

Não acredito que bati de frente com ele daquela forma. Tinha prometido a mim mesma que manteria uma barreira, uma distância segura agora, mas cada palavra trocada, cada olhar, parecia puxar o chão sob meus pés. Eu estava perdendo o controle de mim mesma.

Saí do banho e me deitei, mas o sono se recusava a chegar. A inquietação vibrava dentro de mim, intensificada pelo som da chuva e dos relâmpagos que rasgavam a noite. Incapaz de descansar, desci até a cozinha em busca de algo que acalmasse a mente — um doce, talvez, qualquer coisa para me distrair.

Abri a geladeira e peguei algumas gomas, tentando encontrar conforto naquela banalidade. Mas, ao me virar, senti o ar escapar de meus pulmões.

Ele estava ali, encostado no batente da porta, me observando. A luz suave da cozinha realçava seu abdome nu, cada linha e contorno de seus músculos se destacava, e aquele maldito moletom pendendo sobre seus quadris parecia uma provocação calculada. O olhar dele era intenso, quase devastador, e senti meu coração martelar no peito.

— Não consegue dormir? — ele perguntou, a voz grave e profunda misturando-se ao som da chuva que ecoava do lado de fora.

Engoli em seco, tentando não demonstrar o quanto ele me afetava.

— Só vim pegar um doce, nada demais — murmurei, tentando soar despreocupada.

Ele assentiu levemente, mas não se moveu, mantendo aquele olhar que parecia me atravessar. A distância entre nós parecia insignificante diante da tensão que se formava no ar. Ele não precisava dizer nada; só aquele olhar dizia tudo que ele desejava, e, por um instante, tudo que eu desejava também.

Meu Tio SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora