A Queda

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– Se nos conhecemos? Somos quase melhores amigos! – Tommy responde em tom de brincadeira.

Eu não sei o quê responder, o olhar de Oliver parece um misto de surpresa e curiosidade, mas nenhum deles me parece amistoso.

Mas afinal, com o que eu estou me preocupando? Não devo nada à ele fora da minha área profissional, que besteira ficar nervosa...

Por fim, o silêncio toma conta do local, mas não por muito tempo.

– Conseguiu terminá-lo? – Oliver pergunta.

– Hã... Sim. Aqui está. – entrego o quarto relatório.

– Ótimo. – responde ele – O último você pode terminar amanhã.

Bem, isso é bastante arrogante da parte dele. É claro que eu vou terminar amanhã, meu horário acabou!

Desta vez sou eu que suspiro.

– Mais alguma coisa? – pergunto, muito mais por educação do que por vontade.

No momento eu só quero sair dali, fugir daquele olhar frio de Oliver e da situação estranha com Tommy.

– Não, Felicity. Por hoje é só. Obrigado.

Oliver já estava se dirigindo de volta à sua sala, mas Tommy permaneceu.

– Bom te ver. – falou ele em meia voz – Não pense que me esqueci daquele drink. Vou cobrá-la qualquer dia desses. E agora sei onde você trabalha. – Tommy sorriu, não pude deixar de sorrir também.

– Está anotado. – disse.

Oliver pigarreou mais alto do que o necessário. Pensei que ele já havia voltado para sua sala, mas ele continuava ali, observando nossa conversa.

Minha nossa, o que há de errado com ele?

– Você vem ou não? – chamou Oliver.

– Até mais. – Tommy falou para mim.

– Até.

***

Conforme os dias foram passando, e estes foram se tornando semanas, comecei a desconfiar de que algo mais estava incomodando Oliver. E nada tinha a ver com a morte de seu pai (apesar de ele não gostar de tocar no assunto).

Era como se ele tivesse virado uma pessoa inflamável, e por qualquer coisa, entrava em combustão.

Fui para a empresa esperando que ele estivesse de bom humor. Tínhamos um evento beneficente esta noite, e eu deveria ajudar na organização; assim como no discurso que Oliver deveria fazer durante o jantar.

Acho que minhas preces haviam sido ouvidas, pois durante todo o dia Oliver comportou-se normalmente. Não surtou, gritou ou sequer aparentou estresse ou nervosismo.

Eu já havia desistido de tentar acompanhar as oscilações de humor daquele homem...

– Felicity, acho melhor você ir para casa. – Oliver falou quando entrei em sua sala.

– Por que? – perguntei, mas logo em seguida me dei conta do motivo – Ah sim, sim certo, o jantar...

Oliver apenas sorriu.

– Certo, então eu vou deixar estes contratos com você e vou ir para casa. – falei e entreguei-lhe os papéis.

– Certo. – espelhou ele – Vou pedir ao Diggle que passe para te buscar. Sete horas está bom, para você?

– Perfeito.

– Muito bem então, nos vemos lá.

– Até.

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