Entre Linhas

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 Me apressei em procurar dentro da minha bolsa o spray de pimenta que eu mantinha ali. Minha mão estava tremendo, mas eu ia fazer isso. Ia enfrentar o invasor com um pequeno frasco que possivelmente já estava vencido porque faziam décadas que eu o mantinha ali e nunca precisei usar.

Espiei para dentro do apartamento. O silêncio era majestoso. Por um momento pensei que talvez o invasor tivesse fugido pela sacada ou algo do tipo, mas depois de alguns segundos ouvi passos. Inspirei e expirei algumas vezes, tentando me acalmar. Tomei fôlego uma última vez e resolvi atacar.

Empurrei a porta com o pé enquanto entrava com o frasco mortal nas mãos – apenas temporariamente mortal, admito –. A sala estava vazia.

– MAS O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – o intruso grita atrás de mim.

Solto um grito em resposta, o intruso grita também, mas então eu percebo que conheço aquela voz. Viro-me.

– MÃE?! – pergunto incrédula, o spray de pimenta ainda em posição de ataque – O que você está fazendo? Como chegou aqui? Como entrou aqui?

– Vim te visitar. – falou ela calmamente – Surpresa?!

Suspiro.

– Por que você não me ligou, mandou mensagem, algo pra me avisar?

– Mas eu mandei várias mensagens quando cheguei.

Revirei os olhos.

– Mãe, você deveria ter me mandando antes, pra que eu pudesse ir te buscar no aeroporto ou algo do gênero...

– Felicity...

Olho para a entrada e vejo Oliver parado, a porta ainda está escancarada e ele está na soleira parecendo meio perdido.

– Ei, o que aconteceu? – perguntei.

– Nada, é que você esqueceu o seu celular no meu carro. – ele sorriu, enquanto avançava para dentro de meu apartamento e me entregava o aparelho.

– Não precisava ter se incomodado, poderia ter me entregado amanhã... – chequei meu celular e vi que ele não me dava sinal de vida – está sem bateria mesmo. – comentei.

– Não foi incômodo.

Estou tentando ignorar os barulhos chamativos que minha mãe está fazendo para me chamar a atenção. Por um segundo eu gostaria de um lindo buraco cravado no meio da minha sala, onde eu poderia enfiar a minha cabeça e fingir que não estou passando por essa cena.

Mas infelizmente não há buracos no chão da minha sala.

Suspiro derrotada.

– Mãe, eu gostaria de te apresentar meu chefe, Oliver...

– Queen. – falou ela, já se aproximando e apertando a mão de Oliver – Oi, eu sou a Donna Smoak.

– Oi, muito prazer, Senhora Smoak. – Oliver a cumprimenta com um sorriso animado. Observo os dois por um momento e começo a me perguntar porque ainda não acordei desse pesadelo.

– Ah, por favor, me chame de Donna. – minha mãe respondeu, ficando vermelha.

Minha mãe estava ficando vermelha na frente do meu chefe! Deus, isso não podia piorar.

– Certo, acho que você já o incomodou o suficiente, mãe. – falei.

Oliver olhou para mim sem entender e estava prestes à se opor ao meu comentário, mas eu o encarei com o meu melhor olhar mortal e o desafiei a me contrariar.

Ele não o fez.

– Bom, eu preciso ir. – falou ele, indo em direção à saída.

– Ok, eu te acompanho.

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