Decisão Final

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 As amarras em meu pulso estavam queimando.

Já faziam umas duas horas que Oliver e eu tínhamos conversado brevemente por telefone – sim, eu estava contando o tempo, não havia muito mais que eu pudesse fazer –. Esperava ter algum sinal deles em breve. Eu não queria que eles chamassem a polícia, – isso provavelmente destruiria toda a investigação, e eu sabia que aquilo era importante para Oliver –. Mas eu não conseguia parar de me perguntar como exatamente ele e Diggle conseguiriam me salvar. Isso me deixava apreensiva, e então eu ficava me remexendo na cadeira, o que fazia com que a corda que prendia meu pulso parecesse cravar ainda mais seus fios ásperos em minha pele. Estava machucando, e muito.

Tentei me concentrar em outra coisa.

O local em que eu estava era extremamente escuro, mas eu sabia que estava em algum tipo de galpão. O cheiro de ferrugem e o barulho de pingos fazendo eco pela sala me dizia que o lugar era amplo e abandonado. Eu não sentia a presença de ninguém ali, mas sabia que do outro lado da porta de metal, havia alguém vigiando-me; eu já o ouvira conversar com os outros, mas nada que eu pudesse entender.

Minha cabeça ainda latejava por conta do clorofórmio que usaram para me fazer desmaiar.

Quando acordei depois de ser pega, já estava aqui. O pânico tomou conta de mim quando abri meus olhos e não consegui enxergar absolutamente nada. Era como se eu estivesse imersa em um mundo de escuridão e medo. Levei um bom tempo até conseguir acalmar os batimentos de meu coração.

Meu corpo doía; tanto por estar há horas na mesma posição, quanto por estar exausta. Minha barriga reclamava toda vez que eu a comprimia involuntariamente, lembrando-me do soco que tomei antes de desmaiar. Minha respiração também estava entrecortada e eu lutava para não fazer muito esforço.

Não consegui dormir nada durante as horas seguintes, mesmo sabendo que uma parte de mim queria se render ao mundo dos sonhos, muita coisa agitava-se em minha mente.

Eu não sabia quem eram aqueles homens, mas sabia que eles queriam o livro. Fiquei o tempo todo me perguntando como eles chegariam até Oliver, se ele entregaria o livro por mim, se chamaria a polícia...

De repente começo a ouvir ao longe alguns estrondos; minha mente está desperta e meus ouvidos tentam absorver todos os barulhos possíveis. Alguns minutos se passam até que os estrondos retornam, mais altos, o que claramente indica que está mais próximo. Quando os estrondos finalmente aproximam-se da porta, eu realmente tenho certeza de que são tiros, alguns gritos masculinos, gemidos e mais tiros, e então, o silêncio.

A porta geme em protesto quando tentam mexer nela, ela se abre e a luz que vem de fora me cega completamente. Meus olhos estão lacrimejando.

– Felicity! – ouço a voz baixa de Oliver se aproximar de mim.

Nesse momento meus olhos param de lacrimejar e eu começo a chorar de alívio.

– Está tudo bem, está tudo bem. Você está à salvo. – Oliver entoa para mim enquanto remove as cordas em meu pulso, eu choro ainda mais com a dor lancinante que elas provocam.

Não consigo dizer nada. Quero falar tantas coisas, mas acho que estou em estado de choque, o silêncio me afoga, prende minhas palavras como se fosse o ar em meus pulmões.

Tento me levantar mas minhas pernas estão fracas, minha cabeça está pesada e eu estou perdendo a consciência.

– Ela está muito ferida? – ouço a voz de Diggle se aproximar – Precisamos ir rápido, pode haver outros.

Sinto o chão sumir de baixo dos meus pés, leva alguns minutos para eu perceber vagamente que estou sendo carregada, o perfume de Oliver embriaga meus sentidos, meus olhos estão fechados, eu encosto minha cabeça em seu peito e deixo que a escuridão enfim tome posse de minha mente.

TrapaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora