Sangue Frio

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 Ser convidada pelo seu chefe para fazer parte de uma equipe investigativa que poderia colocar sua vida em perigo parece um bom enredo para um romance policial que futuramente poderia ser adaptado para os cinemas. Eu podia até já imaginar a capa, os atores, tudo. Eu só teria que colocar muito mais ação à história do que na realidade era.

Se eu pensei que seria ação e adrenalina 24 horas por dia? Sim, eu pensei.

Foi ação e adrenalina 24 horas por dia? Nem de longe. A não ser pelos sustos que tomei quando não vi Sara se aproximar da minha mesa algumas vezes. Ela pareceu desconfiar, mas de cara achou que o motivo era algum namorado.

Duas semanas haviam se passado e nós mal conseguimos descobrir algo novo. O que claramente estava deixando Oliver cada vez mais irritadiço. Eu não podia culpá-lo, mas não iria ser seu bode expiatório, então procurei me manter o mais longe possível de algum contato desnecessário com ele.

Claro que isso era um problema, porque agora estávamos trabalhando até depois do expediente. Exatamente como hoje.

– Ei, acho que consegui um nome. – Oliver diz, aproximando-se com alguns papéis.

Estávamos reunidos em seu escritório. Bem, eu e ele estávamos. Diggle teve que ir para casa por causa de uma emergência familiar.

– Abdam Erlack? – pergunto – Isso é árabe?

Tento me concentrar no que Oliver está tentando me mostrar, mas a verdade é que ele está tão próximo que eu consigo sentir o cheiro de seu perfume, que obviamente é muito bom, porque mesmo já estando noite, ainda era bastante marcante.

– Provavelmente. Mas veja – ele aponta para os nomes numa lista – a empresa que aparentemente faz a lavagem de dinheiro pode estar no nome dele.

– Mas você disse que aquela empresa havia desaparecido.

– Sim, mas ainda restam outros nomes da lista que eu havia feito, e esse cara aparece conectado com pelo menos três delas.

– Certo. – falei enquanto começava a teclar em meu computador.

– O que está fazendo? – Oliver perguntou enquanto olhava para a tela de meu notebook. Aquilo estava me desconcentrando mais do que eu queria admitir.

– Ahn... Vou colocar um firewall que rastreará qualquer documento, comentário, citação ou foto marcada no facebook com o nome desse cara.

Era tão bom estar de volta às minhas raízes de hacker. Me sentia em minha própria natureza novamente. Apenas um pouco desconfortável com a proximidade de Oliver.

– Quanto tempo isso pode demorar?

– Algumas horas... – falei.

Oliver suspirou e levantou-se, indo em direção à sua mesa.

– Bem, então acho melhor deixarmos o seu firewall fazer o trabalho sujo enquanto nós vamos para casa dormir um pouco.

Olhei em meu relógio. Eram 21:07 da noite.

– Posso fazer uma pergunta? – questiono, enquanto Oliver começa a vestir seu casaco e eu me levanto.

– Claro.

– Isso não vai contar como hora extra, vai?

Oliver ri.

– Não se preocupe, não vou explorá-la de graça.

Suspirei aliviada, o que só fez Oliver rir ainda mais. Pelo visto a pequena pista que ele havia descoberto era o bastante para deixá-lo mais leve.

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