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Chegar ao vigésimo segundo andar das Indústrias Queen e não me deparar com Felicity já em sua mesa, pronta para mais um dia de trabalho, me provocou uma sensação estranha.

Imaginei sua reação atrapalhada quando ela chegasse se desculpando e dando seus motivos.

Ao menos eu esperava que ela estivesse em seu humor espontâneo.

Desde o incidente com aquela mulher, não consegui parar de sentir remorso. Não fazia sentido, eu sabia disso; mas algo no olhar de Felicity me deixava inquieto. Era como se ele não fosse o mesmo depois do ocorrido. Eu temia que nosso relacionamento nunca mais voltasse a ser como antes, e isso me assustava de uma maneira que eu também não conseguia entender.

Demorei horas para dormir, mesmo sentindo cada músculo de meu corpo doendo por conta do cansaço. Fiquei imaginando formas de conversar com ela sobre aquela situação, tentar reparar toda a confusão que eu mesmo havia feito na esperança de mantermos a amizade que tínhamos conseguido construir ao longo dos meses.

Por isso eu estava ansioso para que ela chegasse logo na empresa. Eu queria conversar.

Trinta minutos de atraso e nenhum sinal de Felicity. Comecei a imaginar se ela não havia bebido demais na noite anterior, no encontro com o garoto do Departamento de Ciências.

Só de imaginar as coisas que ele podia fazer com ela bêbada, uma raiva crescia dentro de mim.

Respirei fundo e tentei me ater ao trabalho.

Uma hora de atraso. Eu já estava ficando preocupado; Felicity nunca se atrasou mais do que dez minutos.

Diggle estava tentando me acalmar; mas a cada minuto meu nervosismo só aumentava.

O celular dela só dava caixa postal. Usei até o celular de John, pensando que talvez ela não atendesse porque sabia que era eu quem estava ligando. Não funcionou.

Suspirei, me levantando e indo em direção à saída de minha sala.

– Onde vai? – perguntou Diggle, já me seguindo.

Não consegui conter meu olhar ao ver a mesa de Felicity vazia.

– Falar com Sara. Talvez ela saiba onde Felicity está.

Bati na porta apenas por formalidade, pois não esperei resposta, entrei em um rompante.

– Oliver? – Sara pareceu surpresa, o sorriso em seu rosto murchou ao observar minha expressão – O que aconteceu?

– Felicity. – falei – Ela ainda não chegou. Você sabe onde ela pode estar?

Sara franziu o cenho.

– Não... – respondeu ela, minhas esperanças se perdendo com aquela pequena palavra. – Já tentou ligar para ela?

Confirmei. Sara já estava com seu celular em mãos, discando o número de Felicity. Esperei para ver se dessa vez ela atendia, mas a frustração no rosto de Sara respondia minha dúvida.

Saí da pequena sala sem dizer mais nada.

– E agora? – Diggle perguntou, alcançando-me e ficando ao meu lado enquanto eu praticamente corria em direção aos elevadores.

– Preciso que você pegue o carro e vá até a casa dela. – falei – Eu vou ter uma conversinha com aquele garoto.

– Oliver, você precisa se acalmar. Não pode fazer uma cena, as pessoas vão desconfiar do relacionamento de vocês.

Eu sabia que Diggle estava certo, mas no momento eu não dava a mínima.

– Apenas pegue o carro e vá até o apartamento de Felicity, Diggle. – falei, virando-me e o encarando já em frente ao elevador – Eu cuido do resto.

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