Diálogos

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 Meu celular toca outra vez, penso que pode ser minha mãe, provavelmente perguntando se sua ideia deu certo, mas quando olho para o número na tela, não o reconheço.

– Alô?

– Felicity? – uma voz nervosa me chama do outro lado.

Sorrio, reconhecendo-a.

– Oi, Barry.

– Oi. – ele diz, posso ouvir seu riso nervoso – Eu sei que peguei o seu número ontem e pelas regras eu não deveria te ligar tão cedo, mas eu estava pensando se você não gostaria de sair nesse fim de semana. Talvez ir ao cinema... – incita ele.

Tento me conter para não dar pulinhos de alegria no mesmo lugar. Eu tinha um encontro!

– Claro. – digo, tentando parecer normal – É, seria legal.

Ouço Barry suspirar. Ele estava prendendo a respiração?

– Certo, então... Amanhã, você está livre?

– Sim, sim. Você pode pode passar na minha casa. – digo, e dou meu endereço à ele.

– Ok. 7 horas, amanhã, na sua casa.

– Estarei pronta pra você. – digo com um sorriso, mas logo em seguida me dou conta do duplo sentido na frase – Quero dizer, não pronta daquele jeito, pronta para você chegar e a gente sair.

Barry ri.

– Entendi. – ele diz – Te vejo amanhã, então.

– Certo. Até.

Respirei fundo depois que desliguei o celular. Até que eu não me saí mal. Poderia ser melhor, é claro, se eu não tivesse feito aquele comentário no final; mas para alguém que não fazia isso com frequência, eu poderia dizer que a missão tinha sido um sucesso. Agora eu só tinha que ir bem amanhã, no encontro em si.

Eu já estava nervosa.

Procurei manter o foco no trabalho que eu tinha para fazer.

Oliver estava no telefone quando entrei em sua sala com as novidades sobre a investigação. Não prestei muita atenção sobre o que ele estava falando, e assim que entrei ele desligou o celular.

– Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. Qual você quer primeiro? – pergunto.

Ele pondera por um instante.

– Você escolhe. – diz ele, sentando-se.

– Ok. – digo – Na verdade é até melhor eu escolher porque você poderia escolher a ruim primeiro e ela só faz sentido se eu contar a boa antes e...

– Felicity. – Oliver me traz de volta ao assunto.

– Sim, desculpe. – suspiro – A boa notícia é que graças à minha mãe e seu aparente talento em anagramas, descobrimos que Abdam Erlack não era o nome que nós deveríamos procurar. Adam Aberlack, sim. E esse nome eu consegui rastrear. – fiz uma pausa para que ele absorvesse tudo e então continuei – Mas, a má notícia é que esse tal Adam morreu, há um mês atrás.

Pude ver a raiva endurecer no olhar de Oliver. Eu sabia o que ele estava pensando: um beco sem saída, mais uma vez.

– De volta à estaca zero. – comentou ele, esfregando os olhos com a ponta dos dedos. Ele parecia bastante cansado ultimamente.

– Você não anda dormindo direito, não é? – pergunto antes de conseguir controlar minha língua.

Ele levanta os olhos e me encara.

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