Escolhas

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 Felicity não esconde a surpresa em sua expressão. Os olhos arregalam-se e ela fica sem palavras.

– Isso não é sério. – falou ela, percebi que ela estava falando aquilo para si mesma, mas resolvi responder do mesmo jeito.

– É muito sério. – digo.

Ela pisca algumas vezes, ainda absorvendo aquilo tudo.

– Espanha? Como... Por que?

Tento ao máximo não sorrir de sua expressão.

– Fiz algumas pesquisas depois que você saiu. – falei – Vai haver um leilão de bens do senhor Aberlack amanhã, em Barcelona.

Felicity suspira.

– Certo. E por que você quer atravessar o oceano por algumas obras de arte? Não se contratam mais representantes para se fazer isso? – ela parece meio irritada.

Eu concordo com um aceno.

– Não estamos indo em busca de obras de arte, Felicity. Nós vamos atrás disto. – virei a tela do computador para que ela pudesse ver a imagem.

Ela pareceu ainda mais incrédula com minha explicação.

– Um livro?

– Não é um livro qualquer. – falei – Ele contém uma lista de nomes que eu estava investigando, foi dela que eu consegui encontrar as primeiras pistas do rombo nos cofres da empresa.

– E como o senhor Aberlack conseguiu roubar esse livro de você? – perguntou ela.

– Não sei. Mas acredito que comigo passando dois meses em um hospital, é tempo suficiente para se executar um plano.

Felicity cruza os braços e suspira, ainda pensando sobre aquilo tudo. Era compreensível, aquilo era novo para mim também, mas não parecia haver outra saída; eu não podia simplesmente entregar essa missão à outra pessoa.

– E por que você precisa que eu vá junto? – pergunta ela, por fim.

Não consigo esconder minha surpresa com sua indagação.

– Por que você está nessa comigo. – falei – É importante. Eu não pediria se não fosse. – acrescentei quando vi que ela ainda estava relutante com a ideia.

Ah claro, ela tinha um encontro amanhã com aquele cara. Eu não poderia dizer que estava me sentindo mal por aquilo, pois eu realmente não estava. Na verdade, uma parte de mim estava feliz por aquele imprevisto ter surgido de última hora.

Claro que eu odiei ter que cancelar os planos de minha mãe para o fim de semana. Liguei para ela minutos antes de avisar à Felicity. Minha mãe apenas suspirou, não entrei em detalhes, mas sabia que quando chegasse em casa, precisaria estar com as desculpas na ponta da língua.

– E o jantar com sua família? – Felicity perguntou.

– Adiado. – falei – E se eu posso adiar isso, acho que você pode remarcar seu encontro. – digo, não quero soar ríspido, mas é o que aparenta.

Vejo Felicity ficar vermelha, mas não é o tom de vermelho que geralmente cora suas bochechas, é mais vivo, e eu sei que é raiva.

Imagino quantos xingamentos ela deve estar dizendo para mim em pensamento.

Preparo-me para uma possível leva de reclamações e recusas, mas ela me surpreende mais uma vez, quando sorri e fala calmamente.

– Diggle vai também?

– Sim.

Ela pondera por alguns segundos, suspira mais uma vez e então dá seu veredito.

– Tudo bem.

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