Fogo e Tempestade

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Foi um pouco difícil voltar à rotina depois que me recuperei, mas eu havia conseguido no final das contas.

Oliver parecia preocupado demais comigo ultimamente. De início pensei que isso passaria depois de alguns dias, no máximo em uma ou duas semanas. Mas já faziam quase dois meses e ele ainda me ligava todas as noites – quando não insistia em me levar para casa ou passar em meu apartamento à noite – só para ter certeza de que eu estaria sã e salva durante todo o tempo que passava em meu apartamento.

Eu comecei a desconfiar que sua superproteção também tinha a ver com o fato de que Barry e eu começamos a sair em encontros cada vez mais frequentes. Mas depois de três semanas e de percebermos que agíamos mais como amigos do que como possíveis namorados – éramos parecidos demais, e eu não conseguia sentir que aquilo realmente iria para frente –, decidimos manter a amizade e deixar a parte do romance de lado. Ainda nos víamos, conversávamos e saíamos. Ele era uma pessoa muito fácil de gostar e eu fiquei feliz que conseguimos manter as coisas leves mesmo depois do "término" (se é que eu podia chamar uns beijinhos de término).

Mesmo assim, Oliver manteve sua postura preocupada comigo. Eu não sabia bem como reagir à esse novo lado dele, mas no fundo eu sabia que uma parte de mim cedia cada vez mais ao seu olhar protetor a cada ação, por mais insignificante que ela fosse. E isso meio que estava começando a me assustar.

Eu precisava me afastar um pouco dele, daqueles olhos azuis límpidos e desconcertantes e da aproximação evidente que tínhamos cada vez mais. Sem falar que ultimamente estávamos passando boa parte da noite no porão da Verdant, onde eu fazia minhas pesquisas – estávamos avançando cada vez mais – enquanto Diggle e Oliver lutavam. E vê-lo sem camisa fazendo exercícios não fazia bem para a minha sanidade, que dirá para a minha concentração.

Por isso, quando Tommy apareceu na empresa quase no fim do dia, me convidando pra sair, eu aceitei. Por mais que achasse estranho que ele ultimamente vinha muito ali, ele era um cara legal. Oliver e Tommy eram melhores amigos, então eu sabia que Oliver não tinha motivos para não gostar dele como ele não gostava de Barry.

– Você ainda me deve aquele drink. – ele falou, piscando para mim. Oliver estava ao seu lado, despedindo-se dele quando Tommy me convidou para sair.

Eu sorri.

– É justo. – falei.

– Pego você às dez?

– Perfeito.

É claro que eu não iria passar a impressão errada à Tommy. Eu não achava que ele estava afim de mim daquele jeito, mas por via das dúvidas, convidei Sara também, só não dei muitos detalhes sobre onde iríamos, pois nem eu sabia direito.

Saímos das Indústrias Queen juntas, passamos em sua casa e então fomos para a minha, para que pudéssemos nos arrumar juntas. Eu estava feliz que Sara havia se tornado uma grande amiga. Eu conseguia conversar sobre tudo com ela, sabia até que poderia me abrir sobre as coisas que estavam acontecendo com relação à Oliver; mas no fim das contas não valia à pena estragar o momento, além do mais, tecnicamente não havia nada demais entre nós. Ele não se recordava daquele beijo e eu fingi que também não.

Sara escolheu uma saia preta e uma blusinha de paetês azuis com um decote generoso na frente. Eu acabei optando – à mando de Sara – por um vestido que ganhei de aniversário da minha mãe e que eu nunca usava porque sempre achei ousado demais para meus padrões. Ele era vermelho e até comportado na frente, mas nas costas, era totalmente aberto até a base de minha coluna, sem falar que ele não era muito comprido também.

– Tem certeza de que não está exagerado demais? – perguntei, olhando-me no espelho.

– Você está linda! – falou ela.

TrapaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora