Veintiocho

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Tema: Término.

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O sol começava a se pôr em Mônaco, tingindo o céu de tons alaranjados. A cidade, que sempre parecia mágica, parecia sombria naquela tarde. Você estava no hotel onde costumavam ficar durante os GPs, sentada no sofá com um livro aberto nas mãos, mas sua atenção estava longe. Algo estava diferente em Carlos nos últimos dias. Ele estava mais distante, mais calado, e isso apertava seu coração de um jeito que você não conseguia ignorar.

Quando a porta do quarto se abriu, você levantou o olhar. Carlos entrou, com os ombros tensos e o olhar baixo. Ele parecia cansado, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Você sabia que as últimas corridas não tinham sido fáceis para ele. O carro não estava rendendo o esperado, e a pressão da equipe e dos fãs estava cada vez maior.

— Oi, amor. — você disse suavemente, tentando aliviar a tensão no ar. — Como foi a reunião com a equipe?

Ele não respondeu imediatamente, apenas largou a mochila em uma cadeira e passou as mãos pelos cabelos. Finalmente, ele se virou para você, e o olhar dele era algo que você não reconhecia: frio, quase distante.

— A gente precisa conversar.

Aquelas quatro palavras fizeram seu coração afundar. Você fechou o livro lentamente, deixando-o de lado, e tentou manter a calma.

— Tudo bem, sobre o quê?

Carlos se aproximou, mas manteve uma certa distância, como se estivesse criando um muro invisível entre vocês. Ele respirou fundo, evitando olhar diretamente nos seus olhos.

— Eu não posso mais continuar assim.

Você piscou, confusa, tentando entender o que ele queria dizer.
— Assim como, Carlos? O que você está querendo dizer?

Ele cruzou os braços, claramente tentando reunir coragem para falar o que vinha guardando.
— Isso... nós. — Ele gesticulou entre vocês dois. — Não está funcionando.

O mundo pareceu parar. Você sentiu o peito apertar, como se todo o ar tivesse sido arrancado do ambiente.
— O quê? Carlos, do que você está falando?

Ele finalmente olhou para você, mas havia algo em seus olhos que você nunca tinha visto antes: uma mistura de culpa e determinação.
— Eu não estou me concentrando nas corridas. Meu desempenho está péssimo, e... você é uma distração.

As palavras dele cortaram como facas. Você se levantou do sofá, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.
— Eu sou uma distração? — sua voz tremeu, cheia de incredulidade e dor. — Depois de tudo que fiz para te apoiar?

Carlos apertou os olhos, como se quisesse evitar ver o impacto das próprias palavras.
— Não estou dizendo que é sua culpa, mas... a verdade é que, desde que começamos a ficar juntos, as coisas mudaram. Eu não consigo focar do jeito que preciso.

— Então é isso? — você perguntou, sua voz subindo. — Você está dizendo que sou o motivo do seu carro não funcionar? Que sou o motivo de você não ganhar corridas? Carlos, isso é absurdo!

Ele passou as mãos pelo rosto, claramente frustrado, mas determinado a continuar.
— Não é só isso. A equipe... eles acham que minha vida pessoal está interferindo. Que eu não estou 100% comprometido. Eles acham que... — Ele hesitou, mas terminou com dificuldade: — Que você está me distraindo.

Você deu um passo para trás, como se tivesse levado um golpe.
— Então é por isso. Não é você, é a equipe. Eles te convenceram de que eu sou o problema.

Ele não negou, e o silêncio dele foi mais devastador do que qualquer palavra. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, mas você não tentou escondê-las.
— Sabe o que é mais triste? Que você está me culpando pelas suas falhas. Que você está me deixando porque é mais fácil me culpar do que admitir que talvez o problema não seja eu.

Carlos deu um passo em sua direção, o olhar cheio de arrependimento.
— [Seu Nome], eu...

— Não. — você o interrompeu, levantando a mão. — Não faça isso. Não diga que sente muito. Não tente consertar isso agora, porque você acabou de me destruir.

Você pegou sua bolsa, sentindo as pernas tremerem, mas determinada a sair dali com o pouco de dignidade que ainda tinha. Antes de sair, você olhou para ele uma última vez.
— Espero que isso faça você voltar a vencer, Carlos. Porque você acabou de perder algo que nunca mais vai encontrar.

E então, você saiu.

Assim que a porta se fechou, Carlos sentiu o peso do mundo desabar sobre ele. Ele se sentou no sofá, enterrando o rosto nas mãos. Era exatamente o que ele não queria. Ele não queria perder você, não queria machucar você. Mas a pressão da equipe, os olhares dos chefes, as insinuações constantes... tudo o havia levado a tomar aquela decisão impensada.

Ele olhou para o canto do quarto onde ainda estava o seu livro, esquecido no sofá, e sentiu um aperto no peito. As palavras que dissera ecoavam em sua mente, e ele percebeu o tamanho do erro que havia cometido.

Mas, naquele momento, o arrependimento não era suficiente para trazer você de volta. E ele sabia que talvez nunca fosse.

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