"no tempo certo"

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Ekko chegou em casa já tarde da noite, as luzes de Zaun piscando fracamente pelas janelas enquanto ele atravessava os corredores silenciosos. Abriu a porta de casa devagar, o cansaço acumulado no corpo, mas a mente girando sem descanso após a conversa com Heimerdinger.

Ao entrar no quarto, encontrou Jinx exatamente no mesmo lugar em que a havia deixado. Estava deitada de lado, a respiração tranquila, os cabelos bagunçados espalhados pelo travesseiro. A cena era ao mesmo tempo reconfortante e inquietante.

Ekko suspirou e se sentou na beirada da cama, observando-a por um longo tempo. Não sabia ao certo como começar a conversa que precisava ter com ela, ou mesmo como confirmar aquilo que Heimerdinger havia sugerido. Mas a possibilidade... a possibilidade de que Jinx estivesse grávida não saía da sua cabeça.

Ele se deitou ao lado dela, mas o sono não veio. Seus pensamentos estavam em um turbilhão, e ele não conseguia ignorar o que estava se desenrolando na sua mente. Ele e Jinx nunca haviam usado proteção. Era algo que parecia natural naqueles momentos impulsivos, cheios de paixão e intensidade. Mas agora, a consequência dessa impulsividade estava se tornando cada vez mais real.

Ele olhou para o teto, as dúvidas e preocupações pesando como uma âncora. Será que Jinx tinha noção do que era ser mãe? Será que ela sequer imaginava que isso era uma possibilidade? Jinx era imprevisível, e ele sabia que a ideia de criar uma vida poderia ser aterrorizante para ela.

E então, outra dúvida o atingiu: E se ela não quisesse o bebê?

O pensamento o deixou inquieto. Para ele, a ideia de ter um filho era assustadora, sim, mas também... emocionante. Ele sempre sonhou em construir algo duradouro, algo que fosse além da luta diária por Zaun. E criar um bebê, uma vida que fosse metade dele e metade dela, parecia algo ao mesmo tempo surreal e maravilhoso.

Mas como os dois poderiam criar uma criança juntos? Ekko sabia que ele poderia dar tudo de si para ser um bom pai, mas e Jinx? Ela aceitaria essa responsabilidade? Gostaria da ideia? Ele não sabia. Jinx era um enigma, até mesmo para ele.

Ele virou-se de lado, observando-a dormir. Seu rosto parecia calmo, mas ele sabia que por trás daquela tranquilidade havia um turbilhão de emoções que ela nunca deixava transparecer. Ele queria acreditar que, se fosse real, se houvesse mesmo um bebê, eles poderiam enfrentar isso juntos.

Mas, no fundo, ele sabia que tudo dependia de como Jinx se sentia.

Enquanto seus pensamentos continuavam a vagar, o cansaço finalmente o venceu, e Ekko acabou adormecendo ao lado dela, sua mente ainda cheia de dúvidas e sonhos sobre o futuro que os aguardava.

O sol começava a se infiltrar pelas janelas, trazendo uma luz pálida para dentro da casa. Jinx acordou lentamente, esfregando os olhos enquanto ainda tentava se livrar do peso do sono. Sentia-se menos tonta e, pela primeira vez em dias, sem aquela náusea insistente. Levantou-se, os pés descalços tocando o chão frio, e seguiu para a cozinha, ainda bocejando.

Ao abrir o armário, pegou uma latinha de refrigerante, pronta para saciar sua sede. Mas, ao olhar para o objeto em suas mãos, as palavras de Ekko ecoaram em sua mente: "Eu ouvi você passando mal na outra noite. Acho que pode ser por causa disso."

Ela suspirou, fitando a latinha por alguns instantes antes de colocá-la de volta no armário. Não era algo típico dela, mas, de algum jeito, as palavras de Ekko a fizeram hesitar. Em vez disso, pegou a caixa de leite e começou a preparar um copo, derramando o líquido na caneca de forma quase mecânica.

Enquanto mexia o leite com uma colher, ouviu passos vindo do corredor. Olhou para trás e viu Ekko entrando na cozinha. Ele parecia mais cansado do que o habitual, os olhos ligeiramente fundos e os ombros tensos.

— Bom dia, Chefe do Tempo — brincou ela, embora sua voz estivesse carregada de uma curiosidade genuína. — Que cara é essa? Dormiu mal ou a cidade já tá te consumindo logo cedo?

Ekko deu um pequeno sorriso, mas parecia distraído. Puxou uma cadeira e sentou-se à mesa, esfregando os olhos com uma das mãos.

— É que depois que você dormiu, tive que sair rapidinho. Era importante. — Sua voz estava calma, mas Jinx notou um leve tom de cansaço que ele tentava esconder.

— Hm... e o que era tão importante assim no meio da noite? — perguntou ela, inclinando a cabeça de forma quase provocativa enquanto tomava um gole de leite.

Ekko hesitou por um momento. Ele poderia dizer a verdade, contar que estava preocupado com ela e que havia saído para buscar respostas sobre seus sintomas. Mas algo dentro dele o segurou. Ainda não era o momento. Ele precisava de mais tempo para encontrar as palavras certas, para entender como abordar aquilo sem assustá-la ou causar uma reação impulsiva.

— Ah, sabe como é, coisas de Zaun... nada que precise de muita explicação. — Ele deu de ombros, tentando soar casual, embora a inquietação ainda estivesse presente em seus olhos.

Jinx arqueou uma sobrancelha, desconfiada, mas não insistiu. Conhecia Ekko o suficiente para saber que, se ele não estava pronto para contar algo, era inútil tentar pressioná-lo.

— Tá, mas vê se descansa, viu? Cê tá com uma cara de que brigou com um relógio e perdeu.

Ele riu baixo, mesmo que estivesse longe de relaxado. Apenas observou enquanto ela terminava de beber o leite e jogava a caneca na pia com sua habitual falta de delicadeza. Jinx parecia mais animada, e isso o deixou aliviado. Mas a possibilidade de uma gravidez continuava girando em sua mente.

Ele sabia que o momento certo para tocar no assunto chegaria, mas, por enquanto, preferiu manter o silêncio, absorvendo a normalidade daquele instante enquanto podia. Ele pensava em fazer uma coisa que a deixava alegre para tocar em um assunto delicado.

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É no próximo cap tá, não me matem!!

Ecos do passado- timebomb Onde histórias criam vida. Descubra agora