A brisa suave de Zaun parecia ser mais rara naquela parte da cidade. Lá embaixo, as fábricas e as ruas lotadas sempre pareciam estar vivas, pulsando com o som constante de máquinas e fumaça. Mas ali, onde Ekko a guiava, o ar era diferente. Era mais fresco, mais puro, como se estivessem se afastando da realidade que conheciam, para algo... mais. Algo que ele havia criado.Jinx caminhava ao lado de Ekko, seu olhar curioso, mas ainda desconfiado. As luzes da cidade de Zaun não estavam mais ao seu alcance, e a escuridão da noite começava a se infiltrar lentamente, mas ela não sentia medo. Não com Ekko ao seu lado. Mesmo que ela não soubesse exatamente o que estava prestes a ver, algo dentro dela dizia que estava em boas mãos.
— Onde estamos indo, Ekko? — A voz de Jinx estava baixa, quase como se ela temesse quebrar o encanto do momento.
Ele não respondeu de imediato, seus passos calmos, como se a pressa fosse algo desconhecido. Ele simplesmente sorria, seu olhar fixo na estrada à frente, como se ela já soubesse a resposta.
— Não vai demorar. Confia em mim.
Ela arqueou uma sobrancelha, um sorriso irônico se formando em seus lábios. "Claro, confiar nele. Como sempre." Sempre algo relacionado a confiança, isso a irritava
Eles passaram por uma série de vielas e caminhos tortuosos, a cidade se tornando cada vez mais silenciosa ao redor deles, até que finalmente chegaram a um ponto onde as construções de Zaun pareciam se dissolver. Ali, no coração da cidade industrializada, Ekko a levou a uma cidade bem construída em volta de uma enorme árvore . Suas raízes antigas pareciam quase vivas, entrelaçando-se com a terra, criando um tipo de rede natural que se estendia por todo o terreno. Era uma árvore de proporções impossíveis, suas folhas brilhando suavemente como se estivessem sendo iluminadas por uma luz interna.
Jinx ficou sem palavras por um momento, seus olhos fixos na árvore. Não era como nada que ela já tivesse visto em Zaun. Era viva de uma forma que ela nunca imaginara ser possível, como se a própria essência da natureza tivesse encontrado um refúgio naquele lugar.
— O que... é isso? — Ela perguntou finalmente, sua voz suave, embargada pela surpresa.
Ekko virou-se para ela, o brilho de suas memórias refletido nos olhos. Ele sorriu, mas havia uma suavidade nele que ela raramente via.
— Isso, Jinx, é a cidade que eu criei.
Ela o olhou com uma mistura de incredulidade e curiosidade. Não era uma cidade no sentido tradicional. Não havia prédios ou fábricas sujas e enferrujadas. Em vez disso, havia uma sensação de liberdade, como se o tempo tivesse parado ali, ou pelo menos desacelerado.
— Você... criou isso? Aqui? — Jinx parecia não acreditar, seus olhos fixando-se na árvore gigante, como se ela fosse um monumento do qual não se podia compreender a totalidade.
Ekko assentiu, dando um passo em direção à árvore, convidando-a a segui-lo. Eles estavam agora na borda do grande tronco, cujas raízes se estendiam para fora como braços acolhedores.
— Eu criei tudo isso com o que tinha, Jinx. Usando o poder da árvore, eu consegui reconstruir a cidade do meu jeito.Um lugar onde o tempo não corresse tão rápido, onde as pessoas pudessem viver... de verdade. — Ele olhou para ela, os olhos brilhando com um entusiasmo genuíno. — É a cidade que eu sempre sonhei.
Jinx o observava em silêncio, tentando processar as palavras dele. Havia algo em sua voz que a tocava, algo sincero. Ekko havia criado uma utopia em meio ao caos, um lugar onde a realidade de Zaun não podia alcançá-los. Um lugar onde ela podia, talvez, começar de novo.
Ele a guiou pelas raízes da árvore, que se abriam como passagens naturais, cada uma levando a um novo espaço, uma nova área iluminada suavemente pela energia da árvore. Pequenas casas estavam espalhadas, construídas de maneira orgânica, fundindo-se com o ambiente. Luzes flutuantes piscavam no ar, projetando sombras dançantes nas paredes de musgo. Era como um pequeno paraíso secreto.
Jinx sentiu o vento suave acariciar seu rosto, o cheiro da terra fresca entrando em suas narinas. Havia uma sensação de paz aqui, algo que ela não conseguia mais sentir nas ruas estreitas e sujas de Zaun. Algo em Ekko parecia ter encontrado a chave para esse equilíbrio.
— Esse... Lugar é a definição de paraíso, eu daria tudo para ter nascido em um lugar assim — Ela murmurou, a surpresa era evidente em sua voz.
Ekko sorriu, mas seu sorriso estava cheio de saudade.
— Eu nunca imaginei que eu iria te apresentar esse lugar - ele fez uma breve pausa - aqui... Vive varias crianças, na sua maioria órfãs, e isso me faz me lembrar de como era nossa infância - ele encarou Jinx - talvez um pouco sofrida mas nunca cem por cento triste.
Jinx ficou em silêncio, as palavras dele ecoando em sua mente.Ela sempre soubera que Ekko tinha algo mais dentro de si. Sempre soubera que ele não era só o garoto que consertava as coisas ou que tentava proteger o que restava de Zaun. Ele era alguém que queria construir algo novo. Algo melhor.
Eles chegaram a uma pequena clareira no coração da cidade, onde uma plataforma de madeira flutuava no ar, sustentada por algum tipo de energia invisível. Ekko olhou para ela com um sorriso mais suave.
— Eu pensei que poderia ser aqui. Onde as coisas podem começar de novo.
Jinx olhou ao redor, seus olhos absorvendo tudo — as luzes, as árvores, o ar que se sentia diferente, mais leve. Pela primeira vez em muito tempo, ela não sentia a pressão da cidade ao seu redor, nem a confusão de sua mente. Ela sentiu a liberdade, e isso a surpreendeu.
— Então... tudo isso é seu? — Ela finalmente perguntou, seus olhos fixos no rosto de Ekko.
Ele assentiu, agora sem a máscara de seriedade que ela conhecia tão bem. Ele parecia vulnerável ali, em sua criação. Ele estava oferecendo a ela o que sempre quis. E, de algum jeito, ela sabia que não era só a cidade. Era algo mais.
— Não é só minha. É de todos que habitam aqui e pode ser sua. Se você quiser. — Ele estendeu a mão para ela, e o gesto parecia mais significativo do que qualquer palavra.
Jinx olhou para a mão estendida, seu coração batendo mais forte. Talvez, apenas talvez, ela pudesse aprender a confiar nesse lugar. E principalmente nele.
A sensação de estar novamente com ekko soava diferente, era estranho, mas era o estranho nostálgico. O lugar que ela estava a fez se sentir em casa, não só o lugar mas as pessoas também.
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Ecos do passado- timebomb
Fiksi PenggemarJinx e ekko se distanciaram drasticamente após Jinx se juntar com silco, porém depois de anos eles se reencontram e percebem como tudo mudou, distinta a descobrir sobre o novo Ekko, Jinx acaba morando por um tempo com ele, e acaba descobrindo sobre...