Ecos do passado- timebomb

"não tão ruim"

A casa estava em silêncio absoluto enquanto Jinx passava o dia sozinha. Ela se revirava no sofá, brincando com uma chave inglesa que pegara na mesa de Ekko, girando-a entre os dedos apenas para passar o tempo. O silêncio não a incomodava normalmente, mas, naquela tarde, sentiu-se mais inquieta do que o normal.

Tentou ocupar a mente com coisas triviais: desmontou uma pequena engenhoca que encontrou no canto da sala e a remontou só para o desafio. Depois, deu voltas sem rumo pela casa, olhando as paredes como se pudessem oferecer alguma distração. Nada parecia funcionar.

No fundo, sabia que algo estava mudando. Não era apenas seu corpo reagindo de maneira estranha nos últimos dias, era a forma como Ekko a observava, mais atento, mais cuidadoso. Ele estava escondendo algo, e isso a deixava ainda mais ansiosa.

O sol se pôs, e as sombras tomaram conta do ambiente quando Jinx ouviu a porta se abrir. Ekko entrou com passos pesados, mas seu rosto exibia uma mistura de determinação e cansaço. Ele colocou sua mochila no canto e suspirou antes de olhar para ela.

— eai — disse ele com uma voz baixa, mas cheia de um peso que ela não pôde ignorar.

— Até que enfim, Chefe do Tempo — respondeu Jinx, tentando soar casual enquanto cruzava os braços. — Achei que tivesse se perdido em Zaun.

Ekko riu levemente, mas não houve a leveza usual em sua expressão. Ele foi até a mesa e puxou uma cadeira, sentando-se de frente para ela. Jinx percebeu que algo estava definitivamente fora do comum.

— A gente precisa conversar — ele disse, olhando diretamente nos olhos dela.

Jinx estreitou os olhos, desconfiada, mas também curiosa.

— Tá. E o que é tão sério assim pra você chegar com essa cara?

Ekko respirou fundo, passando a mão pelo cabelo enquanto tentava organizar os pensamentos. Ele sabia que precisava ser cuidadoso, mas também direto. E tinha oficialmente da ideia de esperar, era algo que precisava ser descoberto o mais rápido possível.

— Eu... tô preocupado com você, Jinx. Esses últimos dias, tudo o que tem acontecido com você... os enjoos, o cansaço, sua sensibilidade... Eu fui atrás de respostas.

Ela franziu a testa, agora totalmente atenta às palavras dele.

— Respostas? Como assim? Ekko, o que você foi fazer?

— Fui falar com Heimerdinger — respondeu ele, sem rodeios. — Contei sobre seus sintomas, e ele me falou de uma possibilidade.

Jinx estreitou os olhos, o coração acelerando enquanto tentava decifrar o que ele estava dizendo.

— Que possibilidade? — ela perguntou, a voz um pouco mais baixa, quase cautelosa.

Ekko a encarou por um momento, lutando contra o peso do que estava prestes a dizer. Finalmente, soltou um suspiro profundo e falou:

— Ele acha que você pode estar grávida, Jinx.

As palavras pairaram no ar por alguns segundos, como se o tempo tivesse parado. Jinx ficou completamente imóvel, os olhos arregalados enquanto tentava processar o que ouvira.

— O... o quê? — ela finalmente conseguiu balbuciar, a voz entrecortada.

Ekko inclinou-se ligeiramente para frente, tentando manter a calma.

— Eu sei que é muita coisa pra processar. E, honestamente, eu também tô tentando lidar com isso. Mas os sintomas batem, Jinx. Não tô dizendo que é certeza, mas... é algo que a gente precisa considerar.

Ela ficou em silêncio, olhando para ele como se procurasse alguma confirmação de que aquilo era uma piada. Mas o olhar sério de Ekko apenas solidificou o peso daquela possibilidade.

— Grávida...? — repetiu ela, mais para si mesma do que para ele. Seus pensamentos começaram a correr em várias direções, mas nenhuma fazia sentido.

Ekko se levantou e foi até ela, abaixando-se para ficar na mesma altura.

— A gente precisa confirmar, Jinx — disse ele com firmeza, segurando suavemente suas mãos. — Amanhã de manhã, vamos até o Heimerdinger. Ele pode fazer os exames necessários e acabar com qualquer dúvida.

Jinx ficou em silêncio, ainda processando tudo o que tinha ouvido. A ideia de estar grávida parecia tão absurda, tão fora do que ela considerava possível... mas, ao mesmo tempo, a dúvida estava lá, crescendo como uma chama pequena mas insistente.

— Tá, tudo bem — respondeu ela, sem olhar diretamente para ele. — A gente vai amanhã.

Ekko assentiu, aliviado por ela ter concordado. Ele sabia que seria difícil para ela encarar essa possibilidade, mas também sabia que ela era mais forte do que aparentava.

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A noite caiu, e Ekko dormiu antes de Jinx. O peso das emoções e do cansaço finalmente o venceu, e ele adormeceu profundamente, os traços de preocupação ainda visíveis em seu rosto mesmo em descanso.

Jinx, no entanto, não conseguia pregar os olhos. O silêncio da casa parecia opressor, e sua mente estava cheia de pensamentos caóticos. Virava-se na cama, inquieta, até que finalmente desistiu e se levantou.

Caminhou até o banheiro, os passos leves para não acordar Ekko. A luz fria do espelho iluminou seu rosto enquanto ela se apoiava na pia, encarando seu reflexo. Ficou ali por vários minutos, apenas olhando para si mesma, como se buscasse alguma mudança, algo que confirmasse ou negasse a possibilidade que agora não conseguia tirar da cabeça.

Com as mãos trêmulas, levantou a blusa devagar, expondo a barriga. Tocou-a com cuidado, os dedos deslizando pela pele enquanto sua mente criava imagens que ela não conseguia controlar. Tentou se imaginar com uma barriga grande, carregando um bebê, e a ideia a deixou completamente desconcertada.

— Grávida... — murmurou, a palavra parecendo estranha em sua boca.

Ela deu um passo para trás, ainda olhando para o espelho. Nunca havia pensado em si mesma como mãe. Não sabia o que isso significava, o que exigia, ou sequer se era algo que ela seria capaz de fazer. Mas, no fundo, sentia uma mistura estranha de medo e curiosidade.

Passou mais alguns minutos ali, perdida em pensamentos. A ideia de ter um bebê era assustadora, mas a possibilidade de estar grávida de Ekko trazia uma pequena centelha de algo que ela não sabia definir.

Quando voltou para a cama, Ekko ainda dormia profundamente. Jinx deitou-se ao lado dele, mas continuou acordada, os pensamentos girando como uma tempestade. O dia seguinte traria respostas, mas, naquela noite, ela só tinha dúvidas, uma ansiedade gigantesca e um reflexo que parecia mais estranho do que nunca.

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Entrando na reta final da fic!!!