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Anna Luiza.

Tava tentando manter a calma, sentada na cama com a mão na barriga sentindo uma leve colicazinha e por conta dos hormônios comecei a chorar, chorar sem parar.

Olhei pra Yasmin que tava mexendo no celular desesperada atrás de notícias de como tava lá pra baixo.

Yasmin: fica calma amiga, vai dar tudo certo como sempre.

Anna: ta a minha mãe, o meu pai e o meu namorado lá fora Yas, o pai da minha filha ta lá, eu cresci sem mãe e não quero que a minha filha cresça sem pai.

Yasmin: calma Anna Luiza, o Terror sabe o que faz, aquele muleque é tudo menos burro, é mais fácil qualquer um dali ser preso do que ele.

Respirei fundo algumas vezes tentando acalmar minha respiração e quando tava conseguindo escutei a Yasmin murmurando um tanto de palavrão.

Anna: que que aconteceu? fala logo.

Yasmin: Farias levou um tiro no peito lá na frente da minha casa.

Paralisei lembrando da Julia e do bebê deles e meu coração acelerou de novo pensando em como o Felipe devia tar.

Yasmin: Luiza pelo amor fala que isso ai é xixi e não sua bolsa estourando.

Olhei pra baixo e vi o liquido sair de mim molhando o chão inteiro.

Anna: a não filha, agora não.

Yasmin correu pro banheiro e pegou uma toalha me entregando pra tentar me secar e eu respirei ainda mais fundo rezando.

Yas: ta tranquila?

Balancei a cabeça concordando e joguei a cabeça pra trás querendo chorar.

Yasmin: a bolsa estourou antes da hora Anninha, por ela ainda ser prematura é bom a gente já ficar preparada caso o parto tenha que ser feito aqui.

Anna: Yasmin eu não to preparada, meu parto ia ser cesaria caralho.

Yasmin: eu sei Anna, mais é a saúde da sua filha em risco, ela vai ser prematura, a bolsa estourou e pra vocês duas pegar uma infecção é muito fácil.

Anna: e você sabe como tirar uma criança de dentro de uma buceta?

Yasmin: saber eu não sei né, mais eu prefiro arriscar do que ter a certeza que vai acontecer alguma coisa de ruim.

Concordei com a cabeça começando a sentir uma dorzinha e não sabia o porque da dor já que a doutora sempre me falou que as contrações vinham algumas horas depois da bolsa estourar.

Anna: ta doendo Yasmin, minha filha vai nascer Yasmin, caralho.

Sentei no chão me mexendo tentando fazer a dor parar e muito pelo contrário ela aumentou.

Yasmin: cê não sentiu nada o dia inteiro?

Anna: senti colica algumas vezes mais achei que era normal puta que pariu.

Fechei os olhos chorando sentindo umas pontada que puta merda, parecia que eu ia desmaiar.

Yasmin correu pro banheiro e eu escutei o barulho de água, ela voltou vindo pra perto de mim e me ajudou a levantar me levando pro banheiro e me colocou dentro da banheira.

Yasmin: respira fundo e depois solta toda sua força Anna, pode gritar, berrar, fazer o escândalo que cê quiser mais bota força.

Respirei junto com ela tentando parar de chorar enquanto colocava toda a minha força sentindo meu corpo inteiro doer como se tivesse quebrando.

Anna: eu não consigo porra, eu não consigo.

Yasmim: consegue sim Anna Luiza, você é forte porra, é forte pela sua filha, pela vida da tua menina.

Ela gritava junto comigo e apertava minha mão na mesma intensidade que eu apertava a dela, eu chorava igual uma condenada tentando aliviar meu corpo daquela dor infernal.

Juro que eu acho que eu nunca chorei tanto na minha vida e quanto mais eu tentava botar força mais fraca eu ficava.

Meu corpo involuntariamente já tava colocando força e eu só queria fechar meus olhos e desmaiar porém até isso parecia que precisava de força.

Por alguns minutos deu uma pausa na dor intensa e eu abaixei a cabeça na borda da banheira e respirei o máximo que consegui já esperando pra quando a dor voltasse.

Yasmin tava em pé e pelo que eu acho tirou fotos nesse tempinho de pausa da contração mais quando eu murmurei e voltei a me mexer ela lavou as mãos e colocou as luvas.

Anna: ta doendo, puta que pariuuuu, eu não aguento, ta doendo, ta doendo muito.

Eu chorava e gritava, meus gritos ficaram mais altos que os tiros lá de fora e eu não pensava em mais nada só na dor que eu nunca imaginei que existia.

Fechei meus olhos com força e respirei o mais fundo que eu consegui, apertei a mão da Yasmin com força pra caralho e junto com o grito mais alto e doído que eu já dei na minha vida inteira eu escutei o choro mais reconfortante.

Anna: minha filha, Maria Luiza.

Yas: vai Anna Luiza, só mais um pouco de força e ela vai tar nos seus braços.

Eu jurava que eu não tinha mais quando aquele choro alto fez eco no banheiro eu fiz o maior esforço possível sentindo ela sair por completa.

Yasmin: nasceu a princesinha da dinda, nossa Maria Luiza.

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