A sala estava mergulhada em um silêncio pesado, apenas o som de meu próprio respirar ecoava enquanto eu encarava Caius. Ele estava sentado à minha frente, despreocupado, como se o fato de eu estar ali não fosse nada além de uma inconveniência temporária. Isso era típico dele. Aquele ar de superioridade, como se o mundo inteiro estivesse abaixo de seus pés. Era de se esperar de um homem como Caius Beker.
Eu me aproximei devagar, sem pressa. O que ele tinha de arrogância, eu tinha de paciente. Ele me observava com aquele olhar de quem sabia que estava no controle, ou pelo menos achava que estava. Mas o jogo que ele tanto gostava de controlar estava prestes a mudar, e eu queria que ele soubesse disso.
- Veio me dar um sermão? - Ele perguntou com uma voz arrastada, recostando-se na cadeira como se aquilo fosse um encontro casual. - Ou talvez você esteja aqui por... ela?.
Meu sangue ferveu no mesmo instante. A menção a Calliope me atingiu de forma direta, mas eu não deixei que isso transparecesse. Pelo menos, não deixei que ele percebesse.
- Você parece o tipo de pessoa que gosta de fingir que se importa com os outros - Retruquei, cruzando os braços, inclinando-me levemente contra a parede. - Especialmente com ela.
Ele riu, uma risada leve e desdenhosa, e balançou a cabeça.
- Calliope não precisa que você finja ser o cavaleiro de armadura brilhante, Noah. Ela nunca precisou.
- Eu sei disso - Respondi, sem me deixar abalar. - Mas não estamos falando sobre o que ela precisa. Estamos falando sobre o que você faz. Como você a envenena, mentindo com aquele seu teatro ridículo.
- Teatro? - Ele arqueou uma sobrancelha, fingindo interesse. - Se há alguém representando aqui é você. Esse papel de bom moço não combina com as coisas que eu ouvi a seu respeito.
Me aproximei um pouco mais. Caius sabia jogar com as palavras, mas eu não estava ali para ser manipulado.
- Você acha que pode continuar brincando com ela e sair ileso? - Perguntei, enquanto dava uma volta pela sala, olhando os arredores - Acha que eu não sei o que você faz por trás das costas dela?.
Ele se ajeitou na cadeira, apoiando os cotovelos nos braços do assento e inclinando-se levemente à frente, o sorriso nunca deixando seus lábios.
Continuei a caminhar pela sala, o som das minhas botas ecoando no chão de madeira. Observei os detalhes ao meu redor, uma estante cheia de papéis desorganizados e uma garrafa de uísque pela metade sobre a mesa.
- Sei exatamente o que você pensa que sabe - Ele murmurou, o tom carregado de cinismo. - E francamente, não me importo. Você está tão obcecado com a ideia de me expor para ela que esquece de um pequeno detalhe.
- Qual?.
- Ela me ama.
Aquelas palavras foram uma faca girando lentamente dentro de mim. Mas Caius ainda não tinha terminado.
- Não importa o que você faça, Noah - Ele continuou, agora em um tom quase divertido. - Ela sempre vai voltar para mim. Porque, no fim das contas, você é apenas um desconhecido, e eu, sou o marido dela. Sou eu quem me deito com ela todas as noites.
Aquela fala me atingiu, mas não da maneira que ele esperava. O ódio crescia dentro de mim, mas era controlado. Eu sabia que não podia vacilar, não com ele. Caius achava que suas palavras tinham o poder de me quebrar, mas ele estava apenas alimentando algo muito mais perigoso.
- Você realmente disse isso? - Perguntei, com um sorriso irônico que não chegava aos olhos. Comecei a andar de um lado para o outro. - Que deita com ela todas as noites?. Que é o homem dela?.
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ENTRE FLORES E SEGREDOS
RomanceDARK ROMANCE | +18 A vida pacífica de Calliope Lewis na floricultura da família é virada de cabeça para baixo quando ela recebe uma fita cassete e uma carta misteriosa. Envolvida em um jogo psicológico de gato e rato, ela enfrenta uma perigosa batal...