A dor se intensificava a cada minuto, e o ambiente ao meu redor parecia se tornar um borrão de rostos preocupados e vozes apressadas. O efeito do remédio amenizava um pouco o desconforto, mas não o medo que crescia dentro de mim. Juliette segurava minha mão com força, como se quisesse me ancorar ali, impedir que eu me perdesse no pânico que ameaçava me consumir.— Estou aqui, amor... — ela sussurrou, beijando minha testa molhada de suor. — Você está indo muito bem.
Os médicos estavam prontos. O parto precisava acontecer o mais rápido possível para evitar que a bactéria chegasse à nossa bebê. O tempo corria contra nós. Eu queria que Maria Paula estivesse segura, mas, ao mesmo tempo, o pensamento de tê-la fora de mim antes da hora me assustava.
A sala era fria, as luzes fortes me cegavam um pouco, e o nervosismo me fazia tremer. Juliette não soltava minha mão em nenhum momento. Seus olhos estavam marejados, mas ela tentava se manter forte por mim, por nossa filha.
— Está tudo bem, amor, estamos quase lá — repetia, sua voz trêmula, mas firme.
Ouvia as vozes dos médicos e enfermeiros dando instruções. Meu coração batia acelerado. Senti que eles fizeram todo os procedimentos da cesárea, então, um alívio repentino quando finalmente a tiraram de mim. Ela estava livre de qualquer forma de se infectar ali.
Por um instante, o tempo parou.
Esperei, prendi a respiração, aguardando o som que todas as mães sonham em ouvir naquele momento. Mas o choro não veio imediatamente.
— Por que ela não chorou? — minha voz saiu fraca, mas cheia de desespero.
Juliette olhou para os médicos, buscando uma resposta. Eles estavam concentrados em nossa bebê, e meu coração se apertou. Meu corpo todo tremia, a exaustão se misturando com o medo.
Segundos depois, um choro fraco e baixinho ecoou pela sala.
Eu solucei de alívio, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Juliette também chorava, mas logo seu olhar mudou ao ver as enfermeiras e os médicos agirem rapidamente. Maria Paula precisava ser levada para a UTI neonatal.
— Mas... e o meu bebê? — minha voz falhou. Eu sabia que aquilo poderia acontecer, mas não estava preparada para ver minha filha ser levada sem ao menos tê-la em meus braços. Sem aquele momento que eu sempre imaginei: sentir sua pele contra a minha, olhar em seus olhinhos, vê-la ali, frágil e perfeita, nossa pequena.
Juliette se levantou no instante em que as enfermeiras pegaram nossa bebê. Eu vi o dilema no olhar dela. Ela me olhou, depois para Maria Paula sendo levada, e então para mim de novo.
Ela não sabia o que fazer.
— Amor... — sua voz saiu embargada.
Eu não queria que ela me deixasse, mas o medo falou mais alto. E se levassem minha filha para longe? E se algo acontecesse? Pensamentos irracionais tomavam conta da minha mente, e eu precisava de alguém ali para garantir que nossa bebê estava segura.
Segurei a mão de Juliette, mesmo sem forças, e pedi baixinho:
— Vai com ela, por favor. Não deixa ela sozinha. Eu fico bem, mas preciso que você vá...
Os olhos dela brilharam de angústia, mas ela assentiu, abaixando-se para me dar um beijo na testa.
— Eu te amo. Eu vou ficar com ela e te trazer notícias. Fica tranquila, amor.
Eu a vi sair atrás das enfermeiras, o coração apertado por não poder estar junto. Minha bebê, tão pequenininha, tão indefesa, longe de mim.
A dor física se misturava com a dor emocional. Não era assim que eu imaginei esse momento. Eu queria o nosso instante juntas. Eu queria minha filha comigo.
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Férias no Rio de Janeiro
FanfictionSarah, uma mulher moradora de Brasília, nunca imaginou que sua vida mudaria tanto ao assistir o BBB 21. Desde o primeiro momento, ela se encantou por Juliette, a advogada paraibana que cativou o Brasil com sua autenticidade e força. Como uma fã ferv...