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Todos os dias, a biblioteca é aberta às 09:00 AM. E a essas horas, uma rapariga de cabelos pretos, com sardas, olhos amêndoados castanhos abre as portas da "minha casa", que é só visitada por mim 20 minutos antes de fechar.

Essa rapariga chama-se Dana. Sei disso, apenas pelo facto que a rapariga de cabelos pretos tem o seu nome a dizer na sua farda. Dana é uma das poucas pessoas que me vê todos os dias e sorri quando me olha.
Sabe tão bem receber sorrisos de pessoas que nos são desconhecidas. Sentimo-nos seguros e felizes.

06:30 PM.

O relógio da Igreja assinala as horas. Um sorriso forma-se na minha cara por saber que são horas. São horas para poder entrar naquele grande edifício.
Pentei-o o meu cabelo com os meus dedos e acabo por entrar.

Este sim. Este sim é o meu mundo. O mundo dos livros.
Estes são tão importantes para nós, eles ajudam-nos nas dúvidas que mais precisamos, ajudam a aprender, que para mim, é o mais importante.

Ando vagaramente até à estante de livros que todos os dias me aguarda e retiro o grande e pesado dicionário.

Relembro a página onde fiquei e vou até essa. A primeira palavra que me aparece é "sentimento".

Leio cada palavra que está na defenição de "sentimento", em voz alta. Falando em voz alta sinto que a minha mente absorve todas as palavras que digo.

A estas horas, apenas a rapariga e eu estamos na biblioteca. Nunca ouvira a voz desta, apenas o sorriso que me lança todos os dias.
Como será a sua voz? Porque escolheu esta profissão? Porque me sorri? Porque me deixa entrar na biblioteca, quando os outros bibliotecários da tarde, mal me vêm, pedem gentilmente para eu sair?
Porquê?

Não sei. Ninguém sabe sem ser ela. É tão difícil responder a uma pergunta que começe com "porque" ou "porquê".

Door of a library. || L.POnde histórias criam vida. Descubra agora