— Então... o que achou?
Os três jovens estavam esparramados no sofá, tigelas vazias de pipoca entre eles, os créditos do filme passando na televisão; o ventilador de teto zumbia sobre suas cabeças, um guerreiro resistente contra o calor extremo.
André atirou uma das últimas pipocas dentro da boca, a testa franzida. Exibiu um sorriso sem graça.
— Pra falar a verdade, não entendi quase nada... mas as músicas foram boas!
Letícia riu.
— Bom, ao menos já temos a playlist pra nossa próxima faxina! Drama e comédia combinam perfeitamente com limpeza!
André deu de ombros.
— Por mim tudo bem. Só não espere que eu saiba dançar.
Vera Lúcia sorriu com isso, o celular em mãos, jogada no sofá de forma preguiçosa. Parecia um gatinho se espreguiçando entre as almofadas.
— Eu te ensino.
— ...Vera, eu sou um caso perdido, tô falando sério.
— Eu faço milagres. Você nem imagina o tanto de garotas que se soltaram depois de eu dançar com elas.
André estreitou os olhos. Um pouco de vermelho surgiu em suas bochechas.
— De que tipo de dança estamos falando aqui?
Vera Lúcia lançou um olhar adorável e nem um pouco inocente. Voltou a mexer no celular, os lábios em um biquinho concentrado, digitando algo que não era destinado a eles.
Letícia sorriu diante disso, tentando esconder o fato de que seu rosto também começou a esquentar. Estava acostumada com o humor "maduro" da amiga, mas havia algumas piadinhas que a afetavam além do normal.
Especialmente aquelas relacionadas às aventuras que a loira tinha antes de se conhecerem... aventuras que ela fazia questão de que todos da cidade soubessem.
Pesquisar o sobrenatural era, para os moradores de Nova Maria, a coisa mais inofensiva que Vera Lúcia já fez.
André revirou os olhos, se levantando e catando as tigelas vazias.
— Eu vou lavar isso, com licença-
— Oh! — Letícia saltou do sofá. — Peraí, eu vou com você! Preciso checar algumas coisas antes do anoitecer.
Os dois saíram da sala, caminhando silenciosamente pela casa, e Letícia encarou uma das janelas próximas.
O céu estava nublado, com nuvens escuras e cheias, dando a impressão de que o sol já havia desaparecido.
Sem dúvida haveria chuva mais tarde. Letícia não sabia dizer se aquilo era bom ou terrível.
Chegando na cozinha, Letícia foi direto à geladeira, checando a comida e compras que ainda tinham. Estavam bem abastecidos, felizmente. Suprimentos não seriam um problema pelos próximos dias.
O som de água caindo preencheu o ambiente. André se curvava sobre a pia, as mãos cobertas em espuma, mostrando uma careta enquanto esfregava as tigelas grudentas.
Letícia fechou a geladeira, se aproximando dele.
— Então... como você tá?
O rapaz ergueu os olhos, confuso. Ele voltou a lavar a louça.
— Bem, eu acho.
— Se sentindo confortável aqui?
Ele riu um pouco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Oneirofobia
HorrorOneirofobia: o medo extremo de sonhar. Três jovens adultos, atormentados por pesadelos terríveis, se juntam para investigar e deter as estranhas entidades que assombram seus sonhos. No processo, eles aprendem que seus medos podem ser muito mais pr...