O laço que nos une | Nessian

Capítulo dezesseis

Para Cassian não havia sensação mais agradável do que sentir o cheiro do mar, ouvir o barulho das ondas se desfazendo na margem e a luz do sol atravessando sua pele. Talvez fosse os efeitos da vitamina D no corpo ou a combinação de estímulos externos que traziam uma sensação de pertencimento.

No sábado, o grupo fez uma caminhada muito curta até a praia, aproveitando a temperatura alta já cedo de manhã. De onde estava, sentindo a areia molhada sob seus pés, ele podia ver a casa dos pais, a mesma que recebeu inúmeras ofertas de compra ao longo dos anos. Mas a estrutura à beira-mar e a forma que ela se fundia à paisagem, o fez entender por que os pais não demonstraram nenhum interesse em vendê-la.

Ele voltou a atenção para a bola que pulava de mão em mão, até chegar a ele, que a empurrou para Rhys com facilidade. O objetivo do jogo era não deixar a bola cair no chão. Porém, em algum momento, Varian a socou com muita força, fazendo a bola voar para o outro lado, em direção às pessoas que descansavam na areia.

Cassian correu para buscá-la e a encontrou nas mãos de Nestha, sentada em uma toalha de praia. Ele se permitiu olhar para as pernas bronzeadas, totalmente descobertas. O biquíni vermelho, de bolinhas brancas, destacava o dourado da pele, agora muito mais bronzeada. Queria admirar todas as partes dela que fossem visíveis, mas se obrigou a encarar seu rosto com um óculos escuro.

Quando ele chegou perto o suficiente, ela jogou a bola para ele.

— Obrigado — ele disse.

Nestha não disse nada, apenas voltou a deitar na toalha, deixando seu corpo inteiro à mercê do sol. Foi difícil para ele tirar a vista e retornar ao jogo.

Aproximando-se de onde os amigos estavam, Cassian jogou a bola para a pessoa mais próxima, mas se arrependeu no mesmo instante quando ela caiu nas mãos de Mor. Sua habilidade em saques era terrível.

— Adeus, bola! Foi bom te conhecer — Rhys caçoou quando a bola fez uma curva sobre-humana no ar, sendo jogada a um espaço que não havia ninguém para recebê-la.

— Vamos mudar as regras do jogo: — Cassian falou — perde quem deixar Mor tocar na bola.

— Que engraçado, ha-ha — Mor forçou uma risada.

Para o desgosto da amiga, Cassian realmente fez isso. Sempre que a bola era lançada na direção dela, bem ao seu lado, ele a alcançava primeiro, formando uma guerra entre os dois. Prevendo a interferência dele, Mor o empurrou antes que ele pegasse a bola que chegava até ela. Cassian foi pego desprevenido e caiu no chão.

— Bem fraco, hein? — Mor fez graça. — Não comeu nada hoje?

Ele levantou com toda a calma do mundo, mas com um movimento ágil, jogou Mor nos seus ombros e correu para dentro do mar.

— Não quero molhar meu cabelo! — ela gritou, mas foi tarde demais, ele a lançou na água como um saco de lixo.

Ele saiu do mar satisfeito, com ela logo atrás proferindo os xingamentos mais obscenos.

De repente ele estancou os passos, vendo uma cena que o deixou petrificado. Helion estava sentado na toalha de Nestha, enquanto ela espalhava protetor solar nas suas costas. Um sentimento nem um pouco acolhedor o invadiu, que se assemelhava muito à raiva.

Mor, que também havia parado, seguiu o caminho onde os olhos de Cassian soltavam faíscas.

— Helion não tem limites. Dá em cima de qualquer ser humano que respira — ela falou com a voz da experiência, já que ela mesma foi alvo das investidas de Helion. — Quer que eu jogue areia nele como quem não quer nada?

Cassian a encarou.

— Você faria isso por mim?

— Só observe — Mor disse, já se afastando dele.