Capítulo 5

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Acabou que meus pais nem tiveram chance de me explicar qualquer coisa. Quando chegamos em casa, meu pai estava no meio de sua aula de ioga tântrica para hippies exageradamente sexuados e exageradamente ultrapassados no salão que ficava atrás da casa.

Por isso mamãe mandou que eu fizesse minhas tarefas. E aí Lauren chegou cedo para o jantar.

Eu estava no estábulo limpando as baias quando vi de relance uma sombra entrar pela porta.

– Quem está aí? – gritei assustada, ainda com os nervos à flor da pele por conta dos acontecimentos do dia.

Quando não houve resposta, tive a sensação ruim de que devia ser a nossa convidada para o jantar. Lembrei que mamãe convidou a aluna de intercâmbio quando ela atravessou a empoeirada arena de equitação. Ela não pode ser tão perigosa.

Ignorando o aval de mamãe, continuei segurando o forcado com firmeza.

– O que você está fazendo aqui? – indaguei enquanto ela se aproximava.

– Olhe os bons modos – reclamou Lauren com seu sotaque metido a besta, levantando pequenos tufos de poeira a cada passada longa. Chegou perto de mim e outra vez fiquei espantada com sua altura. – Uma dama não se exalta no meio de um estábulo – continuou ela.

E que espécie de saudação foi essa? A garota que me perseguiu o dia todo está dando aula de etiqueta para mim?

– Perguntei por que você está aqui – repeti, apertando o forcado com um pouco mais de força.

– Para conhecer você, é óbvio – respondeu ela, enquanto parecia me avaliar, andando em volta de mim, olhando minhas roupas. Girei, tentando mantê-la em meu campo de visão, e o peguei franzindo o nariz. –Sem dúvida você também está ansiosa para me conhecer.

Não mesmo... Eu não fazia ideia do que ela falava, mas me medir da cabeça aos pés não era nada legal.

– Por que está me olhando desse jeito? Ela parou de me rondar.

– Você está limpando as baias? Isso aí nos seus sapatos são fezes?

– São – respondi, confusa com seu tom de voz. Por que ela se importa com o que tem nos meus sapatos? – Eu limpo as baias todas as noites.

– Você? – perguntou ela, parecendo perplexa e horrorizada. – Alguém tem que fazer o serviço.

Por que essa garota acha que isso é da conta dela?

– No lugar de onde venho temos pessoas para fazer isso. Criados. – Ela fungou – Uma dama da sua magnitude nunca deveria fazer uma tarefa inferior. É ofensivo.

Quando ela disse isso, meus dedos apertaram o forcado outra vez e não foi por medo.

Lauren Jauregui não estava só me apavorando – estava me deixando possessa.

– Olha, já estou de saco cheio de você ficar atrás de mim e dessa sua pose – esbravejei. – Quem você pensa que é? E por que está me perseguindo?

A raiva e a incredulidade brilharam nos olhos verdes de Lauren.

– Sua mãe ainda não contou, não é? – Ela balançou a cabeça. – A Dra. Cabello prometeu que lhe explicaria tudo. Seus pais não são muito bons em cumprir promessas.

– A gente... A gente ia conversar mais tarde – gaguejei, com o ultraje enfraquecendo um pouco diante de sua raiva óbvia. – Papai está dando aula de ioga...

– Ioga? – Lauren deu uma risadinha desagradável. – Contorcer o corpo numa série de configurações ridículas é mais importante do que informar à filha sobre

o pacto? E que tipo de homem pratica um passatempo tão pacifista? Os homens deveriam treinar para a guerra, não perder tempo entoando "om" e pregando a paz interior. Hein?

– Pacto? Que pacto?

Lauren observava as traves do teto do estábulo, andando de um lado para o outro, as mãos cruzadas às costas, e murmurava:

– Isso não está certo. Não está nem um pouco certo. Eu disse aos Anciões que você deveria ter sido convocada de volta à Romênia há anos, que nunca seria uma noiva adequada...

Epa, espera aí.

Noiva? Lauren fez uma pausa e girou nos calcanhares para me encarar.

– Estou cansado da sua ignorância. – Ela chegou mais perto de mim, inclinandose. – Como seus pais se recusam a informá-la, eu mesmo darei a notícia. E vou fazer isso do modo mais simples. – Ela apontou para o próprio peito e anunciou, como se falasse com uma criança: – Eu sou uma vampira. – E apontou para o meu peito. – Você é uma vampira. E vamos nos casar assim que você alcançar a maioridade, isso foi decretado desde o nosso nascimento.

Não cheguei a processar a parte do "vamos nos casar", muito menos o lance sobre "decretado". Eu já tinha me perdido na parte do "vampira".

Pirada. Lauren Jauregui é completamente pirada. E estou sozinha com ela num estábulo.

Por isso fiz o que qualquer pessoa sensata faria. Cravei o forcado no pé dela e corri feito louca para casa, ignorando seu grito de dor.

Como Se Livrar De Uma Vampira ApaixonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora