Capítulo 25

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– Você vai fazer uma ótima exibição, querida – prometeu mamãe, usando um alfinete para prender meu número nas costas do blazer de montaria.

– Vou vomitar – gemi. – Por que me inscrevi nisso?

– Porque os desafios nos fazem crescer – respondeu mamãe.

– Se você diz...

Dentro de alguns minutos seria a minha vez.

Eu montaria Bela na arena do Clube da Juventude e nós saltaríamos uma série de obstáculos.

A coisa toda duraria uns três minutos, no máximo.

Então por que eu estava tão nervosa?
Porque você pode cair. Bela pode refugar, você não é uma atleta, é só uma matematleta.

– Eu deveria ter trazido um bezerro, como no verão passado – resmunguei. – Tudo o que agente precisa fazer é entrar na arena e esperar para ver se ganha um prêmio.

– Mila, você é uma ótima amazona – insistiu mamãe, me girando pelos ombros para olhar nos meus olhos. – E até parece que nunca competiu.

– Mas aquilo era matemática – protestei. – E eu sou boa em matemática.

– Você é boa saltadora também.

Pensei em Alexa e Lauren.

– Mas não sou a melhor.

– Então hoje é uma excelente oportunidade para testar seus limites, arriscar-se a um segundo ou até mesmo a um terceiro lugar.

Olhei para o outro lado do campo, onde Lauren estava a meio galope com sua égua, que ela havia batizado de Fera.
Rá-rá-rá.

– Correr riscos nem sempre é uma coisa boa – retruquei, olhando Lauren lutar para controlar o animal ainda meio selvagem.

Lauren era o única que conseguia encostar em Fera.
Ela insistia em dizer que ela era incompreendida, mas eu achava a égua simplesmente maligna.

– Aquilo é um pouco arriscado demais – admitiu mamãe, acompanhando meu olhar. Em seguida suspirou. – Espero que ela fique bem.

Pelo modo como ela disse, tive a estranha sensação de que mamãe não falava somente da competição de saltos.

– Ela também precisa colocar o número – acrescentou mamãe. E acenou para Lauren.

Ela ergueu a mão, cumprimentando-a, e veio trotando, saltando da sela e enrolando as rédeas numa estaca da cerca. Fera jamais seria o tipo de animal capaz de esperar sem estar amarrada.
Lauren fez uma pequena reverência.

– Dra. Cabello. Camila.

– Oi, Lauren– respondi, pouco à vontade.

Ela se virou e minha mãe prendeu o número, para minha surpresa, em seguida mamãe girou Lauren, como tinha feito comigo, e o abraçou, a surpresa se transformou em choque quando Lauren a abraçou de volta. Quando foi que esses duas se aproximaram? Em algum momento depois do Halloween, talvez. Lauren e eu estávamos nos evitando desde aquele encontro estranho no terraço.

– Boa sorte – disse mamãe, espanando uma sujeira imaginária no blazer impecável dela, de caimento perfeito. – E use o capacete – acrescentou. – É obrigatório.

– É, é, a segurança em primeiro lugar – disse Lauren, sarcástica. – Vou procurá- lo. – Ela virou para mim com o olhar neutro. – Boa sorte.

– Pra você também.

Lauren desamarrou a égua e a conduziu para longe.
Mamãe a observou com o rosto tenso.

Como Se Livrar De Uma Vampira ApaixonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora