Capítulo 52

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– Mila, o que aconteceu com você naquele apartamento? – perguntou Dinah, apertando meu braço e me puxando quando comecei a subir a escada em direção à sala de química. Seus olhos estavam arregalados, implorando que eu a tranquilizasse e dissesse que tudo estava bem. – Você pode me contar, sou sua melhor amiga.

– Não aconteceu nada – menti.
Eu queria contar tudo a Dinah, toda aquela história maluca, estava cansada demais de carregar sozinha um peso tão enorme mas não podia, ela jamais acreditaria. E, se acreditasse, o que pensaria de mim se eu dissesse que bebi sangue? Que queria beber mais sangue? Voltei a subir a escada. – A gente vai se atrasar para a aula.

Dinah manteve a mão no meu braço, ainda me puxando.

– Dane-se a aula, preciso saber o que está acontecendo com você, está correndo um papo por aí de que estava com sangue na boca, Mila, que estava saindo do apartamento de Lauren e estava coberta de sangue.

– Essa é a coisa mais idiota que já escutei.

Mentiras se empilhando em mentiras.

Dinah deixou a mão escorregar pelo meu braço, segurou minha mão e a apertou.

– É a Lauren, Mila? Ela está maltratando você? Pode me contar, a gente consegue ajuda!

Ah, meu Deus... é isso o que ela pensa...

– Não, DJ. Eu juro, se fosse, eu contaria, prometo que Lauren nunca encostou a mão em mim. – Não de um modo que eu não quisesse, que não desejasse... – Não é o que você está pensando.

Ela me encarou e me toquei de que havia falado demais.

– Mas é alguma coisa, Mila, acabou de admitir.

– Não é nada – insisti, tentando sorrir. – Você está se deixando levar.

Dinah soltou minha mão bruscamente, como se eu a tivesse traído, e tinha mesmo, havia mentido para minha melhor amiga e ela sabia disso.

– Não acredito em você, Mila. Como pode não confiar em mim? – desabafou ela, com a voz embargada. Dinah subiu a escada correndo, para longe.

Deixei-me desabar no meio da escada vazia, mais solitária do que nunca.

Tinha perdido Lauren, Austin e, agora, Dinah, até meus pais pareciam estranhos vivendo num mundo mais simples, que eu havia deixado para trás. Meu único amigo era um vampiro velho que adorava cappuccino.
E, para completar, eu estava ganhando inimigos.

– Ora, ora, ora, se não é a Pacotão.

A voz desprezível vinha de cima.

Olhei por cima do ombro e vi Keaton Stromberg e Ethan Strausser parados no patamar.

– Vão se catar – respondi.

Eles desceram a escada batendo os pés, me cercando.

– O que você está fazendo, aberração? – zombou Keaton, chutando minha canela.

Levantei-me, pronta, quase ansiosa para confrontá-los.

– O que vocês querem?

– Queremos saber que aberração está acontecendo naquela garagem da fazenda dos seus pais – disse Ethan.

Eu nunca havia notado como sua cabeça parecia literalmente dura sob o cabelo claro raspado.

– Vocês dois usam demais a palavra "aberração" – observei. – Deviam consultar um dicionário de sinônimos, tem um na biblioteca. Sabem onde fica a biblioteca, não sabem?

Como Se Livrar De Uma Vampira ApaixonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora