Capítulo 40

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– Camila, telefone para você – disse papai, enfiando a cabeça no meu quarto. – É o Austin.

– Eu nem ouvi tocar – admiti, sentando-me e pegando o aparelho sem fio da mão dele.

Estava deitada na cama, olhando para o teto, pensando em vampiros infiéis e no fato de que meu cérebro parecia estar se desintegrando e desejando que minha vida fosse simplesmente normal de novo.

– Oi, Aus – falei, com menos entusiasmo do que deveria ter.

– E aí?

Eu deveria terminar com o Austin.

Sabia disso e mesmo assim não tinha feito nada. Por quê? O que estou esperando?

– Oi, Mila. Eu só liguei... bom, estava pensando se ainda está tudo em cima para o baile formal de Natal, não tenho visto você na escola...

– É, acho que andei ocupada, a gente devia se encontrar e bater um papo, mas...

Lá fora ouvi um grito agudo, depois uma gargalhada.

Puxei a cortina de lado, Lauren e Alexa estavam no quintal, travando uma guerra de bolas de neve bem vigorosa.

Enquanto eu olhava, Lauren pegou Faith no colo e a jogou numa pilha deixada por nosso arado, esfregando gelo em seu gorro de lã cor-de-rosa.

– Lauren! – gritou ela, chutando-a. – Sua idiota!

É, Lauren... Você é, sim.

– Mila... você está aí?

– Ah, desculpa, Austin – Fechei a cortina. – Estou.

– Eu estava perguntando sobre o baile, porque preciso alugar um smoking...

Lá fora, mais gritinhos contentes.

Austin acrescentou, um tanto inseguro:

– Espero que ainda queira ir, Mila.

Que cara legal. Muito, muito legal...

Abaixo da minha janela, Alexa berrou:

– Não encosta a mão em mim!

Parecia que ela desejava exatamente o contrário.

Apertei o telefone, obrigando-me a prestar atenção em Austin.

Será que eu tinha mesmo certeza de que queria terminar com ele? Será que pararia de viver só porque tinha sido dispensada por uma estudante de intercâmbio metida que tentara me seduzir em seu quarto só para depois admitir que tinha sido um "erro"? Será que desperdiçaria todo o meu último ano escolar deitada na cama, preocupada em pensar se era uma vampira? Pelo amor de Deus!

Não, eu não faria isso.

– Claro que eu quero ir, Austin – respondi, forçando a voz a parecer muito mais animada do que me sentia. – Mal posso esperar.

O alívio inundou a voz dele.

– Beleza! Então vou pegar o smoking amanhã. Se você tem certeza...

Será que Alexa nunca vai parar de berrar no meu quintal?

– Claro que tenho, Austin – respondi, acrescentando logo antes de desligarmos: – Vai ser muito bom.

Estiquei-me na cama, puxando o travesseiro para cima do rosto e cobrindo os ouvidos para abafar toda a diversão que minha ex-noiva de pacto de sangue e Hall estavam tendo lá fora.

Enquanto ficava ali, odiando as duas, meus dentes começaram a doer.

A princípio era só uma dor pequena, chatinha, mas, a cada vez que o som da guerrinha de Alexa e Lauren chegava aos meus ouvidos, a dor ficava mais aguda, era quase como se meus dentes estivessem apertados demais dentro da boca, forçando-se contra as gengivas, e eu quis arrancá-los, desejava descobrir algum modo de libertá-los para se tornarem o que desejavam tão desesperadamente ser.

Como Se Livrar De Uma Vampira ApaixonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora