3. Chegada inesperada

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Depois de me despedir de Austin, chamei Ally para irmos embora. Afinal, tínhamos um trabalho de biologia para fazer ainda naquela tarde.

Ao entrarmos no táxi, passei a encarar Allyson. Eu via no fundo de seus olhos escuros e estreitos o quanto seu ego estava inflado por ter conseguido me juntar com Austin, mas ela não ousou dizer qualquer coisa. Apenas passou o endereço de minha casa ao motorista e depois se calou, encolhendo-se no banco.

– Você sabe que eu vou matar você ainda hoje, né? – ameacei, franzindo o cenho.

– É, Mila, eu sei – disse ela rapidamente, exibindo um sorriso desconcertado para mim. – Passei dos limites falando ao Austin onde estaríamos, mesmo sabendo que você não queria vê-lo.

– Você fez uma armadilha para mim, Ally – acusei-a, balançando minha cabeça da esquerda para a direita repetidamente, num gesto de desaprovação.

– Sinto muito por isso – desculpou-se ela verdadeiramente, olhando para o teto do carro. Eu sabia estava sendo maldosa, porque no final das contas Ally havia me dado a chance de recuperar meu relacionamento. E ela sabia, mas ainda assim não se manifestou. Como eu já dissera anteriormente, pressionar as pessoas era mais forte do que eu.

– Eu vou deixar essa passar, Ally, porque você tornou o meu dia melhor. Muito obrigada por isso – agradeci com grande honestidade, sorrindo para ela.

– Faço qualquer coisa para ver você feliz, sua boba – disse a quase texana, retribuindo meu sorriso.

Depois disso Allyson me bombardeou com perguntas sobre o que havia acontecido entre eu e Austin. A curiosidade dela estava implacável, então relatei o ocorrido em mínimos detalhes.

Quando percebemos, o táxi já estava estacionado em frente à entrada de minha casa, que ficava no bairro Morumbi. Paguei a corrida e então saí do carro, sendo acompanhada por Allyson. A parte boa era que não mais chovia, embora o tempo ainda estivesse ameaçador.

Pressionei o botão do interfone e logo Maria, uma das funcionárias da casa, me atendeu e abriu o portão para nós. Cumprimentamos ela rapidamente e entramos no quintal.

A casa em que eu morava era uma das maiores da região. Tinha dois andares, era completamente branca e possuía um designe moderno. O telhado era reto e toda a fachada do primeiro andar era tomada por uma vidraçaria incolor, tornando possível ver metade dos cômodos que ficavam lá dentro. Logo atrás da casa havia um amplo jardim, com uma piscina em "L" e área de lazer.

A única coisa incomum que havia por ali era o branco Mercedes de meu pai estacionado na garagem. Era muito raro ele aparecer em casa naquele horário do dia. Concluí que ele havia esquecido alguma coisa e só voltara ali para buscá-la.

Eu e Ally entramos na sala e a primeira coisa que encontramos foi meu pai sentado numa poltrona que ficava no canto do grande cômodo. De frente para ele, muito bem acomodada no sofá de couro bege de três lugares, havia uma garota desconhecida. Eles conversavam entre si num tom de voz muito baixo. Meu pai parecia estar incomodado. Algo em sua expressão me preocupou.

Ele parou de conversar com a estranha assim que me viu. Eu percebi o desconforto dele crescer a cada segundo. Ficou em silêncio por um longo momento, momento que utilizei para analisar melhor aquela garota.

A pele dela era muito, muito clara. Seu cabelo longo tinha raiz lisa e, sutilmente, ia assumindo uma forma ondulada em direção às pontas; a coloração era a de um castanho meio escuro. Ela era esbelta e aparentemente alta, talvez da minha altura.

E então Alejandro quebrou o silêncio, se pondo em pé.

– Que bom que você chegou em casa, Mila. Eu estava esperando por você – disse meu pai numa voz estranhamente instável. Ele deu uma olhada para a garota e ela também se levantou, voltando-se para mim.

Uma Estranha Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora