16. Feliz Ano Novo

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Poucos minutos depois a queima de fogos chegou ao seu fim. A noite teria ficado quase calada, se não fosse o barulho da música que vinha da piscina do hotel. Ao longe ainda era possível ouvir os carros de som, alguns gritos e assobios. Aquela noite seria, de longe, muito agitada. Fiquei muito eufórica, afinal, havia esperado o ano inteiro pela festa na piscina. Além do mais, queria muito me divertir ao lado de Lauren, embora não fosse possível tocá-la da forma que eu queria na frente de meu pai. Aquela parte teria que ser posta de lado.

Fui caminhando em direção ao hotel ao lado de Lauren. Uma de minhas mãos estava entre a dela e a outra se encontrava ocupada carregando o par de ankle boots que eu tirara de meus pés para andar na beira do mar. Caminhamos em silêncio – palavras se faziam dispensáveis diante de todos os nossos sentimentos –, atravessando a área externa, avistando Alejandro acenando para nós de longe, o hall de entrada e o elevador. Enfim chegamos à suíte. Lauren queria trocar de roupa para ficar mais confortável durante a festa, e eu decidi que o que eu vestia estava leve o suficiente.

Ela soltou minha mão quando eu abri a porta, passando reto por mim. Fechei a porta atrás de mim e a segui, chegando ao quarto poucos segundos depois. Sentei-me numa poltrona que se situava no canto do cômodo, cruzando as pernas. Esperar sentada era muito mais confortável e, se eu conhecia bem garotas – eu era uma –, sabia que aquela troca de roupa poderia ser muito mais demorada do que o imaginado.

Lauren foi até ao guarda-roupa, revirou suas coisas por um instante e enfim encontrou uma peça de roupa que a satisfizesse. Pegou-a e então entrou no banheiro, sorrindo para mim largamente antes de fechar a porta. Eu não consegui entender o porquê daquele sorriso, pois eu jamais a vira exibir um igual àquele.

Tamborilei meus dedos sobre o braço da poltrona suavemente, à espera dela. Algo se agitou dentro de mim, um pressentimento estranho. Eu não era uma pessoa de pressentimentos, aquilo não poderia ser bom. Respirei fundo e encarei a porta do banheiro, que um segundo depois se abriu lentamente. Lauren passou por ali, caminhando em minha direção. Tive que conter minha expressão de sobressalto, pois ela trajava apenas uma lingerie de renda negra, que era ousada e apelativa o suficiente para eu classificá-la como inadequada para ser usada por baixo de roupas casuais e leves.

– Esqueceu alguma coisa aqui no quarto? – indaguei quando ela parou no centro do cômodo. Eu queria encontrar uma forma de tornar aquela cena o mais comum possível, embora fosse bem difícil. O corpo exposto de Lauren me fazia arder por dentro.

– Esqueci – disse ela, séria. E depois prosseguiu, tornando sua voz mais arrastada: - Esqueci você.

– Eu? – tornei a perguntar, confusa diante daquela alegação.

Ela nada disse. Apenas voltou a rumar em minha direção, e pude jurar que seu caminhar estava muito mais lento, estranhamente provocativo conforme ela movia seu quadril. Eu fazia o que podia para manter meus olhos nos dela, pois a tentação de olhar para cada pedacinho daquela pele alva era imensa.

Quando parou em frente a mim, segurou as minhas mãos e me puxou para cima, então me pus em pé.

– Venha tomar banho comigo – propôs, sem esquivar seu olhar do meu. Eu não sabia onde enfiava a cara, pois fiquei extremamente acanhada diante daquele convite.

– Ahn... e a festa na piscina? – tentei lembrá-la daquele detalhe, embora não desse a mínima para a festa depois daquilo.

– Podemos fazer a nossa festa – afirmou por fim, exibindo um sutil sorriso para mim.

– Claro – concordei sorrindo de volta para ela, tentando fingir que eu não vira malícia naquele banho.

Ela voltou a segurar minha mão e foi me conduzindo em direção ao banheiro. Durante aquela caminha de poucos segundos senti meu coração praticamente explodir, de tão descompassadas que suas batidas se tornaram.

Uma Estranha Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora