Uma Estranha Em Minha Vida

10. Vestido

Eu, Alejandro e Lauren nos encontrávamos na mesa de jantar, almoçando. A comida estava maravilhosa, então tentei me concentrar nela e bloquear alguns pensamentos que insistiam em monopolizar a garota sentada em frente a mim.

– Mila, o baile de formatura será na semana seguinte, certo? – questionou meu pai assim que terminou a refeição.

– Sim, pai.

– Você ainda não tem um vestido, Lauren? – perguntou ele, despertando a garota de seus pensamentos.

– Não, ainda não tenho. Mas acho que não irei participar desse jantar dançante – disse ela.

– Nem pensar. Você vai, sim – concluiu Alejandro, sorrindo para ela. – Aliás, hoje estou de folga. Assim que você e Camila terminarem de comer, iremos a uma loja comprar um vestido para você.

– Nós três? – resolvi intervir, sem entender por que eu teria que participar daquilo.

– Sim, nós três – confirmou ele.

– Eu tenho coisas para fazer – comecei a arrumar alguma desculpa, pois sair junto com ele e Lauren era uma das últimas coisas que eu poderia desejar.

– O que você possivelmente teria para fazer? Já está aprovada na escola e é a última semana de aula – argumentou Alejandro, me deixando sem escapatória.

– Mas por que você quer que eu vá? – indaguei, completamente curiosa.

– Você vai ajudar a Lauren a escolher um vestido – explicou.

– Por que eu? – impliquei, fechando a cara. Pelo canto dos olhos pude perceber que Lauren sorria, aparentemente se divertindo com a situação.

– Eu tenho cara de quem entende de vestidos? – rebateu ele, sorrindo.

Resolvi não responder, porque o mau humor havia tomado conta de mim. Se eu fosse me manifestar novamente, provavelmente o desrespeitaria e magoaria Lauren. Já não havia mais espaço naquela casa para mais mágoas.

Terminamos de comer e logo fomos nos arrumar. Depois fomos à garagem e entramos no Mercedes de meu pai. Naquele dia optei por ir no banco da frente a fim de instruir a ele o caminho da loja em que compraríamos o vestido de Lauren – era a mesma loja onde eu havia comprado o meu, muitos meses atrás. Orientei Alejandro e cerca de trinta minutos depois chegamos ao estabelecimento, que ficava a poucas quadras da Avenida Paulista. Meu pai parou o carro no estacionamento particular da loja, a qual era especializada em vestidos de gala, e então saímos do veículo. Deixamos o estacionamento e fomos em direção à rua, chegando à calçada em menos de um minuto. Dali era possível ver toda a fachada da loja, que de longe poderia ser descrita como um estabelecimento refinado, imenso e, obviamente, caro.

Ao entrarmos na loja meus olhos se perderam em meio a tantos vestidos. Senti o impulso consumista ser injetado instantaneamente em minhas veias e, de repente, eu queria levar todas aquelas peças para a minha casa. Depois que consegui recuperar o fôlego, olhei para Lauren e fiquei surpresa por ela estar tão impassível diante daquela visão. Se eu tivesse trazido Allyson junto comigo, passaríamos horas apenas olhando vestido por vestido. Passamos dois meses inteiros procurando por nossos vestidos e a espera havia valido a pena. Mas como Lauren não dispunha de todo aquele tempo, a melhor opção era trazê-la de uma vez ao melhor lugar que eu e Ally havíamos visitado.

Uma funcionária veio nos recepcionar com um imenso sorriso em seus lábios. Ela estava muito bem maquiada e utilizava um terninho e calça social salmãos como uniforme padrão. Gabriela – como a atendente se chamava – foi logo nos mostrando as últimas novidades e eu podia, de longe, concluir que adoraria trocar o vestido que eu havia escolhido previamente por qualquer um daqueles. Lauren não demonstrou o mínimo interesse nas vestimentas muito ousadas ou carregadas de detalhes. Ela era uma garota de peculiar simplicidade, simplicidade refinada.