15. Fogos de Artifício

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Jantares em hotéis como aquele requeriam roupas formais, acessórios ostentosos e até mesmo penteados. Mas não era o que iria acontecer, por isso gostava tanto daquele resort. A festa de ano novo dele era muito despojada, permitindo que os hospedes vestissem roupas leves. Afinal, haveria o jantar, a queima de fogos e por fim a famigerada festa na piscina, que iria até ao amanhecer.

Olhei mais uma vez no espelho, só para me certificar de que eu estava totalmente pronta. Arrumei com as pontas dos dedos minha franja, que caía pela lateral de meu rosto. Naquela noite eu estava usando um short curto jeans, e este era sustentado por um cinto vermelho; blusa regata branca e neutra que ficava sob um colete completamente preto; ankle boots – sem salto – de couro negro; colar prateado com longas franjas vermelhas. Para completar, a maquiagem estava bem suave.

Passei perfume e me sentei na cama a fim de esperar Lauren sair do banho para enfim irmos ao jantar.

Lauren.

O nome dela girava em minha cabeça com a violência de um ciclone. Honestamente, eu me sentia perdida. Não sabia se deveria continuar com ela, da forma que eu tanto queria, ou se deveria terminar as coisas por ali, pois era a escolha mais sensata. Mas quando seguimos o que pode ser definido como razoável? Quase nunca. O coração sempre acaba nos impulsionando a fazer o que queremos, por mais que seja absurdamente errado. Teoricamente, eu considerava ser errado o que eu e Lauren estávamos fazendo, mas quando ficávamos juntas, toda aquela sensação desaparecia. Aliás, o mundo desaparecia. E ela me deixava em êxtase. Eu estava em êxtase, era difícil tentar resistir daquele ponto em diante.

Lauren saiu do banheiro completamente pronta. Vestia um justo e curto vestido tomara que caia de florais em tons de rosa, branco e roxo; calçava scarpin de salto alto amarelo; usava uma gargantilha prateada e discreta. Ela era a pessoa de estilo mais simples, porém que caía perfeitamente bem nela. Lauren estava estonteante. Ela era estonteante. Meus sentimentos por ela eram estonteantes.

Meu imenso sorriso se fez presente em um segundo. Como era possível não sorrir perto dela? Então parei de pensar, de especular, de concluir. Eu não deixaria nada arruinar a minha bolha de felicidade que havia surgido por causa de Lauren.

Pus-me em pé e caminhei em direção a ela, parando a poucos centímetros. Ela exibia um perfeito sorriso para mim, e pude ver minha felicidade refletida no fundo de seus olhos escuros. As pálpebras de Lauren cederam, ocultando as duas esferas de profundidade infinita. Ela colou sua testa na minha e respirou fundo, e eu senti algo se inquietar dentro de mim.

– Eu não me lembro da última vez que me senti tão feliz assim. Aliás... eu nunca me senti tão feliz assim em toda a minha vida – sussurrou ela, franzindo o cenho levemente.

– Eu também nunca me senti tão feliz antes – pronunciei bem devagar, num tom de voz um pouco mais alto que o dela.

Meus dedos percorriam vagarosamente a face de Lauren. Era quase inacreditável o quão bom era poder tocar aquele rosto liso e macio, rosto que eu tanto amava. Tudo, partindo de Lauren, era delicado, inclusive seus braços envolvendo a minha cintura. Selei os lábios dela com os meus de forma intensa e demorada, e então me afastei. Estava inacreditavelmente emocionada pelo simples fato de poder tocar sua pele, de ter enfim seus lábios para mim. Aquilo era fora de série.

– Precisamos ir. O jantar já vai começar – falei para ela, sem realmente querer sair dali. Afinal, a coisa mais importante da minha vida estava parada em frente a mim, respirando o mesmo ar que eu. Para que ir a um jantar?

– Eu não queria ir – disse minha irmã, retorcendo seus lábios. – Mas, sendo o caso, vamos.

– Bem, eu recomendo que você troque esse seu sapato – avisei-a, olhando para os pés dela.

Uma Estranha Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora