Uma Estranha Em Minha Vida

11. Baile de formatura I

Acordei me sentindo estranhamente cansada, embora tivesse dormido por mais de onze horas seguidas. Olhei para o relógio digital, que ficava sobre o criado mudo, e constatei que passava de uma hora da tarde. Sentei na cama, me espreguicei e fui para o banheiro. Tirei a roupa e entrei embaixo do chuveiro, sendo instantaneamente despertada de todo aquele suposto cansaço assim que a água morna molhou todo o meu corpo.

As lembranças simplesmente vieram a minha cabeça com força total. No dia anterior havia ocorrido minha colação de grau. Superficialmente falando, tudo correra bem, se não fosse pelo fato de que eu e Austin havíamos discutido. Obviamente eu estava incrivelmente distraída naquele dia, pensando em toda a minha confusão emocional causada pela chegada de Lauren, pensando no que ocorrera dentro da piscina e do provador, pensando em suas palavras, pensando no quanto tudo aquilo era absurdamente errado. Absurdamente errado.

Austin insistiu tanto para eu contar para ele, mas eu não era capaz. Se nem para Ally eu havia contado ainda, imagine para meu namorado. "Sabe o que é, amor? Estou gostando da minha irmã. Mas pode ficar tranquilo, o nosso namoro vai sobreviver a isso", escarneci em pensamentos. Mas não contar a ele qual era a situação era o de menos. Eu acabara descobrindo que eu não era mais capaz de permanecer muito tempo perto dele, e muito menos de beijá-lo por mais de dez segundos. Aquela parte deveria estar sendo a mais difícil para ele. Então eu apenas o ignorava, e ele ficava profundamente magoado com isso. Eu não sabia mais o que era preciso ser feito para consertar tudo aquilo, embora eu visse claramente que o fim de meu relacionamento com Austin era mais do que iminente.

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, entrando no closet logo em seguida. Vesti um vestido branco bem colado ao corpo, calcei um scarpin negro de salto alto e passei uma maquiagem bem leve. Afinal, eu tinha que ir ao salão de beleza dentro de uma hora, pois lá passaria o dia me arrumando para o baile de formatura. Penteei o cabelo, que ficou totalmente liso, e ajeitei a franja lateral com a ponta dos dedos, a jogando para o lado direito de meu rosto.

Desci para o primeiro andar e encontrei a sala de jantar vazia, porém a mesa ainda estava posta. Almocei rapidamente – macarrão com contrafilé – e fui escovar os dentes. Por fim me sentei na sala de televisão e fiquei a assistir.

Poucos minutos depois Lauren e Alejandro estavam ali para irmos ao salão de beleza. Argh, eu já deveria imaginar que ela também iria. Nos últimos tempos Alejandro nos obrigava a fazermos tudo juntas, como se fôssemos gêmeas siamesas. Aquilo estava começando a me irritar profundamente, pois quanto mais eu precisava ficar longe dela, mais certas situações insistiam em nos aproximar. Meu único conforto era que, após o ocorrido no provador, Lauren não insistia mais em confraternizar comigo. Mas, lá no fundo, não era aquilo que eu queria, porém as coisas simplesmente tinham que ser daquela forma.

O que me impressionava naquela história toda era o quão disponível Alejandro andava sendo para nós duas. Eu me perguntava se aquilo duraria muito mais tempo. De certa forma, eu sentia um certo ressentimento por aquilo. Quando éramos apenas nós dois, ele mal ficava em casa, e, de repente, chegou uma garota e tudo isso mudou. Eu sabia que aquele fato me deixava ligeiramente incomodada e até mesmo enciumada.

Alejandro nos levou ao salão de beleza – um daqueles lugares excessivamente caros, porém de qualidade inquestionável – e deixou-nos lá por cerca de quatro horas. Tudo havia ocorrido tranquilamente e eu e Lauren não havíamos trocado uma palavra sequer. Depois de fazermos o serviço completo, que envolvia maquiagem, cabelo, unhas e depilação, liguei para meu pai e ele foi nos buscar. Ficou nos elogiando por um bom tempo, o que fez eu sorrir que nem uma boba.

Devido ao horário de verão, o sol ainda se fazia intensamente presente quando chegamos em casa, mas faltavam poucos minutos para as dezenove horas.