Uma Estranha Em Minha Vida

14. Angra dos Reis

Depois de descobrir a verdade sobre Lauren dentro de nossa família minha maior preocupação era de não conseguir esconder saber a verdade de Alejandro, agir normalmente em sua frente, porém foi mais fácil do que o esperado. Depois de passar a noite em claro no meu quarto pensando em como deveria ter sido difícil todo meu surto com Lauren vindo morar conosco e como ele não queria passar por isso novamente, nada, nada mesmo justificava uma mentira, mas eu tinha que relevar em conta do quanto eu tinha sido uma péssima filha para meu pai. 

As pessoas já começavam a organizar e planejar o que fariam para comemorar uma das mais importantes festividades do ano – ano novo. Allyson havia viajado para o Texas com sua família, e eu insistira diversas vezes para Alejandro me deixar ir com ela, mas aquilo tinha sido perda de tempo. Afinal, ele já tinha feito planos. Meu pai, Lauren e eu iríamos para Angra dos Reis passar uma semana num resort, porque, claro, nós éramos uma linda família. E, sendo assim, toda linda família deveria estar reunida para comemorações como aquela.

Terminei de arrumar minhas coisas, coloquei meus óculos de sol sobre a cabeça e desci ao primeiro andar com minha mala. Chegando lá, encontrei Alejandro e minha irmã já preparados para a viagem. Levamos nossas coisas para a garagem e as guardamos no bagageiro do Range Rover de meu pai, uma vez que ele preferia viajar no conforto de um veículo maior do que seu sedan branco.

Ele estava muito eufórico, pois fazia mais de dois anos que ele não viajava. Estava sempre preso no hospital, principalmente porque o índice de acidentes da última semana do ano era sempre alto. Enfim, o trabalho por lá era interminável.

Sentei-me atrás, como já era de costume, e deixei os dois irem nos acentos da frente. Alejandro tentava de todas as formas puxar assunto comigo e com Lauren, mas nenhuma de nós se dispunha a cooperar. Afinal, desde nosso último incidente no baile de formatura, eu e Lauren andávamos mantendo uma distância segura uma da outra, embora estivesse claro o quanto queríamos ficar juntas. Eu já não conseguia nem queria negar aquilo, e era óbvio que ela também não.

– Vamos lá, meninas, qual o problema? Eu não entendo por que vocês duas não conversam mais – disse ele sem tirar os olhos da pista. Alejandro parecia frustrado, pois três horas de silêncio dentro da caminhonete havia sido tempo demais para ele.

– Não tem problema algum, pai – falou Lauren num tom de voz suave, quase convincente. Eu queria poder ter visto o rosto dela ao dizer aquilo, mas era impossível de onde eu estava sentada.

– Antigamente você costumava colaborar, Lauren, mas isso mudou – acusou ele, e pude ver pelo retrovisor seus olhos se estreitarem.

– Ela se cansou de mim, pai, não tem nenhum segredo – satirizei, tentando irritá-lo de uma forma que o faria recuar e desistir daquele assunto.

– Não posso culpar a Lauren por isso, Mila. Você é realmente incontornável – concluiu ele, se calando logo em seguida. Fiquei muito feliz por conseguir o que eu queria.

Ninguém voltou a se pronunciar pelas duas horas restantes de viagem. Eu me lembrava perfeitamente de que da última vez que eu havia ido a Angra a viagem durara menos tempo. Toda aquela demora se devia ao implacável trânsito, pois finais de ano eram sinônimo de estradas superlotadas. Quando meu pai parou o carro no estacionamento do hotel em que ficaríamos – um imenso resort beira mar –, saímos do veículo logo em seguida.

Eu já estivera ali antes, mas sempre ficava impressionada com aquele local. Era nada menos que imenso, exalava sofisticação e era recheado de alternativas para relaxamento. Não demorou muito para que um dos funcionários do hotel, trajando um uniforme completamente vermelho, viesse até nós, nos cumprimentasse, colocasse nossa bagagem num carrinho de mão e a levasse para o interior do estabelecimento. Seguimos ele e chegamos ao hall de entrada e meu pai tratou de fazer o check in com a recepcionista que se encontrava atrás de uma bancada de mogno.