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"Somos almas despidas.Para mal dos nossos pecados a ironia dos nossos caminhos ia fazer nos cruzar uma dezena de vezes ainda que nenhum dos dois o desejasse."

Ireland Vasconcelos

Abro os olhos e sinto-me observada, o que que aconteceu? Um rapaz alto com cabelos loiros e uns bonitos olhos verdes estende-me a mão para me ajudar a levantar.

-A Drª sente-se bem?

-Deve ter sido uma quebra de tenção. -A Isabel diz, quando olho para ela, percebo que ela sabe o motivo de eu ter desmaiado.

-Acho que devias descansar. Vou falar com o Raul para ele acertar tudo aqui e depois vamos para casa.

Vejo a Andreia ligar para cima e pedir o meu carro pronto.

-A Drª sente-se bem para conduzir? -Ela pergunta

-Sim claro. -Os meus olhos percorrem o espaço, e vejo que a única equipa aqui é a Security Gonçalves, eu mereço, a sério. Vejo-o ao pé de Raul, e vejo também a minha irmã regressar para a minha beira.

-Vamos. -Ela diz ao pegar em alguns papeis.

-Encontramos-nos em minha casa as 21h. -Eu digo para as meninas.

Odeio deixar a empresa a meio da tarde, mas está situação deixou-me desconfortável, principalmente saber que ele vai trabalhar no mesmo sitio que eu. Só espero que não seja ele o escolhido para meu motorista, eu não conseguia viver com isso.

-Land ?

-Sim?

-De todos os vestidos que eu já usei qual é o que me fica melhor ?

-Não sei, mas quando chegarmos a casa eu posso ajudar-te a escolher.

-Farias isso?

-Claro. -Na verdade só preciso de algo para me distrair.

-O que que aconteceu para desmaiares do nada ?

-Não foi do nada, a equipa de segurança que foi escolhida é do Afonso.

-Sim eu sei que o dono se chama Afonso eu li, espera o Afonso o teu Afonso? -Ela pergunta boquiaberta

-Sim, esse Afonso, mas ele não é meu. -Mas ele tem algo meu, o meu coração

Chegamos a casa, a minha irmã arrasta-me para o quarto dela, para a ajudar a escolher o vestido que vai usar. Experimenta uns 15 vestidos, mas não encontra nada que se aplique a ocasião. Até que eu me lembro de um vestido perfeito.

-Tenho o vestido perfeito. Anda comigo. -Digo

-Onde vamos? -ela diz enquanto veste o roupão.

Chego ao meu quarto, entro no closet, e numa das últimas gavetas tem uma caixa, é lá que ele está. Abro a caixa sobre o olhar atento da minha irmã.

-É lindo ! -Ela exclama

-Queres usa-lo logo?

-Sim, mas porque que ele está aqui fechado ? Não devia estar pendurado.

-Devia, mas este vestido só foi usado uma vez, foi no meu primeiro encontro com o Afonso, pode ser que te de sorte a ti e ao Eduardo. -Eu digo ainda com as mãos em cima do vestido branco.

-Obrigada ! Nem sei que te diga.

A minha irmã corre para o quarto dela, para o experimentar, e o vestido assenta-lhe como uma luva, parece ter sido feito para ela. Deixo-a sozinha e vou para o escritório. Tenho bastante trabalho a fazer.Ouço batidas na porta.

-Entre!

-Bom dia Drª Vasconcelos, eu sou o seu motorista. -Diz o mesmo moço loiro que me ajudou a levantar na cede das empresas Vasconcelos.

-É assim, eu normalmente peço aos meus funcionários mais próximos que me tratem por tu, ou por Ireland.

-Eu vou tentar Ireland, o meu nome é Alex.

-Prazer em conhecer-te Alex! -Eu digo levantado-me e apertando a mão dele.

-Ireland ! Eu não sabia que tavas acompanhada, desculpa. -a minha irmã entra no escritório.

-Já que estas aqui, vou apresentar-te, o meu motorista Alex. Alex está é a minha irmã Maria.

-Prazer menina Maria.

-Só Maria.

-Se me permitir Drª estarei na entrada do seu escritório, do lado de fora como é óbvio.

-Acredito que o Raul te informou do teu quarto aqui em casa certo?

-Sim, ele informou a equipa inteira, apesar de alguns não terem aceite. -Reza para que o Afonso não tenha aceite.

Neste momento a minha irmã saí deixando-nos sozinhos.

-Tu não te lembras mesmo de mim não é ? -Ele diz num tom muito casual

-Devia lembrar-me de ti? -Eu digo, sem estar a perceber onde está conversa nos vai levar.

-Eu era o melhor amigo do Afonso. -Eu achei a cara dele familiar, mas não tinha percebido de onde, agora faz sentido, todas as festas, todos os dias, todos os momentos, ele sabia de tudo. Naquele momento o telefone toca.

-Ireland Vasconcelos -digo num tom brusco de mais

-Bom dia Drª Vasconcelos, daqui fala o Fernando do setor de relações públicas.

-O que que aconteceu ?- Sinto os olhos do Alex ainda colados em mim

-Saíram três capas de revistas, com a drª e o drº António onde diz que ele a agrediu, que a drª o tinha deixado, que a drª está a contratar equipa de segurança porque está com medo do que ele possa tentar a seguir. Eu tomei a liberdade de pedir a um dos seus seguranças que levasse um exemplar para a drª.

-Obrigada. -sinto-me a ferver de raiva.

-Alex podes ir ver se alguém deixou algo para mim?


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