29.

327 18 0
                                    

"Eu disse que se ela morresse, eu morreria também e quando ela morreu uma parte de mim também se foi"

Afonso Gonçalves

Olho para a Ireland, ela sorri enquanto segura Lorena nos seus braços, e agora ela acabou de pousa-la e saiu em direção ao corredor.

-Land ! -A Alana chama-a, e eu caminho atrás dela no corredor, percebo que ela entrou na casa de banho.

-Land ? -Eu chamo

-Está tudo bem. -Ela diz ao sair da casa de banho. -Estou um pouco enjoada secalhar foi algo que comi ao pequeno almoço

-Se calhar. -Eu digo

Voltamos a sala e a campainha toca, a maria levanta-se para abri-la, é o Artur. O ambiente fica pesado, mas a Ireland não se deixa abalar, mantém a mesma postura de antes, o sorriso permanece-lhe no rosto, e sei que apesar de tudo ela sente-se feliz. Sentamos-nos nos sofás da sala, e percebo que o assunto agora é a Maria.

-Maria tens a certeza que queres ter está conversa agora ? -A ireland pergunta-lhe .

-Quero, eu não me sinto bem com o que a Eva fez, eu sou um elo a mais aqui.

-Maria eu quero que saibas que tu sempre frequentas-te a minha casa, que sempre nos demos bem, apesar de eu não ser o teu pai, e é por isso que eu preciso de falar contigo. Eu tive a falar com o Pierre e ele concorda em transferir a tua guarda para mim, para ficares comigo e com a Ireland. -O Artur diz e as lagrimas correm pelo rosto da Maria, sei que está emocionada, é igual a Ireland.

-É um gesto muito bonito.

-Obrigada, eu nem sei que dizer. -A Maria levanta-se e abraça-o, feitos para viverem juntos até ao fim.

10 ANOS ATRÁS- NARRADOR EXTERNO

Ireland caminha apressada para a aula de violoncelo, juntamente com Isabel que vai para a aula de violino. A aula corre na tranquilidade, Ireland sente-se nervosa, ela é presidente de uma lista e hoje é o ultimo dia de campanha. Ela veste uma camisola de propaganda, onde se pode ver desenhado uma Minnie, que apoia a Lista M. A aula termina e pelos corredores do colégio todos gritam pelos nomes das listas que apoiam, Ireland entrega pulseiras as pesoas que passam.

-Não sabia que te misturavas com as outras pessoas. -Aquela voz que ela adorou, fez-se ouvir bem atrás dela.

-Normalmente prefiro pessoas que estão em livros, mas as vezes é bom variar. -Ela diz ao virar-se para ele

-Se eu votar na M, o que eu ganho? -Ele pergunta, a música tocava alta a toda a volta, e as pessoas empurravam-se umas as outras.

-O que quiseres Afonso. -Ela diz séria.

Ele encosta-se a ela e beija-a, sem pensar nas consequências daquele ato, o beijo prolonga-se e ouvem-se palmas, ele pega nela ao colo e roda-a.

-Já ganhei - Ele sorri para ela.

-És um otário. - Ela diz e coloca as mãos na cintura, e os olhos dele caiem sobre a cintura dela, mas que cintura.

-O problema aqui do otário é que ele beija bem. - Ela sorri. -Vemo-nos a saída ?

-Talvez. -Ela sorri

Ele mantêve-se sempre por perto dela, fazendo-a sorrir, faze-la esquecer de tudo, roubando-lhe beijos. Aquele era o destino deles, apesar de serem apenas amigos, eles estavam presos para sempre, ele não conseguia viver sem o sorriso dela, e ela não conseguia viver sem o carinho e a proteção dele, e quando estavam nos braços do outro era como se o mundo não existisse, para eles aquilo era viver.

Sempre lhes disseram que não podiam amar alguém com a idade que eles tinham, mas o problema deles foi amar, antes mesmo de ser amor.

No final do dia, eles encontraram-se no portão e no meio do grupo de amigos combinavam uma festa em casa da Ireland para comemorar a vitória da lista dela, o Afonso sentiu que era a oportunidade dele de lhe contar que gostava de dela.

Ireland chegou a casa e preparou tudo, chamou o serviço de restauração e tudo mais. Sentia-se empolgada, foi escolher o vestido que usaria, e optou por um vestido branco, em renda um pouco rodado, e uns saltos pretos. A medida que as pessoas chegavam ela sentia-se nervosa, ela sabia que o Afonso também ia lá estar. Ele chegou de camisa azul escura e calças de ganga, aquele visual que lhe assentava como uma luva em qualquer altura. Ele chegou-se para a beira dela, ambos se sentiam completos. A meio da noite o Afonso pediu para discursar, ninguém imaginava o que vinha dali.

-Sabes quando te conheci as pessoas diziam-me para eu não me chegar a ti, que tu eras intocavel, e quando eu me aproximei de ti, foi como se a nossa volta se tivesse criado um iman, que sempre que eu me tentava separar de ti, algo unia-nos outra vez, então hoje eu decidi perante ti e todos os que estão aqui presentes pedir-te algo. Ireland queres namorar comigo ? - As lagrimas caiem pelos olhos dela, ela levantou-se, foi ter com ele, e beijou-o , todos bateram palmas.


Marcas do passado ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora