Marcas do passado ✔️

15.

Sinto as minhas pernas tremerem e perco  o foco de tudo, céus, não podia. Encosto-me à cadeira atrás de mim e sinto os olhos do Afonso em mim.

-Land ? -Ouço alguém chamar o meu nome, mas parecem distantes. -Land ? Está tudo bem ? 

-Sim. -Eu digo ao tentar voltar a mim.

-Que vamo fazer hoje madrinha ? 

-A madrinha vai trabalhar de manhã aqui em casa, mas vocês podem ficar a curtir a piscina. -Eu digo ao levantar-me da mesa, pois perdi a fome. - Qualquer coisa peçam aos meninos que andam espalhados por aí e se precisarem estou no meu escritório. 

Sento-me na minha cadeira e penso na possibilidade até que batem a porta

-Entre. -Eu digo

-Land. -Felizmente é a minha irmã

-Sim ?

-O Pedro quer falar comigo, achas que devo falar com ele ? 

-Ele é o pai dos meus sobrinhos, não perdes nada em falar com ele.

-Vou sair então para falar com ele. -A minha irmã vem até mim e da-me um beijo e um grande abraço, parece que ela está a despedir-se para ir para a  guerra. 

Ela sai e logo a seguir o Afonso entra. Era só o que me faltava. 

-Sim? -Eu digo para ele

-Não me podes afastar neste momento !

-Afonso nós estivemos juntos antes de ontem é praticamente impossível eu estar grávida. 

-Mas foi estranho ok? -Ele diz e vejo preocupação no olhar dele

-Então a Áurea matou-te ontem? -Eu digo num tom de brincadeira. 

-Não, mas o meu advogado vai contacta-la hoje por isso ainda vais ver na televisão "Segurança da multimilionária Ireland Vasconcelos decapitado " ou então "Proprietário da Security Gonçalves morto pela companheira". -Era impossível ouvir aquilo e não rir.

-Então Sr. Decapitado será que me poderia deixar trabalhar em paz ? -Ele depositou-me um beijo no topo da cabeça e saiu. Não sei por quanto tempo fiquei a trabalhar, mas sou despertada pelo meu telefone

-Ireland Vasconcelos. 

-Land é o Alex corre para o hospital central tipo agora. -Ele diz com a voz desesperada

-O que que aconteceu?

-A malu teve um acidente , ela está em risco de vida. -O meu pequeno mundo desabou, quando eu penso que as coisas estão a ficar melhores uma tragédia acontece.

Desligo o telemóvel, pego na minha mala. Encontro a Alana e a Lorena na sala

-Vou sair a Malu teve um acidente liguem-me se precisarem. -Digo a limpar as lagrimas

-Vou com você Land. - O Henrique que estava de pé na entrada da sala manifesta-se

-Drª eu posso ficar com a menina. -ele diz 

-Trata bem da minha menina grandão. -A Alana ameaça-o

Quando saiu para fora sou surpreendida pelo Afonso no volante do meu carro, mas não quero saber entro para dentro junto da Alana e pelo caminho ligo para a minha mãe, visto que ela precisa saber. Chegamos ao hospital em poucos minutos, o Afonso conduziu feito maluco. 

-A minha irmã acaba de dar entrada aqui, quero que me digam o que se passa ? -Eu digo para a pobre secretária 

-a menina Maria encontra-se na sala de operações. -Sigo no corredor até que avisto o Alex 

-o que que aconteceu Alex? -Eu digo com as lágrimas a rolarem pela minha face

-Ela entrou no carro que a esperava a porta de casa e eu fui atrás no carro da empresa a fazer a segurança até que num cruzamento um camião não parou no stop e bateu do lado do condutor. 

-Pedro céus! -O miúdo podia ser horrível, mas não merecia que nada lhe acontece-se

-Ele faleceu no local. -O Alex diz e vejo o quão abatido está 

Sentamos-nos na sala de espera, eu, a Alana, o Afonso e o Alex, logo depois chegou a minha mãe que chorava rios. Não sei quantas horas já se tinham passado desde que chegamos, mas eu recusava-me a sair para qualquer lugar sem respostas. Até que veio o Drº Pinto

-Parentes de Maria Pierre ? 

-Somos nós. -Gritamos em conjunto

-Tenho boas e más noticias , as boas a Maria encontra-se estável, está apenas sedada pelos medicamentos, a má é que os gémeos não resistiram, ainda tentamos tudo, mas não conseguimos. 

Conseguia ouvir as lágrimas a minha volta e eu só queria um colo naquele momento abracei-me a Alana, ela correspondeu, fiquei assim durante horas até que a Alana diz que a Lorena precisa de alguém com ela e vai embora, o Alex leva-a ,fico desamparada. O Afonso agarra-me e abraça-me, ele faz carinhos nos meus cabelos. 

-Quem quer entrar para ver a menina Maria primeiro ? -Pergunta uma enfermeira

-Eu. -A minha mãe entra. Fico eu e o Afonso ali. Vejo o Eduardo entrar desenfreado pelo hospital dentro 

-Como é que ela está ? -Ele pergunta, deixo o Afonso falar, pois ainda não me encontro capacitada. 

Minutos depois a minha mãe sai e eu entro

-Malu ? 

-Land os meus pequeninhos. -Abraço a minha irmã, ninguém aos 14 merece passar por uma dor destas

-Malu as coisas acontecem com um propósito minha querida, talvez ainda não estivesses preparada para ser mãe.

Conversamos durante mais um pouco e depois digo-lhe que tem outra pessoa para a ver, deixo o Edu entrar e venho para fora, desabo em lágrimas e só me lembro do grito do Afonso.