Cap 13

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— Você vai ser a minha mamãe? — a garotinha perguntou ao tentar passar os braços ao redor do pescoço de Normani

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Segurando os pobres bracinhos enfaixados, a doutora Normani Kordai voltou a colocá-los debaixo das cobertas e disse: — Você tem um papai muito bonzinho para tomar conta de você. Você não ama o papai?

— Sim... — a menina de seis anos de idade franziu o cenho. — Mas eu gostaria de ter uma mamãe também.

Mani sorriu, afagou o cabelo da menina — o que se salvara depois do incêndio — e se levantou da cama.

— Volto amanhã para ver como você está, que tal?

A boca cheia de cicatrizes se ergueu em um sorriso.

— Joinha — disse a menina.

De volta ao balcão de enfermagem, Mani fez algumas anotações no prontuário da menina. Ao seu lado, folheando os cartões de cuidados da enfermagem, estava a enfermeira-chefe.

— Como ela está, doutora?

— Os enxertos de pele estão pegando bem. Acredito que ela possa ir para a enfermaria na semana que vem.

— Espero que sim. Precisamos do leito.

A doutora Kordei parecia deslocada na Unidade Infantil de Queimados do Hospital Santa Catarina. Mesmo tendo pegado emprestado um jaleco branco para colocar sobre o vestido de gala enquanto fazia a ronda, o cabelo estava preso em um penteado elegante e decorado com flores, os brincos capturavam as luzes antissépticas e o estetoscópio partilhava o pescoço com um colar de brilhantes. Linda estava a caminho de uma festa em Bervely Hills com Simon Cowell, o produtor de TV, mas tinha passado no hospital para dar uma última olhada em suas crianças antes de fechar a noite.

— O doutor Cane receberá as minhas chamadas — informou à enfermeira. — Porém duvido que apareça alguma coisa.

A enfermeira deu um sorriso de quem já conhecia aquela história.

— Nada acontece quando você entrega o bipe para outra pessoa. Mas assim que o recupera, bang. Vou lhe dizer uma coisa, doutora, já fui chamada em algumas circunstâncias bem interessantes...

Pensando no Scorpion e na interrupção do seu encontro com o ladrão, Mani riu e disse:

— Um dia desses vamos ter de comparar as nossas histórias!

Concluído o trabalho no hospital, ela devolveu o jaleco para a prateleira de visitantes, dobrou o estetoscópio dentro da bolsa de festa, e tomou o elevador para descer até o saguão de entrada, onde Simon Cowell aguardava impacientemente.

Era um homem bonito, Normani considerou. Em seus quarenta e poucos anos e parecendo em forma em seu smoking, Simon Cowell também era inteligente e generoso, e tinha o dom do bom humor. Mani sabia que poderia se atrair por ele se abaixasse a guarda. Mas ela tinha de se segurar, temendo que um possível relacionamento sexual com Simon acabasse em desapontamento.

— Hospitais! — disse ele ao passarem pela porta de entrada para saírem na noite. — Odeio hospitais!

Ela riu.

— Você diz isso? O criador e produtor do mais popular programa hospitalar da televisão?

— O que posso dizer? Sou masoquista.

Normani se acomodou no banco de passageiros da limusine enquanto o motorista segurava a porta aberta, e quando Simon se acomodou ao seu lado, e se serviu de um drinque do barzinho, ela não conseguiu deixa de olhar para o quarto andar do prédio — Unidade Infantil de Queimados.

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