Selena não conseguia se conter, tamanha a excitação que por nadar nua na piscina de Luna Maaujre.
Já tinha feito isso sete vezes desde aquela primeira vez audaciosa em janeiro, e hoje não seria diferente, apesar do dia cinzento de março. Contudo, foi frustrada bem quando começava a descer o zíper do jeans. Estava parada, descalça e sem camisa, com as mãos no zíper, já se excitando com o mergulho para a sua empregadora voyer, quando, de repente, alguém apareceu na passagem que levava à piscina.
Era um jovem de sunga e com uma toalha sobre o braço que a chamou:
— Oi, tudo bem? Posso dar um mergulho rápido antes de você tratar a piscina?
Confusa — ela nunca havia encontrado alguém na propriedade de Luna Maaujre — Selena rapidamente recuou e disse:
— Ah, claro. Fique à vontade.
O jovem, que devia ter pouco mais de vinte anos, disse:
— Obrigado.
Jogou a toalha de lado e mergulhou. Ele deu algumas voltas e só depois emergiu do lado em que Selena estava e se suspendeu para fora da piscina.
— Ufa! Isso foi bom! Eu precisava tirar as teias de aranha de ontem à noite!
Selena observou o desconhecido se enxugar e se questionou quanto à sua tranquilidade em nadar na piscina da senhorita Luna. Quem diabos seria aquele?
— Sabe — disse o rapaz enxugando os cabelos. - Você me parece familiar. Será que já a vi antes?
Selena pegou a rede da piscina e a guiou pela superfície da água.
— Não sei. É possível.
— Já sei. Foi na Peppys?
— Peppys? Aquela boate agitada na Robertson? — Selena riu. — Você jamais me veria lá. Não creio que meu namorado aprovasse.
— Será que foi pelo campus da UCLA? Você estuda lá?
— Não. Fui para a Cal State Northridge. Sou graduada em artes cênicas.
— Ah, você é atriz. Do que já participou? Talvez eu a conheça de alguma peça;
— Bem, já representei alguns papeis. Estive em um episódio de All My Children há alguns meses.
— Puxa, verdade?
Selena o viu fazendo uns exercícios de alongamento, o jovem decididamente não parecia estar com pressa e se sentia em casa ali.
— Então — começou Selena devagar. — Você é amigo da senhorita Maaujre ou algo assim?
— Pode-se dizer que sim.
— Ela é uma boa patroa?
— Não saberia lhe dizer — ele tocou as pontas dos dedos dos pés e se alongou. — Não trabalho para ela. Por quê?
— Só estava me perguntando, sabe... Talvez ela tenha contatos no cinema. Eu bem que poderia me servir de alguma ajuda, se é que me entende.
O desconhecido apanhou a toalha, enrolou-a no pescoço e parou para dar uma bela olhada em Selena.
— É. Entendo o que quer dizer.
Seus olhos se encontraram por um instante, em seguida a moça disse abruptamente:
— Bem, está na hora! Obrigado por segurar as pontas para que eu pudesse nadar. Espero não tê-la atrasado — e desapareceu pelo caminho de volta.
Selena o viu se afastar. Será que o jovem estava dando em cima dela?
Isso fez Selena estremecer. Aquele era o problema daquela cidade. Ainda mais na indústria cinematográfica.
Resolvendo que seria arriscado demais abaixar as calças àquela altura, ainda mais com aquele jovem à espreita, Selena, com certa relutância, deixou de lado as intenções sexuais, continuou com as calças e começou a limpar a piscina de Luna Maaujre.
Os passos de Joe podiam ser ouvidos no piso de mármore enquanto ele se aproximava do solário. Quando ele apareceu à porta, bem vestido em Port Authority e Stubbies, o cabelo seco e um sorriso radiante, ele disse:
— Bom dia, senhoras — e entrou na selva de samambaias e trepadeiras.
Luna e Maggie Kern saboreavam um brunch leve de torradas e ovos pochê, acompanhados de chá enquanto repassavam a agenda do dia. A primária de New Hampshire estava se aproximando e Luna investiu um bom montante de dinheiro em determinados bolsos políticos para garantir a vitória de Zayn.
Maggie olhou para Joe enquanto ele se sentava e se servia de um copo de suco de laranja.
— E então? — perguntou. — O que descobriu?
Ele se recostou, era um jovem confiante de sua bela aparência e personalidade, e lançou-lhe o melhor dos seus sorrisos.
— Ela é no minimo bi, não é casada, mas tem um namorado. Digamos que tem certa educação, é graduada em artes cênicas. É articulada, não fala como um macaco. Parece saudável. Seus dentes são bonitos, devem ter resina de verniz. E está faminta. Muito faminta... Se é que me entendem...
Maggie olhou para Luna, que deu um leve aceno.
— E agora — disse Joe, inclinando-se para a frente. — Importam-se em me dizer por que queriam essas informações?
— Bem — disse Maggie, fazendo cena para colocar adoçante no chá e mexer. — Temos de ter cuidado com quem passa por esses portões.
— Por que não pediram para os seguranças verificarem, como sempre fazem?
— Existem certas coisas que um investigador particular não consegue descobrir, Joe. Obrigada por conseguir as informações para nós.
— Claro — ele disse com um dar de ombros e se levantou. Mas acho que ela pensou que eu estava dando em cima dela.
— Joe!
Ele riu.
— Desculpe, mãe — ele disse, inclinando-se e beijando Maggie na testa. — Tia L, sempre que precisar de mim, estou a postos. Até mais!
Maggie riu e balançou a cabeça.
— Ah, esses jovens de hoje...
— É — Luna concordou com uma voz distante, pensando em Selena, a moça da piscina. — Esses jovens...

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Scorpion
Literatura FemininaUm rosto. Um nome. Um caminho. E apenas uma pergunta: O passado só nos deixa quando nós o deixamos?