— Código trauma máximo! Código trauma máximo! — dizia a voz pelo sistema de alto-falantes. Normani Kordai, prestes a entrar no chuveiro, ergueu a cabeça e olhou para o alto-falante na parede.
— Doutora Kordai , emergência! — disse a voz. — Doutora Kordai , emergência!
Ela pegou o interfone, ligou para o pronto-socorro e disse:
— Estou a caminho.
Depois de rapidamente voltar a vestir a roupa verde cirúrgica, Normani saiu correndo da sala dos plantonistas, onde ela tinha esperanças de tomar uma chuveirada e comer alguma coisa, e acelerou pelo corredor. Nem se preocupou em chamar o elevador, mas voou escadaria abaixo até a entrada de serviço do pronto-socorro.
Ela encontrou o caos. Enfermeiros e técnicos de enfermagem se apressando por todos os lados, quartos e maças sendo aprontados, três residentes em jalecos brancos vieram voando, além de um cirurgião em roupa de ginástica. Normani foi direto para a sala de rádio do departamento de emergência. Pelo fone, ouviu a sirene de uma ambulância e a voz de um paramédico gritando:
— Temos quatro pacientes! Múltiplos ferimentos de arma branca!
— Ah, meu Deus — disse ela. — Uma briga entre gangues! Aqui quem fala é a doutora Normani. Pode fazer a triagem? — ela pegou o microfone e teve de gritar para ser ouvida.
— Três estão estabilizados, doutora. Mas a quarta vítima recebeu uma punhaladas no peito esquerdo. O sangue está esguichando, a pulsação está fraca, pupilas dilatadas, olhos revirados para trás... — Desobstrua as vias aéreas! Aplique pressão!
Normani olhou para a enfermeira que vinha monitorando a chamada. Seus olhos se encontraram por um instante, depois a enfermeira disse ao microfone:
— Tempo estimado de chegada?
— Sete minutos.
— Droga — sussurrou Normani. — Consegue colocar um ?
— Negativo, doutora. As veias entraram em colapso e a jugular está vazia e... Ah, merda!
— O que foi?
— Sem pulso!
Normani e a enfermeira fitaram o rádio enquanto ouviam o berro da sirene da ambulância e a troca rápida entre os paramédicos.
— Começando ! — um deles finalmente exclamou.
Normani se afastou do rádio e literalmente bateu a cabeça na da enfermeira.
— Prepare tudo para uma toracotomia — disse Normani. — Vou abrir o peito dele. Seis minutos mais tarde, ela ouviu o som da sirene do lado de fora e ouviu a voz pelo microfone: — Estamos na porta!
Uma equipe se apressou para fora e começou a receber as maças das ambulâncias ao mesmo tempo em que três policiais chegaram gritando. Normani vestia luvas esterilizadas quando ouviu as passadas apressadas pelo corredor e a enfermeira-chefe dizendo:
— Ferimento no peito por aqui.
A enfermeira-assistente de Normani preparou uma sala na emergência para que fizessem a: uma mesa estéril fora colocada com lâminas para abrir o peito, afastadores, longos instrumentos e pilhas de esponjas. A equipe não teve tempo de fazer uma esterilização completa: estavam com as roupas que usavam quando foram chamados; somente as luvas eram estéreis. O jovem inconsciente foi rapidamente levado para a mesa de operações; o anestesista imediatamente passou a monitorar as suas vias respiratórias.
Enquanto dois residentes pálidos se puseram a cortar as veias dos pulsos e dos tornozelos do rapaz, um técnico estava a postos para inserir os acessos intravenosos, com sacos de soro e bolsas de sangue. Normani se moveu logo atrás da enfermeira que despejou uma garrafa de líquido antisséptico no peito; ela fez uma incisão do osso das costelas, descendo pela lateral até as costas. Assim que as costelas foram afastadas, o sangue começou a jorrar para fora.
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Scorpion
ChickLitUm rosto. Um nome. Um caminho. E apenas uma pergunta: O passado só nos deixa quando nós o deixamos?