Quase descubro quem sou.

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Meu nome é Sofia,tenho 15 anos e moro com meu pai, que por sinal não é nada normal...Não que eu seja diferente, mas em comparação a ele, sou a pessoa mais sã que poderiam conhecer. Nasci em Paris - Toulouse, mas me mudei recentemente para Long Island, um lugarzinho que acabei gostando no decorrer das semanas, e que acabou me deixando com sérias suspeitas sobre minha sanidade.
Primeiro aconteceu várias coisas estranhas, como quando eu desembarquei do avião e jurei que vi um homem de um olho só, ou quando estava indo para escola e vi uma ave ( ou pelo menos achava que fosse uma) voando por onde eu passava. A sensação era que eu estava sendo seguida, não por pessoas mais por algo do qual não fazia a mínima ideia do que era.E foi aí que o medo tomou conta de mim.
Pensei em contar para meu pai, só que ele vivia ocupado com seus projetos de arquitetura, e de qualquer forma, eu duvidava que fosse acreditar em mim por achar que fosse algum efeito colateral dos remédios que eu tomava  para TDHA e dislexia, uns probleminhas que sempre estivaram em minha vida desde que eu me entendia por gente.Também seria uma boa se mamãe estivesse aqui, mesmo que eu não lembrasse como ela era,  coisa que meu pai não ajudava muito, pois sempre que perguntava ele respondia -"Sua mãe nós abandonou Sofia, não a nada que possamos fazer".Eu sabia que havia alguma coisa de errado nisso, simplesmente era a minha intuição que me fazia acreditar que não era verdade.
No dia seguinte acordei mais cedo do que pretendia, umas 5:12 da manhã.Meus olhos ainda estavam lutando para ficarem abertos, então não levantei, apenas fiquei sentada vendo o tempo passar, o que foi um erro pois quando me dei conta já era 7:30. Levantei rapidamente e fui tomar banho,um banho rápido demais até para mim mesma, me vestindo logo em seguida com um jeans, blusa simples preta com algumas bolinhas brancas, e um moletom cinza.Quando olhei no espelho me decepcionei.Eu era baixinha,de pele morena, corpo esbelto, cabelos negros um pouco abaixo dos ombros, tinha olhos grandes e castanhos claros. Eu não me achava bonita, apesar das " pessoas " me elogiarem de vez em quando."Nada de espetacular",pensei.
Depois que terminei de me arrumar, (uma das coisas mais rápidas que faço), peguei uma maçã e passei correndo pelo papai que ainda estava de pijamas, me despedindo apenas com um aceno de cabeça antes de ir para escola, pensando em como eu era irresponsável e que o papai tinha toda razão por me acordar horas antes do horário normal para ir estudar.
Chegando na escola,corri pelos corredores e achei minha sala na qual teria aula de história.Como quase sempre chego atrasada, o professor apenas me olhou e pediu para que me sentasse.Eu o obedeci e pedi desculpas pelo atraso."Nada de anormal", pensei novamente.
A manhã passou mais rápido do que esperava,tudo estava excepcionalmente normal.A campainha da saída tocou e eu segui para fora da sala.Distraída, eu tropeçava entre um pé e outro, passando pelo grande saguão, para depois sair da escola. Mais rápido do que eu podia reagir, uma pessoa segurou em meu ombro, me fazendo parar bruscamente e quando me virei (para meu alívio)era apenas Izabel, minha amiga, na verdade a única em toda a escola que tinha vontade de falar. Ela era mais alta que eu, o que era fácil, loira com olhos negros e magra, ela era simplesmente bonita.Eu olhei para ela, abri um sorriso meio torto, e disse :
-Olá!
Ela não exitou e respondeu alegremente:
- Oi! Que saudades!
-Também estou com saudades. (apesar de só termos ficado o fim de semana sem nos falarmos).

Izabel deu uma batidinha no meu ombro e comentou:

- Você está estranha. 

E continuou me olhando como eu se tivesse um sério problema. Acontece que não havia falado para ela sobre as coisas estranhas que estavam acontecendo comigo, tudo por ter medo que ela se assustasse e acabasse se afastando de mim,mesmo sabendo que ela não faria isso e que eu poderia confiar nela. Ainda criando coragem, eu gaguejei na tentativa de revelar a ela meus segredos, mas logo depois, consegui soltar palavras limpas e diretas.

-Preciso te contar uma coisa.
Ela me olhou meio desconfiada e falou:
-Tudo bem, mas não aqui.
Então fomos andando, já estava longe da escola e do meu caminho de casa quando ela parou e se sentou em um banquinho.Eu a segui e fiz o mesmo.Como ficamos em silencio, decidi ser a primeira a falar:
-Izabel, o que vou te falar pode fazer você pensar que estou pirada, ou com falta de massa cefálica, ou...
Ela continuou olhando para mim e quem estava ficando com medo era eu,então continuei :
-Eu ando vendo coisas estranhas, coisas não humanas.
Ela me olhou e por incrível que pareça ,sorriu,me deixando ainda mais assustada e curiosa pelo seu silêncio.
- O que foi? Você está me assustando! - Minha voz saiu um pouco zangada demais, o que acabou fazendo ela despertar. Ela me olhou e respondeu ainda meio sorrindo:
- Eu compreendo. Não foi só com você, há dias, desde quando cheguei aqui, vem acontecendo coisas assim. Foi por isso que fiquei sumida o dia todo.
Eu olhei pra ela muita aliviada e sorri, mas depois meio preocupada perguntei :
-O que foi que aconteceu?
-Um homem...um homem com um olho só ,que parecia mais uma bola, estava me seguindo a caminho da escola.Eu comecei a andar em zigue-zague pelas ruas tentando despista-lo, só que ele conseguiu me encurralar, e depois tentou...Eu sabia que ele queria me matar.
Suas palavras foram cortantes. Qual era o interesse dessas coisas não "humanas" em meninas de 15 anos do ensino médio? Eu controlei meu pânico e falei :
-E como conseguiu escapar?
Ela estava ficando mais a vontade , mesmo assim  respondeu de cabeça baixa :
- Eu o acertei com um cano de metal muito forte,o que o deixou cabale ando e eu...eu corri o mais rápido possível e me perdir. Você sabe que não conheço muito bem esse lugar... Depois consegui ajuda e voltei para a escola.
Eu sorri, aquela não era uma conversa nem um pouco normal.Eu falei ainda sorrindo :
-Você...o acertou com um cano de metal?
-Sim. - Disse Izabel gargalhando  baixinho ao lembrar do episodio.
-Você não sabe o tamanho da minha felicidade por saber que não estou louca! Sabe alguma coisa a nosso respeito? Você deve saber mais que eu.- Fiz uma cara de quem estava magoada. Não gostava nenhum pouquinho que soubessem mais que eu, isso me estressava muito.Ela respirou e disse :
-Acho que não somos simples humanas Sofia, há muito mais coisas que não sabemos a nosso respeito.
-Como assim? - Eu perguntei confusa. Ela abaixou a cabeça percebendo meu estresse.
-Eu não tenho certeza.Por qual outro motivo essas coisas estranhas estariam nos perseguindo?
-Eu não sei.
Então ficamos ali, eu e Izabel, sem ter a miníma noção do que estava realmente acontecendo conosco, mas ainda sim, querendo encontrar respostas para nosso problemas, mesmo tendo sentimento assustador de medo e perigo nos rondando.






(Victória representa Sofia)

Cria de Atena - ( Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora